No último final de semana, recebi um vídeo em que a professora Anete Guimarães explica, de forma bem didática, como as nossas emoções se derramam pelo nosso corpo, como ela mesma disse, graças à atividade de substâncias químicas do cérebro, afetando nossos órgãos, nossas células, inclusive as que constituem nosso sistema imunológico, que nos protege de vírus, bactérias, fungos, células cancerígenas, que nos livra de doenças sem que, na maioria das vezes, nem saibamos dos riscos que havíamos corrido.
Assim, se sentimos alegria, todo o nosso corpo sente alegria. Se sentimos tristeza, todo o nosso corpo sente tristeza. Não é difícil imaginar como funcionam de maneiras diferentes um organismo alegre e um organismo triste. Não é difícil imaginar o impacto, na nossa saúde, de estarmos envolvidos em emoções boas ou ruins. Por isso, há anos digo em consultório, de maneira clara e direta, especialmente aos pacientes resistentes, que viver arrastando correntes como alma penada nunca termina bem – a fatura chega e o valor pode ser impagável.
Mas, sempre que digo isso, os pacientes respondem que não conseguem controlar suas emoções que, como na música Aquarela, não têm tempo, nem piedade ou hora de chegar, que, sem pedir licença, mudam a nossa vida e depois convidam a rir ou chorar. É verdade que pode ser difícil, mas não é impossível. Acredito que as emoções estão vinculadas aos pensamentos. Assim, se conseguirmos identificar o pensamento que precedeu, por exemplo, um ataque de raiva ou uma crise de ansiedade, e o analisarmos de maneira crítica, poderemos alterar as emoções dele decorrentes.
Você já reparou como as pessoas podem reagir aos mesmos acontecimentos das mais diferentes formas, que o que pode ser sentido como uma tragédia por umas pode ser visto como um desafio, uma oportunidade ou uma bênção por outras? E, se olhar para sua própria história, vai ver que situações que tantos sofrimentos lhe trouxeram na adolescência agora não têm nenhuma importância. Quantas vezes pensamos que morreríamos se uma determinada pessoa nos deixasse e, anos depois, às vezes meses ou semanas, mal nos lembramos dela? Eu acredito firmemente que, na maioria dos casos, o que muda é a nossa forma de enxergar as situações, as pessoas, as coisas, de pensar a vida.
Quem já viveu um pouco mais sabe que o passar dos anos traz rugas, cabelos brancos, dor nas costas e amadurecimento na hora de lidar com tudo, com as alegrias e as tristezas. Mas não precisamos passar a juventude de forma tormentosa, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Porque a maturidade emocional é como uma plantinha que já nasce com a gente e que temos o dever de ajudar a crescer forte e saudável. Quanto mais cedo começarmos, melhor para a nossa mente, melhor para o nosso corpo. E a chave de tudo é o famosíssimo autoconhecimento. Esse é o verdadeiro pulo do gato!
O processo é simples, mas não é fácil e muitas vezes precisamos de apoio psicoterápico, de um profissional que nos acompanhe nessa caminhada, que nos ajude a refletir sobre nós mesmos. E, além de não ser fácil, pode ficar dificílimo se as substâncias químicas cerebrais de que falei no primeiro parágrafo estiverem em desequilíbrio. Porque, por melhor que seja o seu psicoterapeuta, ele não vai conseguir atuar num problema fisiológico.
Problemas como Depressão, Transtorno Bipolar, Transtorno Bordeline, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, atrapalham o raciocínio, o entendimento, tornam as reflexões impossíveis. Assim, faz-se necessário o uso de medicações específicas que devem ser prescritas por um médico psiquiatra, sem as quais nenhuma tentativa de ajuda prosperará. E, antes que eu me esqueça, já passou da hora de deixarmos de lado aquelas bobagens de que médicos e psicólogos são para tratar loucos. Por favor! Estamos no século XXI, no terceiro milênio!
Só corrigindo a química do nosso cérebro estaremos em condições de nos beneficiarmos do trabalho de psicoterapia, de fazermos as reflexões que mudarão a nossa forma de pensar, a nossa forma de sentir, a nossa vida pra melhor. Só assim conseguiremos percorrer o caminho que nos protegerá da montanha-russa de emoções da qual tanta gente, lamentavelmente, vive refém, a sofrer.
