CULPA DA VÍTIMA?

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VOCÊ MERECERIA SER ESPANCADO POR SER QUEM É?

Texto de GUSTAVO VÉGAS, o ESCRITOR RANDÔMICO, extraído da página FEEDS LITERÁRIOS, para reflexão por leitores e escritores.

Olá caros leitores e escritores. Hoje em dia está em pauta a literatura de expressões sobre minorias e como os outros se relacionam com estes setores sociais. Sabemos também que parte radical destas minorias estão exigindo o seu espaço na literatura, pois isto se faz necessário num ambiente onde se dá voz e vez, como na internet. Mas é difícil pra alguns enxergarem alguns aspectos e gerar empatia através de seus posts e conjunto de opiniões. Não desejo ser guia para ninguém, mas o que direi neste texto me serviu muito bem para entender esta vitimização das minorias e como isto se relaciona com a história de nossa sociedade…

Pra começarmos é preciso saber que postei alguns conteúdos referentes à empatia. Este é um princípio que deve ser entendido completamente, senão você será apenas um ‘hater’ em busca de alimento aqui no blog.

O que você vê quando descrevo a cena abaixo?

“Encontrei minha amiga de infância sentada bem na minha frente, numa lanchonete da capital. Ela estava linda com os cabelos soltos e seu estilo único. Não podia parar de pensar se ela conseguiu seguir aquela graduação em moda que ela tanto queria, ou se aquele caderno em suas mãos seja resultado de alguma coisa… Queria passar em branco, não queria que ela me visse.”

Pois bem; o narrador-personagem é homem ou mulher? Ele/ela sente amor ou amizade nostálgica? O narrador-personagem é branco, preto, moreno, ruivo? A lanchonete te remete a um lugar na periferia da capital ou no centro?

Dependendo de seu contexto social você enxergará esta cena de diferentes formas. Compreender isto é fundamental para que a sua história fale na mesma língua que você. Insira os detalhes se quiser que ela trave, mas deixe rolar se quiser que o leitor participe de sua história ativamente.

Não sou contra os “olhos azuis como o céu” ou os “cabelos longos e lisos como um fino tecido”. É poético, mas é uma parede para conceitos tão diversos dos dias de hoje. Parafraseando o personagem Sheldon de “The Big Bang Theory”; deixe a sua história rodar na placa de vídeo mais poderosa; a mente.

Diferentes contextos nos levam além da literatura, nos carregam para perto de seus personagens e possíveis traumas dos mesmos. Também nos aproxima com o outro, que também pode ser seu leitor. O negócio é compreender que abusos podem acontecer com todos, mas alguns grupos sociais são mais suscetíveis a isto, por mais que alguns ídolos de ideologias queiram lhe dizer o oposto.

A cena descrita também pode ser um teste pra enxergar seus preconceitos e imagens pré-concebidas de cenas onde não se descreve a aparência. Pois até onde a cena te diz o narrador pode ser gay, lésbica ou trans… Pode ser um balconista, um zelador, a cozinheira da lanchonete. Simplesmente você não sabe. Você apenas preconcebe imagens aleatórias baseadas em sua vivência. Isto é fundamental pra compreender a visão e pensamento do outro.

Pensou que não estou falando de vitimização ou culpabilidade da vítima? O que escrevi até agora foi a introdução de um conceito simples, no entanto a falta de exercício de desconstrução de conceitos pré-estabelecidos nos deixam cegos perante a outras realidades. Pois pra muitos a imagem do outro não existe, o coletivo só existe pra impor suas vontades subjetivas. Quero lhe dizer que existem grupos de interesse por trás da coletividade; tanto para o bem, quanto para o mal. Determinar se o discurso é viciado em sua origem é fundamental pra construirmos nossos conceitos e descontruirmos também. Saber que existem duas ou mais versões narrativas pra mesma realidade é importante pra sabermos que existe a vítima do ato, se existe vitima das circunstâncias e qual é a parcela de culpa de cada um dos envolvidos direta e indiretamente no ato de violência (psíquica ou física). Entender que a mulher vestindo determinada roupa está “chamando estuprador” ou que determinada pessoa “não merece ser estuprada” não é uma opinião aceitável, pois isto demonstra que se você fosse uma mulher exercendo a sua vontade de se vestir como bem quiser (como um homem tem esta liberdade na sociedade atual) você estaria sujeito a ser estuprado. Deu pra perceber a perversidade desta linha de raciocínio? E isto vale pra outros grupos marginalizados, tanto de gêneros quanto em relação à religião.

Você merecia ser espancado por ser quem é? Se a resposta for não; deixe de impor a mesma situação aos outros. Se for sim; você precisa de ajuda. Simples assim… ?

Deixem suas experiências nos comentários. Abraços randômicos e até mais!

MARACI SANT'ANA

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