A FILA ANDA!

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Adoro escrever e vivo cheia de ideias. São tantas que muitas até se perdem porque este Blog não é minha única ocupação. Quase sempre, os textos se escrevem sozinhos em algum lugar da minha mente enquanto estou ocupada com assuntos que com eles nada têm a ver. E, quando sento na frente do notebook, eles simplesmente transbordam. Mas os responsáveis pelos pontos de partida costumam ser os meus leitores e os meus pacientes, que me trazem perguntas interessantíssimas. Sem eles, muitas coisas que aqui vocês leem jamais teriam sido escritas. E agradeço a todos por isso.

Recentemente recebi o seguinte questionamento de uma paciente: “Quero esquecer o grande amor da minha vida, mas não estou conseguindo. Como faço para a fila andar?”. Se você perguntar isso a alguém, certamente não faltarão respostas, dicas até mesmo engraçadas e loucas. Mas tudo exige contextualização. Então, vou tentar resumir pra vocês o que se passou com essa paciente: Há uns dez anos, ela reencontrou um grande amor, daqueles que não esquecemos por mais que outros relacionamentos tenhamos vivido, daqueles que parecem ter saltado das folhas de um romance antigo, desses que não mais são escritos.

Esse reencontro foi obra do Destino, que esperou quase uma vida inteira para fazê-lo acontecer, tornando-o ainda mais mágico. Um dia, eles se esbarraram numa esquina do Tempo, mais especificamente num aeroporto, no pé de uma escada rolante, e foram alcançados por uma espécie de avalanche emocional. Olharam-se bem fundo nos olhos e não foi preciso mais nada para que todos os anos de afastamento se reduzissem a poucos minutos, para que o mundo ao redor desaparecesse. O que eles sentiram foi indescritível. Finalmente, tudo o que haviam sonhado na juventude poderia ser vivido.

Mas, como sempre digo, quando a gente pensa que conseguiu todas as respostas, a Vida muda as perguntas. E novamente o Destino, que os havia separado e os havia reaproximado dando-lhes uma chance de ouro de serem felizes, tornou a separá-los. Não vou entrar em detalhes sobre o que se passou com os dois. E não sei dizer como ele se sentiu. Mas, conforme iam se distanciando, ela, que tanto havia lutado para que tudo dessa vez desse certo, foi se sentindo impotente, exausta, doente.

Ela já não suportava mais tanta dor e, orientada pelas amigas, que levavam a sério a máxima de que só um novo amor pode nos fazer esquecer um que não deu certo, de que “A fila precisa andar!”, decidiu tentar. Mas como fazer a fila andar, se ela não conseguia nem mesmo sussurrar “O próximo!”. Ela não tinha forças pra nada. Como ela mesma dizia, “Nem o Brad Pitt maravilhosamente nu como no filme Troia seria capaz de tirá-la daquele estupor catatônico”. Dessa vez, o Destino parecia ter errado a mão, pegado pesado demais.

Mas será mesmo que um amor substitui outro? Isso até costuma acontecer quando estamos falando sobre paixonite. Só que, quando o caso é de amor verdadeiro, o melhor a fazer é fechar pra balanço, mesmo que haja uma enorme fila; viver o luto do amor que chegou ao fim; e procurar entender qual a nossa participação, a nossa responsabilidade no desfecho, sem cair na armadilha mais antiga do mundo em situações de rompimento amoroso, que é a de tentar adivinhar o que aconteceu com o outro, de buscar respostas que talvez nem o outro tenha.

A ordem é para avançar lentamente, procurando uma visão panorâmica da relação e o entendimento que poderá nos libertar, ajudando a superar o trauma e colar o coração partido, tendo em mente que viver sozinho é sempre uma opção, mesmo que as pessoas à nossa volta digam e repitam que todos precisam de um par. A outra é reabrir as portas e chamar o próximo da fila, deixando que aquele grande amor fique no passado, mesmo que não seja jamais esquecido.

Só devemos começar um novo relacionamento quando nele pudermos estar inteiros. E, se não conseguirmos superar a dor, devemos buscar ajuda profissional, para que vivamos sem arrastar correntes que podem colocar nossa saúde mental e física em risco, para que consigamos ser felizes com outro alguém. Como dito na música Amor Maior, da banda Jota Quest,

“É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro pra fora
Amor que eu desconheço.”

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MARACI SANT'ANA

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