TARCÍSIO MEIRA

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Minha primeira lembrança de Tarcísio Meira é de quando ele interpretou Juan Gallardo na novela Sangue e Areia, lançada na véspera do meu nono aniversário. Eu era muito criança para entender a trama, mas jamais esqueci aquele homem tão bonito vestido de toureiro. Depois disso, lembro-me dele em Irmãos Coragem. Eu estava com 11 anos e meio e acompanhei, encantada, o drama do garimpeiro João Coragem.

E foi com apreensão que li a notícia de sua internação por COVID-19. Enquanto Glória Menezes tinha sintomas leves, ele havia sido entubado e seu estado inspirava cuidados. Assim como foi com enorme tristeza que recebi a notícia de sua morte, uma tristeza tão grande que passei vários dias me sentindo esquisita, com um peso no peito, uma sensação de vazio, um não sei quê que me dominou. Foi quando me veio a ideia de escrever este texto, mas precisei dar um tempo para isso, porque a emoção me impedia.

Tive a oportunidade de estar com Tarcísio pessoalmente no começo da década de 80. Eu trabalhava na presidência da Caixa e ele lá esteve para uma reunião. Quando o vi diante de mim, fiquei tão sem ação que nem consegui lhe dizer como era sua fã. Fiquei calada, olhando pra ele, mal podendo acreditar que era ele mesmo.

Porque Tarcísio Meira foi muito mais do que um ator que nos acostumamos a ver na televisão e no cinema. Ele marcou uma época e ajudou a encher a cabeça e o coração das mocinhas com um ideal de homem – lindo, corajoso, justo, indomável, apaixonante, apaixonado. Não havia uma única adolescente minha contemporânea que não tivesse sonhado, uma vez só que fosse, ser a Glória Menezes. Ele não era apenas um homem, mas vários e todos maravilhosos.

Eu poderia dizer que os personagens que ele interpretava foram muletas emocionais para mim, mas prefiro falar que foram dádivas. E tenho a certeza de que foram o mesmo para muitas garotas. A hora da novela era uma pausa na vida conturbada das adolescentes de uma época em que a maioria ainda era muito vigiada, reprimida, no que dizia respeito ao amor, como as mocinhas que tantas vezes ele salvou nas telas. Aqueles momentos eram para tirarmos os pés do chão e sonhar um dia encontrar nosso próprio Tarcísio Meira.

Terminado o capítulo, era hora de começarmos a nos preparar pra dormir, pra continuar sonhando, só que de olhos fechados. Os desentendimentos com pais, irmãos, professores, que haviam rolado durante o dia ficavam para trás, porque Tarcísio Meira – o que ele havia feito, o que ele havia dito, as lutas por ele travadas, os beijos literalmente por ele desferidos naquela noite – estava ocupando todos os nossos espaços. E a maioria das pessoas não tem noção do que isso significa, do bem que isso faz.

Quando conheci aquele que seria meu primeiro namorado, parei de suspirar por Tarcísio, mas continuei acompanhando seu trabalho ao longo dos anos. E sempre que eu o via, na televisão ou no cinema, lembrava do que ele havia significado para a pré-adolescente pressionada e insegura que eu havia sido, o que imediatamente aquecia o meu coração.

Assim, quero aqui deixar registrados os meus mais sinceros agradecimentos a Tarcísio Meira e a todos aqueles homens que ele foi e que fizeram parte da minha vida. Devo muito a eles. Vão com Deus e muito obrigada pela força! Vocês certamente me ajudaram a me transformar na mulher que sou.

E, como eu acredito que somos espíritos imortais, que nos libertamos quando o corpo não mais nos serve, deixo a Glória Menezes meus também mais sinceros sentimentos, com a certeza de que ela com ele poderá se encontrar em sonho, até que estejam de novo juntos na nossa pátria espiritual. Um beijo grande para você, minha querida!

Você pode comentar este texto aqui mesmo no blog, logo depois dos anúncios. Ou então mande seu comentário para mim por WhatsApp, no (61) 991889002 e eu publico. Valeu!

MARACI SANT'ANA

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