Há alguns anos, após uma das várias palestras sobre relacionamentos amorosos problemáticos e sobre o grupo de terapia PARA SOBREVIVER A UM GRANDE AMOR que fiz, sentei na primeira fila do auditório e senti se aproximar uma mulher que saiu do fundo da sala, agachou-se ao meu lado e perguntou se ela teria de se separar do marido caso viesse a participar do grupo. E sorriu aliviada quando respondi que não, prometendo que me procuraria. Como eu já esperava, ela participou do grupo e pediu o divórcio.
O grupo não objetiva separar casais, nem mesmo nos casos em que o relacionamento virou um pesadelo. É claro que mulheres que dele participam são fortemente orientadas a se afastar do(a) parceiro(a) se suas vidas ou a vida dos seus filhos correm perigo. Mas o que se pretende inicialmente com esse trabalho é ajudar as pacientes a entenderem exatamente em que elas estão envolvidas, para que elas conheçam o processo, a dinâmica, de fato e em detalhes.
No grupo, cada uma ouve as histórias contadas pelas outras e todas se identificam. Cada uma que fala de si mesma também fala das outras. Cada uma que ouve as outras também ouve seu próprio coração. E o que eu, na qualidade de terapeuta, digo a cada uma serve para todas. E é a visão panorâmica do que está acontecendo, sem críticas e sem conselhos, dentro do processo terapêutico, que dá início à magia da cura. Assim, mesmo quem entra muda e sai calada das sessões se beneficia.
Exceto nos casos de risco, a decisão de continuar ou não com o(a) parceiro(a) não é relevante e nem deve ser vista desse modo. Porque essas mulheres são muito mais do que os relacionamentos em que estão envolvidas, por mais que o(a) companheiro(a) ocupe todos os seus pensamentos e tenha se transformado no centro de suas atenções e esforços. O(A) parceiro(a) é parte da vida dela, não toda a vida.
É um terrível equívoco condicionarmos as mudanças que precisamos promover em nossas vidas a continuarmos ou não nos relacionando com alguém. É um terrível equívoco darmos a esse alguém um protagonismo que ele definitivamente não tem. Nós somos as protagonistas das nossas próprias histórias, ninguém mais!
A moça do meu relato, a que disse que não participaria do grupo se precisasse se separar do marido, não me surpreendeu ao lutar pelo divórcio poucos meses depois. Eu soube, no momento em que a conheci, graças a sua pergunta, a sua preocupação, que, bem no fundo, por menos que quisesse enxergar, ela sabia que aquele casamento não tinha mais nenhuma chance.
E, para quem acredita que vai aprender a mudar o(a) parceiro(a) participando do grupo, já adianto que isso não é nem de longe o objetivo do processo terapêutico. Porque ninguém muda ninguém. O máximo que podemos conseguir é ajudar alguém que verdadeiramente queira e se empenhe em se mudar. Só que, para isso, precisamos estar bem.
Mas, se mudamos, tudo muda a nossa volta, todo o Universo se altera em busca de um novo equilíbrio, inclusive o(a) nosso(a) parceiro(a). Muitas vezes, não conseguimos sozinhas, mas, quando nos unimos, a coisa muda de figura! O diabo pode parecer muito feio, mas, para nos atingir, ele precisa do poder que damos a ele.
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6 thoughts on “AS MULHERES E A CURA”
Teresa Cristina Lustoza Dantas via WhatsApp: Como sempre este texto foi maravilhoso. Temos que assumir o protagonismo das nossas vidas. Não podemos condicionar nossa felicidade a convivência com outra pessoa. Por isso tantas pessoas dependentes de outras quando na verdade ela primeiro tem que se sentir feliz pra poder ter um bom relacionamento com outro.
Nem condicionar a nossa felicidade a necessariamente estarmos separados, porque, muitas vezes, a separação demora a acontecer
Fernando via WhatsApp: Achei tb interessante o que vc escreveu. Eu me preocupo muito como o casamento é vendido (imposto?). As questões tais como “metade da laranja”, a vontade ou ilusão de se mudar a/o parceiro, as imposições, o ciúme, a monogamia (compulsória?), a maternidade/paternidade (compulsória tb? 😁) e, tal como vc bem relatou, a condição de só mudar a própria vida condicionada ao parceiro me fazem pensar que muito do que os casais vivem está fora de prumo. Tenho chegado à clara conclusão de que o que é regra hoje na realidade deveria ser exceção. Parabéns pelo blog.👏🏻👏🏻👏🏻
Muito interessante esse texto. É uma verdade que ainda no século XXI Tenhamos tantas mulheres que se submetem a serem subjulgadas e inferiores aos homens. E creio eu, ainda teremos um longo caminho para que a igualdade de direitos, cidadania e independência se torne uma realidade sustentável. Parabéns por sua iniciativa.
Também atendem homens?
Por enquanto, só individualmente.