ANA HICKMANN, ROBERTO CARLOS E A FOLHA CAÍDA NA CORRENTEZA (série – texto 2)

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No último dia 15, publiquei o primeiro texto de uma série sobre violência doméstica que iniciei para atender a leitores espantados com o que aconteceu entre Ana Hickmann e Alexandre Correa, que se separaram após uma violenta briga. E antes que me atirem pedras, reforço o esclarecimento de que não estou nem afirmando nem tentando esclarecer se o narrado pela modelo é ou não verdade. Isso é assunto para a Justiça. Mas, no relato dela durante entrevista ao Domingo Espetacular, identificamos padrões e tiramos importantes lições que poderão ajudar a salvar vidas.

No primeiro texto, falei sobre o impacto da ancestralidade em nós. Quem quiser ler, poderá acessá-lo clicando em ANA HICKMANN E O IMPACTO DA ANCESTRALIDADE (série – texto 1). O de hoje é o segundo da sequência. Ele trata da “virada de chave” a que a modelo se referiu na entrevista quando falou sobre o pai e sobre o agora ex-marido que, do nada, teriam se transformado em outras pessoas, o que me fez lembrar a música “Você em minha vida”, gravada por Roberto Carlos em 1976. Não acredito que nela o Rei estivesse se referindo a uma relação tóxica, mas a algo que começou e terminou deixando saudade. Só que relacionamentos abusivos também podem acontecer assim:

“Você foi a melhor coisa que eu tive
Mas o pior também em minha vida
Você foi o amanhecer cheio de luz e de calor
Em compensação o anoitecer, a tempestade e a dor
Você foi o meu sorriso de chegada
E a minha lágrima de adeus.

Aquele grande amor que nós tivemos
E todas as loucuras que fizemos
Foi o sonho mais bonito que um dia alguém sonhou
E a realidade triste quando tudo se acabou
Você foi o meu sorriso de chegada
Tudo e nada e adeus”

Quando ouvimos falar em “virada de chave” nos vem a sensação de algo que acontece de repente, sem nenhum preparo, sem aviso prévio. Uma “virada de chave” é um gesto simples que pode mudar totalmente uma situação. E isso pode acontecer quando nos atiramos em um relacionamento sem conhecer nem o mínimo necessário para iniciar uma aproximação com alguém. Como eu disse no primeiro texto, quando a paixão entra pela porta, a nossa capacidade de raciocinar se atira pela janela sem observar a altura da queda.

Não existe isso. Ninguém muda de repente. Essa pessoa que parece ter surgido como se o corpo do amor da nossa vida houvesse sido possuído por extraterrestres ou espíritos malignos, que nos estarrece com atitudes abusivas, sempre esteve ali e nos deu todas as pistas de quem ela era de verdade. Eram sobre ela aqueles pensamentos de desconforto, de desconfiança que vinham a nossa mente e tratávamos de espantar. Era sobre ela que alguns amigos e parentes, de quem nos afastamos indignados por considerar que eles apenas tinham inveja da nossa felicidade, falavam quando diziam que havia algo estranho, algo que não “batia” na nossa relação amorosa.

Essa pessoa é a mesma que se aproximou de nós de forma encantadora, que se mostrou apaixonada, gentil, protetora, disposta a tudo para viver aquele amor imenso, que, de tão maravilhosa, parecia ter sido enviada pelo próprio Deus, mas que agora nos causa perplexidade, encaixando-se perfeitamente em outro trecho da música do Roberto.

“Você me mostrou o amanhecer de um lindo dia
Me fez feliz, me fez viver
Num mundo cheio de amor e de alegria
E me deixou no anoitecer

E agora todas as coisas do passado
Não passam de recordações presentes
De momentos que por muito tempo ainda vão estar
Na alegria ou na tristeza
Toda vez que eu me lembrar
Que você foi o meu sorriso de chegada
E a minha lágrima de adeus”

A música fala de lágrima de adeus, de tristeza, de saudade. Mas a lágrima também pode ser de frustração, de mágoa, de rancor, de raiva do outro e de nós mesmos. Só que o choro, por mais que esteja expressando uma dor pungente, lancinante, angustiante, não é o pior que pode nos acontecer, porque só chora quem saiu vivo de um relacionamento assim. Muita gente nem teve tempo de chorar, morreu ainda em estado de choque, assassinada ou destroçada por uma doença inexplicável.

Somos responsáveis por tudo o que nos acontece, de bom e de ruim. Muito sofrimento e muitas mortes poderiam ter sido e poderão ser evitados se formos mais cuidadosos, se não nos deixarmos levar pela fantasia que traz o desespero para encontrar um grande amor, se procurarmos conhecer bem com quem estamos nos envolvendo, não nos limitando a receber como verdade o que nos é contado pela pessoa por quem estamos apaixonados, por mais encantadora que ela seja.

Aliás, quanto mais encantadora, mais perfeita ela se mostre, mais perigosa ela pode ser. Andando em terra alheia, a gente precisa pisar devagar, com os sentidos bem aguçados, ouvindo a voz do nosso coração, do nosso Eu Superior. Sei que isso é uma tarefa muito difícil para quem está apaixonado, mas ela é absolutamente imprescindível. Faça isso antes de se deixar levar pela correnteza como uma folha caída.

Eu tenho escrito muito sobre esse assunto e AQUI deixo o link para este Blog, onde todos os textos estão à disposição para pesquisa, leitura, comentários. Busque por palavras como “abusivo”, “tóxico”, “amoroso”.

Gostou da mensagem que este texto traz? Então compartilhe-o para ajudar a salvar vidas! Você pode comentá-lo logo depois dos anúncios, mesmo que não seja assinante do jornal. Ou pode mandar um comentário para mim por WhatsApp no (61)991889002, para que eu o publique. Você também pode sugerir um tema para o Blog. Aguardo seu contato. Valeu! Instagram: #maracisantanapsicologa.

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MARACI SANT'ANA

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