O texto Gorgonzola me foi enviado, atribuído a Clarice Niskier, por uma amiga querida, a Lúcia Maria de Paula. Mas, na internet, ele também aparece com esse mesmo título como sendo da Maitê Proença e como sendo da Clarice Niskier sob o título Ponto G. De qualquer forma, é uma obra bem escrita e cheia de humor que caiu como uma luva para mim, embora eu ainda não tenha chegado aos 70. Já estou na minha fase gorgonzola. E você? Que tipo de queijo você é?
Gorgonzola
“Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo”, só ouço isto.
No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora.
E as amigas falam “estamos envelhecendo” como quem diz “estamos apodrecendo”.
Não estou achando envelhecer esse horror todo.
Até agora.
Mas a pressão é grande.
Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia.
O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que eu conheço gosta.
Gosta na salada, no pão, com vinho tinto, vinho branco, é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares, uma invenção italiana, tem status de iguaria com seu sabor sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos supermercados do Leblon, é caro e é podre.
É um queijo contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa.
É um queijo podre de chique.
Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração da matéria.
O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada.
Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola.
Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da matéria.
Estou me tornando uma iguaria.
Com vinho tinto, sou deliciosa.
Aos 50 fui uma mulher para paladares variados, aos 70 sou uma mulher para paladares sofisticados.
Não sou mais um queijo Minas frescal, não sou mais uma ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso.
Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola.
Você pode comentar este texto aqui mesmo no blog, logo depois dos anúncios. Ou então mande seu comentário para mim por WhatsApp, no (61) 991889002 e eu publico. Valeu!
8 thoughts on “Gorgonzola”
Remetido via WhatsApp por Adriana Ziller: Eu amo esse texto! Li há alguns anos como sendo da Maitê mesmo.
Remetido via WhatsApp por Shirley Moraes: Eu já conhecia esse texto , e achei inspirador e positivo para aquelas mulheres que se sentem ” ultrapassadas” ou “passadas” , que nem ” uvas passas “! Falando em uvas , lembro de um amigo que infelizmente se foi ontem, Dr Jordão ! trabalhamos muitos anos juntos , e fomos somando idades e experiências durante este tempo . Ele muito gentil , quando me via dizia : ” você é o tipo de mulher que podemos comparar ao bom vinho, quanto mais os anos passam , você fica mais linda 😍” …. Então , não é que vinho combina com Gorgonzola!!!
Sinto muito, Shirley Moraes, por você ter perdido seu amigo Jordão. Que ele esteja em paz. E você também.
Remetido via WhatsApp por Rose Inah: Bela analogia….mas como não há consenso em tudo….eu não gosto do queijo gorgonzola….rsrs😘
Remetido via WhatsApp por Rose de Jaegher: Muito bom… melhor é te ver no correio brasiliense. Parabéns pelo sucesso.
Amei o texto! Estou “beirando” os 50, mas já me sinto um GORGONZOLA! Não acredito que muitos paladares me apreciem. 😁😁😁😁😁😁😁😁😁😁
Fiquei encantada com este texto, adorei a articulacão de ideias que so quem ja passou dos 50, e adora Gorgonzola sabe entender.
Adoro esta coluna, realmente inspiradora