Era uma vez uma moça que encontrou um gato no Jardim Botânico. Para sorte dele, ela é uma protetora de animais. Ele estava muito debilitado, magro e desidratado, com a perninha direita literalmente no osso, totalmente comida por larvas, e parecia ter perdido a vontade de viver. Ela o levou ao HVEP, Hospital Veterinário Público do DF. Lá ele recebeu os primeiros cuidados e ela, a notícia de que a perninha precisaria ser amputada, mas que ele não suportaria a cirurgia naquele estado de fraqueza.
Fiquei sabendo desse caso por mensagem de uma amiga e tomei a decisão de pedir para cuidar do Emílio, nome dado pela protetora, até que ele estivesse pronto para a cirurgia. Assim foi que ele chegou pra mim há uma semana e meia. Quando eu o recebi, Emílio tinha um insuportável cheiro de carniça. E quando tirei o curativo da perninha, quase caí pra trás com a dolorosa visão daqueles ossos descarnados. Minha primeira providência foi dar um banho morno naquela pobre criatura. Foram muitas larvas que saíram durante o banho e alguns restos de dedos, que estavam totalmente podres, mas ainda pendurados.
Depois de colocar Emílio numa caminha limpa e macia, para descansar do banho, comprei a medicação prescrita pelo veterinário – para proteger o estômago, para matar as larvas, contra dor, contra febre, dois tipos de antibiótico, anti-inflamatório, vitamina, esparadrapo, gaze, soro, pomada. E providenciei também ração especial para recuperação de cães e gatos debilitados. No início, Emílio nem queria comer, mas com o banho, um novo curativo, e os remédios pra tirar enjoo e dor, começou a se interessar pela ração em forma de patê. E ele precisava muito se fortalecer. De lá pra cá, têm sido dias de muito carinho, muita atenção e muito trabalho.
Emílio recebe comida e água à vontade, medicação nas horas certas, curativos duas vezes por dia, na perninha que será amputada e na outra coxa, também atacada pelas larvas que pareciam não ter fim e eram tiradas de pinça, mortas e vivas. Mas ele é muito valente e bonzinho. Suporta todas as manobras, toma a medicação sem fazer cara feia e não só ataca a comida como pede repeteco. A podridão agora é coisa do passado e não há mais larvas comendo o nosso guerreiro.
Ele está engordando, anda pela casa em três perninhas, sem embaraço, conhece a minha voz e corre pra mim quando chego em casa, mesmo sabendo que, além de ganhar carinho, ele terá de passar pelos curativos. Logo ele estará pronto para a cirurgia e, depois que dela se recuperar, Emílio finalmente deixará pra trás esse momento pavoroso da sua vidinha. Todos os dias, agradeço a Deus por ter enviado o anjo que o viu jogado na rua e dele se apiedou.
Agora é esperar o final feliz desta história! Mas não sai da minha cabeça uma pergunta: Quantos seres ditos humanos não passaram por Emílio, viram aquela situação terrível e simplesmente deram as costas, com nojo, como se aquela dor não lhes dissesse respeito? Para quem não sabe, ser omisso também é maltratar.
Meus mais profundos agradecimentos à incansável protetora Bruna Ohana, que resgatou o Emílio da rua; à equipe do Hospital Veterinário Público do DF, que prestou os primeiros socorros e já se dispôs a fazer a cirurgia de amputação; à minha amiga Cláudia, que correu atrás de ajuda quando soube do caso e me mandou a mensagem contando; à Dra. Mayana, do Hospital Veterinário Antônio Clemenceau, que me ensinou a fazer os curativos e está acompanhando Emílio com o maior carinho, sua marca registrada; e a Teinha, que me ajuda em casa e também nos curativos com todo amor!
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