CONECTAR-SE A UM PROPÓSITO – Necessidade humana e responsabilidade com a sociedade

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O texto a seguir, originalmente escrito por Mário Sant’Ana para o NSC Total, https://www.nsctotal.com.br/noticias/mario-santana-conectar-se-a-um-proposito-e-uma-necessidade-humana, vem ao encontro do que eu conversava recentemente com meu amigo José Netto sobre a diferença entre viver e existir. Porque muitas pessoas não vivem, apenas existem. Nesses tempos da COVID 19, em que estamos sempre recebendo a notícia da morte de alguém, eu e ele temos parado para analisar e concluir: “Que pena! Coitado!” ou “Que pena! Mas esse viveu!”. Acho que a diferença está em ter ou não um propósito de vida – e aqui não estou falando necessariamente em ter uma profissão ou uma forma de ganhar dinheiro. Muitos nasceram em berço de ouro, têm tudo e mais alguma coisa, mas não têm um propósito de vida. Para esses, quando morrem, vai um “Que pena! Coitado!”. Todos precisamos de um propósito. E ajudar alguém, qualquer um que seja, a descobrir e a se conectar com seu propósito salva vidas e muda o mundo. Que fazer isso por alguém também seja o propósito de todos nós.

Conectar-se a um propósito

Necessidade humana e responsabilidade com a sociedade

Mário Sant’Ana (26/07/2021)

Escrever aqui é uma grande honra. Dividir com os leitores deste portal minhas reflexões, opiniões e aprendizados é uma responsabilidade importante e espero corresponder à confiança que a NSC deposita em mim.

A conversa com Lucas Paraizo, Coordenador Regional de Jornalismo na NSC Comunicação, sobre como será minha participação aqui aconteceu durantes minhas férias em família. No dia seguinte, tive uma experiência marcante. É a partir dela que escrevo o primeiro texto desta coluna.

No Centro Histórico de Paraty-RJ, comprei alguns chaveiros artesanais que Thiago Freitas vende para ajudar no sustento do Centro de Recuperação Getsêmani, onde mora há quatro meses. Antes de se mudar para lá, estava em “situação de rua”, expressão usada para designar a condição da população  que utiliza áreas públicas e degradadas como espaço de moradia e de sustento.

Aos 29 anos, Thiago luta diariamente para que, no futuro, as filhas de nove e cinco anos “se orgulhem do pai”. Para isso, entende que deve recuperar a capacidade de cumprir suas responsabilidades de chefe de família, em uma casa digna e longe das drogas, pelas quais, há alguns anos, trocou seu patrimônio, seu meio de sustento e a própria família.

Ao chegar ao hotel, liguei para o Centro Pop de Joinville, unidade da Secretaria de Assistência Social que, explica o site da Prefeitura, busca oportunizar às pessoas  em situação de rua “a construção de novos projetos de vida”. Perguntei a Márli Quandt, agente administrativa que me atendeu, como fazem isso. “Cada ser humano é um ser humano” —foi a resposta. Ela não foi vaga. Falou com a propriedade de quem conhece bem uma problemática para a qual não existe solução tamanho único.

Alguns cliques me levaram à página da Casa de Passagem Vó Joaquina, uma organização  de Joinville que, há muitos anos, acolhe pessoas em estado de rua e lhes oferece caminhos para uma vida melhor. Liguei para lá. Fui atendido por Kobarodê Junior, Chefe do Monitoramento da instituição. Explicou-me o abnegado trabalho que realizam. Sua fala praticamente foi um eco do que dissera Márli: “Não dá para pensar em termos de população, pois cada um tem sua história. Nem todos foram parar nas ruas por causa de drogas e álcool. Muitos só passaram a consumir essas substâncias depois de se encontrarem em situação de rua.”

Kobarodê contou que ofereceu ao Baiano, um lavador de carros que “não fuma nem bebe” o dinheiro para voltar para sua família. O homem que é atendido na Casa da Vó Joaquina recusou a doação, pois faz questão de trabalhar para ganhar o dinheiro.

“É preciso conhecer as pessoas. É posssível encontrar em situação de rua gente qualificada, engenheiros, professores, advogados, etc.” — garante Kabarodê.

Anne Caroline Barbosa (@annecatadora ) é uma confirmação disso. Formada em Design Gráfico, acabou nas ruas e viciada em drogas, mas deu a volta por cima. A exemplo do que fez o vendedor de chaveiros, ela e o marido, Lucas, deixaram o vício por amor à filha, Mellissa.

Ao Poder Público cabe identificar e promover as mudanças nas estruturas que respondem pela natureza crônica dos problemas socioeconômicos, como os personificados naqueles que estão em situação de rua.

Organizações como Centro de Recuperação Getsêmani, a Casa de Passagem Vó Joaquina e o Pimp my Carroça (movimento que busca impactar positivamente  no reconhecimento e remuneração justa dos catadores e catadoras de materiais recicláveis) têm grande utilidade para as pessoas que buscam construir histórias de superação e um futuro promissor. Ajudam a conectar de forma produtiva necessidades a recursos e geram uma energia engajadora na sociedade.

É necessário, contudo, que os que querem contribuir para a redução das mazelas da sociedade combinem seus esforços para, principalmente, despertar e alimentar naqueles que querem ajuda o senso de responsabilidade que hoje alavanca as conquistas de Thiago, Baiano, Anne, Lucas e muitos outros.

É preciso tornar a recuperação possível e incentivar a mudança. Contudo, não se deve tentar fazer o que as pessoas precisam fazer por elas mesmas. O aprendizado deste processo é insubstituível para a conexão de cada um com um propósito pessoal.

Propósito não é um acessório disponível somente para alguns, mas uma necessidade de todos os indivíduos. Viver à altura de seu propósito é uma responsabilidade de cada um com a sociedade hoje e com as próximas gerações.”

Você pode comentar este texto aqui mesmo no blog, logo depois dos anúncios. Ou então mande seu comentário para mim por WhatsApp, no (61) 991889002 e eu publico. Valeu!

MARACI SANT'ANA

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