Na última quinta-feira, estive no My Cat Space – Café e Gatos, na Comercial da 111 Norte, para o aniversário de Lucile, uma jovem empresária que, com sua sócia Márcia, criou um espaço onde se pode saborear boa comida e curtir gatinhos e gatões resgatados que lá estão para serem mimados e adotados. A ocasião era feliz e para relaxamento, mas a psicóloga que me habita logo identificou protetoras sofridas, estressadas, desanimadas.
Há algum tempo venho observando, nesse meio de protetores de animais, o que eu chamaria de Depressão por Compaixão, que pode conviver com a Fadiga por Compaixão e o Transtorno de Acumulação de Animais. Felizmente não identifiquei nenhum acumulador, mas lá estavam pessoas que salvam tantas vidas, que socorrem criaturas tão indefesas e em situação tão crítica que terminam elas mesmas precisando de ajuda. E quem não precisa, não é mesmo?
Não é nada fácil militar nessa área. Não dá para entrar e sair impune, principalmente porque, diferentemente de médicos, enfermeiros, veterinários e bombeiros, por exemplo, essas pessoas não são formadas para socorrer, envolvem-se em resgates muitas vezes perigosos, têm que tirar do próprio bolso e passar o chapéu para conseguir os recursos necessários a salvar vidas, e ainda são muitas vezes hostilizadas por quem desconhece tudo o que está envolvido nessa missão, que não entende que os animais não merecem menos cuidado e atenção que os humanos, que eles não são inferiores!
Os sintomas são bem parecidos com os da Depressão que todos conhecem – tristeza, desesperança, desânimo, cansaço físico e mental, transtornos do apetite e do sono, sentimento de ser um fracasso, de estar no limite das forças. A diferença é que existe uma causa justa e nobre por trás de tudo e muito sofrimento envolvido. E os pedidos de socorro não dão trégua, vêm por telefone, pela internet, de amigos e conhecidos e estão no olhar de animais deixados à própria sorte, ignorados, muitas vezes devastados por doenças, pelo descaso, por maus-tratos de pessoas ignorantes ou psicopatas.
Essa Depressão vai corroendo gente de quem esses animais dependem, que, como todo mundo, tem família, trabalha, estuda. Gente que, como todo mundo, tem alegrias e tristezas, problemas de toda ordem, dificuldades, muitas responsabilidades com casa, companheiro ou companheira, filhos, pais, avós. Gente que, como todo mundo, passa por períodos bons e por períodos difíceis, mas que vai além, em defesa e em socorro dos nossos irmãos menores, os chamados irracionais.
Não se iluda! Trata-se de uma doença progressiva e perigosa. E, depois que ela se instala, mesmo quando estamos vivendo uma fase feliz, um resgate que deu certo, uma adoção amorosa, e temos a sensação de que ela foi embora, ela lá está, pronta para dar o bote. E não é preciso nada muito relevante para que ela dê as caras, trazendo, além dos sintomas já mencionados, irritabilidade, mudanças drásticas de humor, pensamentos pessimistas, que viram a vida da gente de cabeça pra baixo e abrem as portas da nossa mente, do nosso corpo, para várias outras doenças tão ou mais graves.
Então, se você é um protetor ou protetora e está lendo este texto, saiba que tem minha admiração, minha gratidão, minhas orações. Mas saiba também que, pra ajudar quem quer que seja, precisamos estar bem. Porque ninguém dá o que não tem. Assim, cuide da sua vida familiar e social, faça uma atividade física regular, alimente-se bem, procure dormir de forma a descansar e lembre-se de que lazer não é algo supérfluo, é muito importante. Mas, se sentir que a barra está começando a pesar, não hesite e busque ajuda profissional. Quanto mais cedo, melhor. Não espere que tudo esteja perdido!
Quando alguém precisa atravessar um deserto e tem outras criaturas sob sua responsabilidade, a tendência é que essa pessoa, na hora de beber água, dê de beber primeiro aos outros e fique com o que sobrar, se sobrar. Mas isso é um erro. Por mais incrível que possa parecer, o responsável pela travessia deve ser o primeiro a beber, porque, se ele faltar, as chances de os outros sobreviverem serão bem reduzidas ou zero. É como nas viagens de avião, quando a comissária explica que, em caso de despressurização, devemos colocar as máscaras que caem primeiramente em nós e só depois nas crianças. O que seria de uma criança com o pai ou a mãe desmaiada por falta de oxigênio, que não tivesse lhe colocado a máscara?
Cuide-se e aja também com inteligência – coração quente, mas cabeça fria! Quanto mais fortalecido ou fortalecida você estiver, mais poderá ajudar, porque o que dá o tom das nossas aflições exteriores são as nossas aflições interiores. E procure parceiros para pressionar os governantes a assumirem as suas partes, a fazerem cumprir as leis de proteção que já existem, inclusive punindo quem maltrata animais.
O trabalho de formiguinha tem sido determinante, mas também precisamos nos unir para propor, exigir, fiscalizar tudo! O poder dos que mandam está em nossas mãos. Dizer que não adianta, que o governo nada faz, que políticos são todos iguais, demonstra uma enorme falta de conhecimento do que é um regime democrático. Eles não são nada além de pessoas comuns a quem demos uma procuração junto com o voto. E procurações podem ser cassadas, inclusive durante mandatos!
E quando a luta enfrentada se mostrar acima das suas forças, não esmoreça! Lembre que sempre podemos contar com a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas, que criou e sustenta o Universo, que é ilimitada e infalível, e está no controle de tudo e de todos. Por pior que a situação nos pareça, nunca estamos sós!
Mais uma vez, felicidades, Lucile! Você e Márcia estão fazendo um lindo trabalho, estendendo a mão aos protetores, abrindo espaço no comércio de vocês para ajudar na tarefa de encontrar lares responsáveis e amorosos para essas lindas criaturas. Vocês, como eu, conhecem as dificuldades dessa batalha. Em nome de todos, protetores e protegidos, muito obrigada!
Quer conhecer o My Cat Space? Então comece clicando AQUI. E vá até lá, interagir com lindas criaturas humanas e de quatro patinhas, comer e beber coisinhas gostosas. Depois me conte o que achou!
O gatinho da foto é o Emílio. Ele virou estrelinha há duas semanas, deixando meu coração partido. Mas, depois de resgatado por um anjo chamado Bruna, foi por mim adotado e juntos vivemos por cinco lindos anos. Se você quiser conhecer a história dele, clique AQUI. E leia também FEIO, O GATO.
E se você for protetor e sentir que precisa de ajuda, entre em contato comigo mandando mensagem via WhatsApp para (61)99188.9002. Vamos encontrar uma saída juntos!
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