21 Dias de Cuidado Coletivo

Publicado em 21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres

Cosette Castro

Brasília – Hoje eu gostaria de começar o Blog escrevendo como é bom ser mulher no Brasil. Gostaria, mas não é possível fechar os olhos para a ameaçadora realidade em que vivem as mulheres de todas as idades no país.

Não é por acaso que o Coletivo Filhas da Mãe apoia a campanha “21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” que começou ontem, 20/11, Dia Nacional da Consciência Negra. Precisamos urgente de cuidado coletivo.

A violência está presente em todas as fases da vida das mulheres, em especial daquelas que vivem com fragilidade social. Mas a violência de gênero ultrapassa classe social.

Vergonhosamente está presente na infância, onde todos os dias três meninas entre 10 e 14 anos dão a luz no Brasil, vítimas de violência sexual, segundo dados do DataSus (2024). São meninas cujos corpos ainda estão em formação e ainda não estão preparados, nem física nem emocionalmente, para carregar outra criança. No Coletivo Filhas da Mãe não cansamos de repetir “Criança não é mãe nem esposa. Estrupador não é pai”.

Em se tratando de violência institucional, pouco se conhece no país sobre o que ocorre com mulheres negras grávidas. Elas sofrem violência obstétrica diariamente em locais onde deveriam ser protegidas.

Muitas vezes, recebem menos anestesia porque existe o mito, entre médicos brancos, que elas teriam “mais resistência a dor”, como aponta pesquisa da Fiocruz (2017) ao comparar o tratamento recebido entre mulheres grávidas brancas e mulheres grávidas negras durante o Pré-Natal e o parto.

Mulheres  de todas as idades sofrem violência sexual no país.  E ela ocorre, em sua maioria, dentro de casa. Um local onde meninas, mulheres adultas e idosas deveriam se sentir seguras.

Dados de 2024 do Ministério da Justiça apontam que há 09 vítimas de estupro por hora no Brasil. Algo em torno de 476 mil casos por ano. Ou seja, há 476 mil predadores (levando em consideração que são casos de violência únicos) e a maioria deles faz parte da família.  Em relação às mulheres idosas, há muita subnotificação, mas os dados mostram que o Distrito Federal é um dos locais com maior taxa de violência sexual do país.

De acordo com o “Mapa Nacional da Violência de Gênero 2025”, somente no primeiro semestre deste ano, foram registrados quase 720 feminicídios no país. No Distrito Federal (DF) foram assassinadas 25 mulheres até novembro, sendo duas menores de 18 anos. E em 2024, a cada 12 dias uma mulher foi vítima de feminicídio no DF. Frente a tanta violência, não é possível ficar calada.

ONU Mulheres

A campanha “21 Dias de Ativismo” é um convite da ONU Mulheres Brasil e têm cinco dias a mais que a campanha internacional, pois finaliza as atividades no Dia Internacional dos Direitos Humanos, dia 10/12.

A ação mundial “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a mulher” por sua vez começou em 1991, há 34 anos. Foi uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, assassinadas, em 1960, na República Dominicana após serem submetidas a violência e tortura, dentre elas, o estupro, pelo governo daquele país.

Neste domingo, 23/11, o Coletivo Filhas da Mãe, em parceria com o Grupo de Caminhadas Brasília (GCB) estará realizando a 3a. Caminhada pelo Fim da Violência Contra as Mulheres no Parque das Garças, localizado no final do Lago Norte. A Caminhada é aberta e gratuita, com encontro às 8h30.

PS: Na próxima terça-feira, dia 25, vai acontecer a Marcha Mundial das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver em Brasília. A concentração começa às 9h, em frente ao Museu da República.

PS 1: Na mesma terça-feira, dia 25, das 19 às 20h, vai acontecer a edição de novembro do Programa de Entrevistas online Terceiras Intenções. A convidada é a Secretária Nacional em exercício de Políticas de Cuidado, Luana Pinheiro, para conversar sobre os desafios do Plano Nacional de Cuidados. Ao vivo  no canal do YouTube Coletivo Filhas da Mãe.

 

 

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