Nossa! As coisas andam bem difíceis, principalmente com tantas notícias de violência praticada por crianças e adolescentes. Porque, quando nasce um filho, nenhuma mãe, nenhum pai, pode imaginar que aquela pequena criatura aninhada em seus braços será capaz de fazer mal a alguém um dia. Mas, infelizmente, os casos que têm surgido vão do bullying à chacina, passando por lutas corporais e ataques na internet que podem destruir vidas.
O que será que está acontecendo com nossas crianças? Será que estamos sendo permissivos, mimando-as ao exagero? Será que elas estão expostas demais à violência nos jogos, filmes, TV? Será que estão lançando mão do terror para ganhar destaque na mídia, para obter fama? Será que estão fazendo uso de drogas que podem desencadear surtos psicóticos? Será que estão sendo usadas por malfeitores? Há tantas situações que podem levar um jovem a cometer um desatino que cada caso precisa ser analisado por um especialista.
E o que podemos fazer? Precisamos estar bem atentos a crianças ou adolescentes que não respeitam ninguém; que fazem o que querem sem se importarem com as consequências; que não têm empatia com adultos, outras crianças, animais ou plantas; que mentem para conseguir o que querem e não demonstram arrependimento; que não têm amigos ou que têm amigos estranhos; que volta e meia dizem coisas que indicam desprezo pelas pessoas, misoginia, racismo, homofobia, admiração por criminosos etc. E, em qualquer uma dessas situações, devemos procurar ajuda, tendo em mente que castigos e violência só vão complicar tudo ainda mais. É preciso agir com a cabeça, com amor e firmeza ao mesmo tempo.
Sei que é muito difícil encarar que as coisas não saíram como havíamos sonhado para um filho. Dói, dói muito! Mas é preciso deixarmos a negação, a teimosia, o orgulho e a vaidade de lado e agir antes que o pior aconteça. É hora de você acionar o seu radar, observar, ouvir o seu coração e procurar um especialista em crianças e adolescentes, médico ou psicólogo. Não caia na tentação de acreditar que isso é da idade e que vai passar. Nesses casos, o tempo está contra nós. Não fuja à sua responsabilidade! Faça a sua parte!
E hora de procurar ajuda para você também. Em primeiro lugar, porque pais que vivem uma situação assim podem se sentir tristes, desolados, desamparados, culpados, cansados, ansiosos, deprimidos. E você só poderá ajudar efetivamente seu filho se estiver bem. Além disso, muitos cometem erros graves na educação dos filhos sem nem perceber, acreditando mesmo que estão fazendo o melhor. Se eles conseguem enxergar onde estão falhando, podem se corrigir e mudar a situação, dando início a uma nova fase no relacionamento com o filho, na vida de todos.
E exercite sua religiosidade. Procure uma congregação, um orientador espiritual em quem confie, frequente uma casa de oração, seja ela qual for, e ore pedindo a ajuda do poder superior em que acredita. A fé nos ampara, fortalece e é capaz de remover montanhas.
E aqui deixo um trecho do poema “Vossos filhos não são vossos filhos”, do libanês Khalil Gibran, que diz:
“Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força. Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria. Pois assim como ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável”.
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