Cosette Castro
Brasília – Esta semana o Presidente Lula mais uma vez fez história. Como chefe da nação, convocou os homens de todo país a se manifestarem e a atuarem ativamente pelo fim da violência contra as mulheres.
Lula lembrou em alto e bom tom que não se trata de um “problema das mulheres”. Está na hora de elas pararem de lutar e de se defender sozinhas, contando com a rede de apoio de outras mulheres. Se trata de uma violência coletiva provocada, cuja responsabilidade é dos homens.
É a primeira vez que um Presidente homem se manifesta publicamente sobre os diferentes tipos de violências que as mulheres sofrem todos os dias de Norte a Sul do país. Mais do que convocar os homens, Lula disse que será um “soldado pelo fim da violência”.
Lula falou do seu jeito. De povão, ex-metalúrgico que ao longo dos anos se tornou um grande estadista. Não é o tom que muitas pessoas considerariam o ideal, mas é um tom compreensível para o brasileiro médio. Ele é um homem respeitado influenciando milhões de outros homens.
Até então, Lula defendia as mulheres com orçamento, programas e ações nos Ministérios das Mulheres, na Igualdade Racial, no Ministério dos Povos Indígenas ou no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, por exemplo. Mas esta semana ele foi além, assumindo pessoalmente a corresponsabilidade do cuidado coletivo das mulheres.
Lula não está sozinho. Na quinta-feira, a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza (lojas Magalu), também se manifestou publicamente. Aos 77 anos ela convocou os empresários brasileiros a criarem programas de defesa das suas funcionárias em todo o país, assim como a promover a formação dos homens contra a violência e o feminicídio.
A estratégia de Luiza Trajano possui cinco pontos que foram adotados há 10 anos pelo Magalu como resposta ao assassinado de uma de suas funcionárias. E ela mostrou uma ação que deu certo. Há 10 anos não ocorre mais nenhum feminicídio entre suas funcionárias. Atualmente, o Magazine Luiza emprega cerca de 37 mil pessoas no país.
Enquanto isso, esta semana o Ministério das Mulheres realizou, entre outros projetos nacionais, uma ação de 03 dias na Rodoviária do Plano Piloto em Brasília chamada Tenda Lilás. Um projeto para combater as diferentes formas de violência contra as mulheres. Inclusive a importunação sexual nos ônibus.
A importunação é crime previsto no Código Penal, mas a maioria dos homens e mulheres não sabem disso. O Ministério convidou movimentos de mulheres a participarem da ação, entre eles o Coletivo Filhas da Mãe.
A atividade, que aconteceu diariamente das 05 horas da manhã até às 19h sem interrupção, faz parte da Campanha Internacional “21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher” organizada pela ONU Mulheres no Brasil em parceria com o Ministério das Mulheres.
O Coletivo contribuiu com o projeto “Fala Que Eu Escuto”, onde mulheres de todas as idades puderam relatar violências sexuais, importunações nos ônibus, assedio no trabalho de colegas e chefes, entre outras dores em geral silenciadas.
Muitas delas ainda imaginavam que a violência contra mulher é apenas física ou sexual, mas ela pode ser violência psicológica, moral ou patrimonial. É psicológica quando o homem controla a roupa, o celular, impede a mulher de trabalhar, ter amigas ou se relacionar com a família. Ou quando a ridiculariza, chama de louca, burra, a desautoriza na frente dos filhos, a trata de forma grosseira e manda a mulher calar a boca.
É violência moral quando o homem acusa injustamente a mulher de traição, faz juizos morais sobre sua conduta, expõe a sua vida íntima, a rebaixa ou a desvaloriza por sua roupa.
E é violência patrimonial quando ele controla o dinheiro, deixa de pagar a pensão alimentícia, destroi documentos pessoais, priva a mulher de bens, valores ou recursos econômicos, furta, extorce ou causa danos econômicos à mulher. Mais recentemente aumentou também a violência digital contra meninas e mulheres.
Essas ações de esclarecimento e em defesa das mulheres são necessárias e urgentes, pois o país vive uma chacina contra as mulheres. Como as pesquisas têm mostrado, o Brasil é um país perigoso para as mulheres, independente da idade. A cada cinco horas uma mulher sofre feminicídio. Outras 3,7 milhões sofreram violência doméstica e foram ameaçadas entre janeiro e outubro deste ano.
As mulheres, por sua vez, não estão caladas. Estão organizando o ato nacional por “Mulheres Vivas”. Em Brasília, vai acontecer no domingo, dia 07/12, a partir das 10h, na Torre de TV. Convide sua família, amigos e amigas e vá de preto, se possível com um lenço roxo, pela vida de todas as mulheres. O Coletivo Filhas da Mãe estará lá.
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