Ficou curioso sobre o vídeo da professora Anete Guimarães? Então, clique AQUI para assistir. Aproveite para clicar AQUI também e assistir a uma entrevista em que a atriz Susana Vieira conta uma passagem dela com uma enfermeira que desfilava na Grande Rio, quando esteve internada numa UTI em decorrência de leucemia crônica.
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9 thoughts on “MONTANHA-RUSSA DE EMOÇÕES”
Eliane via WhatsApp: Muito importante 🙌🏼🥹
Pertusi via WhatsApp: 👏👏👏👏
Cesar Palvarini via WhatsApp: Não costumo ler, (minha pressa de viver não permite que eu leia nada…rssss) mas esse eu li. O parágrafo da falta imensa que a pessoa faria, e acaba não fazendo é classica… Boa!!!😜
Shirley Moraes via WhatsApp: Verdade prima , vivemos numa Montanha Russa de emoções e controlar essa grande quantidade de descarga no sangue , de adrenalina , endorfina , serotonina e etc , não é fácil . Requer um amadurecimento e uma sabedoria que somente com a experiência do tempo é que vamos conseguindo enxergar os problemas e desventuras de uma forma mais leve e racional . Sem ter aquela sensação de angústia e medo , como se tivéssemos entrado num labirinto e de lá não fossemos sair nunca mais . É claro que muitas vezes precisamos de ajuda , seja psicoterápica ou farmacológica . Mas ainda há um ” ranço” de preconceito sobre esse tipo de tratamento , pois muitos ainda pensam de forma arcaica que isso só serve pra quem tem transtornos mentais . Mas te digo que hoje em dia ” quem não os tem?” Como dizia minha avó ” de médico e louco todos nós temos um pouco” O importante é que com ajuda ou sem ajuda , o tempo será a maior lição pra mudarmos nosso entendimento sobre as coisas e as pessoas . E como nem todos são iguais , muitos irão ver o copo “metade vazio e outros verão metade cheio” !
José Carlos Netto via WhatsApp: Muito bom!!!
Perfeita reflexão. O autoconhecimento é a ferramenta mais eficaz para combater o desequilíbrio emocional.
Segalla via WhatsApp: Boa, Maraci 👏👏👏
Fernando via WhatsApp: Olá, Maraci. Agora vou escrever, pela terceira vez, o que eu havia escrito antes sobre o seu texto. O que me preocupa muito é a gigantesca idealização do casamento-maternidade/paternidade (não necessariamente nessa ordem) que nos enfiaram goela abaixo e cérebro a dentro… Preocupa-me constatar que casamento e maternidade/paternidade são consideradas etapas naturais e, infelizmente, compulsórias, da vida. Assim como o chamado amor incondicional das mães pelos filhos, amor esse que nem amor era e muito menos incondicional até o século XIX, quando a indústria médica dos exames de ultrassonografia das gestantes não existia, assim como inexistia o lixo industrial de livros, brinquedos e entretenimentos dos mais variados voltados para o público infantil e seus pais / mães neurotizados com tantas demandas desse mercado manipulativo que adora falar em amor em datas como dia dos pais, mães, crianças, natal, páscoa, etc. E o mesmo acontece com a monogamia compulsória que todo um histórico econômico e de relação de poder criou, mas que agora não faz o menor sentido, pois os testes de DNA já estão aí faz algum tempo… Em resumo, concordo que às vezes estamos tão enredados nos problemas que é necessário que alguém nos puxe e nos faça ter essa visão de cima do labirinto que também pode ser chamado de vida. Que a idealização de casamento e maternidade /paternidade um dia passe a pelo menos ser posta em debate. Que a violência a qual as mulheres se submetem por causa do patriarcado, sendo que boa parte delas propagam e reforçam o mesmo patriarcado sem se darem conta, não seja naturalizado. Que a violência dos homens sobre as mulheres, fruto também do patriarcado deixe de ser natural. E que possamos ser autênticas/os e genuinas/os principalmente no pensamento e, pois o chamado livre-arbítrio já nos engoliu em suas caixas registradoras.