SOLIDÃO, ALMA GÊMEA E DECISÕES

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Quando publiquei ANA HICKMANN E O IMPACTO DA ANCESTRALIDADE (série – texto 1), recebi a seguinte mensagem de um leitor de Natal, Rio Grande do Norte:

“Sou solteiro e heterossexual. Mas não sou casado nem tenho namorada. Por óbvio, tenho meus problemas sentimentais que você já deve estar acostumada a analisar. Então, passando por umas dificuldades econômicas e financeiras, a primeira “certeza” que eu tive foi de que os meus problemas econômicos se deviam ao fato de eu não ter ninguém decidindo comigo (eu sozinho decidindo e fazendo tudo). Aquela ideia de que “duas cabeças juntas trabalham melhor que uma”. Qual não foi minha surpresa com esta situação da apresentadora que citei acima: todos os problemas econômicos e financeiros deles foram causados pelos dois juntos (o casal errou com duas “cabeças trabalhando juntas”). Então, diante dessa constatação, segue minha sugestão de tema: Tomar decisões sozinho, isolado, sem parceira para analisar junto. Quer dizer: quando a solidão não é motivo pra se errar.”

Ao ler essa sugestão de tema, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a fala de Aristófanes em O Banquete, de Platão, que aqui resumo: No início dos tempos, os seres humanos eram perfeitos e de grande força e vigor. Mas, um belo dia, escalaram o céu para investir contra os deuses. Em vez de exterminá-los, Zeus decidiu enfraquecê-los cortando-os ao meio. Assim eles passaram a ansiar e buscar por sua metade. E, no ardor de se fundirem novamente, enlaçavam-se e morriam de inércia por nada quererem fazer longe um do outro. Desde então, cada um de nós procura por seu complementar que, por amor, curará nossas feridas ao restaurar nossa antiga natureza.

Talvez venha daí e de outras narrativas similares a ideia de alma gêmea. Como disse Tom Jobim em Wave, “Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho”. Embora eu entenda que o maestro não se referia ao amor romântico, mas ao amor universal, é uma delícia quando podemos curtir uma relação com alguém que nos faz mais feliz, com quem podemos sonhar junto e trocar ideias, sobretudo quando precisamos tomar importantes decisões. Só que a Vida nem sempre acontece como queremos, mas como precisa acontecer. A Vida tem vida própria.

E de nada adianta vivermos “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Mesmo porque, muitas das vezes, a “metade da nossa laranja”, a “tampa da nossa panela”, por mais amor que nos tenha, não pode nos auxiliar como necessitamos. É nessas horas de incertezas, em que não estamos conseguindo elucidar as nossas dúvidas e acalmar o nosso coração, que devemos lançar mão de pessoas e instrumentos que podem nos ajudar no percurso, como um parente, um orientador religioso, um professor, um psicoterapeuta, um coach, um consultor, um amigo.

É preciso que olhemos o problema com distanciamento emocional suficiente para que enxerguemos, em primeiro lugar, as nossas incertezas, as ambiguidades. Só depois disso conseguiremos encontrar soluções e decidir da melhor forma. No caso do leitor, é possível que um curso de finanças pessoais o ajude, assim como um psicoterapeuta o faça entender que o ser humano não é uma criatura pela metade, mas completa; que o problema não está na falta da alma gêmea, mas em ainda não termos consciência da nossa completude.

As respostas aos nossos questionamentos já estão em nós. O nosso desafio, então, é acessá-las. E talvez esse seja o maior de todos, aquele que nos movimenta, que nos mantém vivos pela Eternidade, seguindo em frente, caindo, levantando, aprendendo que cada um de nós é um ser único, inteiro, completo, e que as criaturas que nos acompanham nessa jornada são maravilhosamente perfectíveis como nós.

O mito da alma gêmea, como todos os mitos, serve para reflexão. Uma delas pode ser a de que, para encontrarmos a metade que conosco venha a formar um ser perfeito, precisamos, antes de qualquer coisa, nos tornarmos perfeitos. E o resto? “O resto é mar, é tudo que não sei contar”.

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MARACI SANT'ANA

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