O PING PONG DOS RELACIONAMENTOS (consulta de leitora)

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“Bom dia! No momento estou vivendo um relacionamento com um homem que é egoista principalmente no sexo. Já tentei conversar várias vezes, porque eu sou carinhosa, companheira e parceira de todas as horas. Mais vejo que ele não tem interesse em mudar, pois já falei várias vezes e nada. Estou triste porque é meu segundo casamento que não dá certo. E mais é mulherengo.”

Prezada leitora,

o que você está relatando é uma situação lamentavelmente comum. Como você não disse nada nesse sentido, imagino que não tenham procurado uma terapia de casal, o que seria muito interessante. É frequente os casais não se entenderem. No início, tudo é uma maravilha, mas, de repente, mal conseguem conversar. E muitos se beneficiam da ajuda de um profissional, alguém que identifica o que atrapalha o diálogo e auxilia nesse primeiro passo, que deverá ser seguido de outros, para que a harmonia seja encontrada ou restabelecida.

Converse com seu marido sobre procurar um terapeuta. Se ele não se dispuser, vá sozinha e conte sua história, para que o profissional a oriente, inclusive acerca da forma como você poderá abordar o assunto e levá-lo a entender a importância de participar desse processo. Agora, se já procurou ajuda para o casal e não obteve sucesso, não se desespere, encontre terapia para você.

Sei que, neste momento, pode estar passando pela sua cabeça que você não precisa de terapia porque é “carinhosa, companheira e parceira de todas as horas”, que quem precisa é ele, por ser “egoísta”, “mulherengo”, porque “não tem interesse em mudar”. Só que é assim que funciona – quem deve buscar ajuda é quem está sofrendo e sente que as coisas precisam tomar um rumo diferente.

Vocês são um casal e o que cada um é, como lida com essas questões, tem impacto sobre o outro. Gosto da ideia de que estar em um relacionamento é como jogar várias partidas de Ping Pong – um faz Ping e o outro faz Pong. Por pior que seja o Ping que um faça, se o outro faz Pong, mantém o jogo. Aí vem outro Ping e outro Pong, e outro Ping e outro Pong, e outro Ping e outro Pong

Hoje ele faz o que quer, faz Ping. Você sofre, reclama, briga, ameça, mas continua com ele, faz Pong. Ele procura se satisfazer na cama sem se importar com você, faz Ping. Você continua indo pra cama com ele, sonhando que ele pode mudar do nada, faz Pong. Ele se envolve com outras mulheres, desrespeitando o pacto de fidelidade de vocês, faz Ping. E você continua relevando e aceitando ele de volta, faz Pong.

Isso pode durar uma vida inteira. E só há um jeito de você colocar um fim nas partidas que não quer mais jogar – parando de fazer Pong. Ninguém joga Ping Pong sozinho. Não adianta fazer Ping se não há quem faça Pong. O que estou lhe dizendo é que você pode acabar com esses jogos e com qualquer outro que queira. Está nas suas mãos continuar ou parar.

Quais são as alternativas aos Pongs que você vem fazendo? Essa resposta está no fundo do seu coração. E a terapia pode ajudar nesse processo de trazer à tona o que você já sabe, por meio da reflexão, de aprender a ouvir sua voz interior.

Se colocar um ponto final nesses jogos desagradáveis, provocará uma mudança no seu marido, que precisará ser uma pessoa diferente, caso queira jogar com a pessoa diferente em que você se transformar.

Se ele não se adaptar, pode pedir a separação ou se revoltar e criar situações ainda mais difíceis, o que exigirá que você seja forte para romper com ele e seguir em frente. Assustador? É verdade. Mas eu garanto que uma vida inteira jogando o que não se quer e perdendo sempre é muito, muito pior.

Entenda que você não deve buscar ajuda para mudar seu marido. Ninguém muda ninguém. Se iniciar uma terapia de casal, será para entender o que está acontecendo com vocês, com o casamento. Se começar uma individual, será para entender o que vem ocorrendo com você. Qualquer mudança no seu marido, para o bem ou para o mal, está fora do seu controle e não é sua responsabilidade.

Quanto a estar triste por ser seu segundo casamento a não dar certo, quero lhe dizer que pode acontecer de tudo mudar para melhor e vocês restabelecerem a relação em outras bases. Isso não é impossível.

E, se a solução for o rompimento, em terapia você estará amparada o bastante para superar a dor, sem atribuir à separação um peso maior do que ela realmente tem, não importando se é a primeira, a segunda, a terceira, a décima! A bola está com você, garota!

Aproveito para recomendar a leitura de três textos que certamente a ajudarão: O GÊNIO E A DOR, TAMBÉM ESPIRITUAIS e TAMBÉM MATERIAIS.

*Os temas das consultas, assim como minhas observações, poderão ser comentados pelos leitores, que deverão ter em mente que as pessoas não estarão em discussão e que críticas a quem encaminha consulta são inaceitáveis. O Blog é para discutirmos ideias, não pessoas, sempre de forma absolutamente respeitosa.

MARACI SANT'ANA

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