Cosette Castro
Brasília – Neste fim de semana a Capital Federal se encheu de cores para receber a 26ª. Parada LGBT+ DF. A Esplanada dos Ministérios, que já havia recebido 110 bandeiras com as cores do arco-íris, foi ocupada por milhares de adolescentes, jovens, adultos e apoiadores.
Também estavam lá as Mães pela Diversidade e as Mães pela Resistência, além de pais, majoritariamente mães, que acompanharam filhas, filhos e filhes (referência a pessoas trans) na Marcha. Os dois Coletivos apoiam pais e buscam garantir uma vida segura e sem preconceitos para seus familiares.
Com o aumento da população 60+, também foi possível encontrar avós apoiando seus netos, netas e netes. A socióloga Maria do Carmo Albuquerque, cuja mãe teve Alzheimer e faz parte do Coletivo Filhas da Mãe, esteve na Marcha.
Segundo ela, “é difícil ser a mãe de uma criança trans. A mãe apoiar a filha para a filha poder apoiar o filho é algo que faz bem para a saúde mental de toda a família. O afeto é o que faz a gente ser capaz de viver as diferenças”.
Mas nem tudo foi festa, glitter e bandeiras LGBT+.
Milhares de pessoas LGBT+ saíram às ruas para combater à violência, para lutar por políticas públicas inclusivas no Distrito Federal e pelo o acesso a direitos básicos. Eles também pedem a formação de um comitê gestor para elaborar a Política Distrital de Enfrentamento à LGBTfobia.
Diferente da Marcha LGBT de São Paulo que teve como tema o “Envelhecimento LGBT”, no Distrito Federal o tema escolhido foi “Jovem, LGBT, Periferia, Orgulho”, reivindicando visibilidade às novas gerações., particularmente aquelas que vivem nas periferias.
Convivendo com diferentes gerações
Estamos vivendo um rápido processo de envelhecimento no Brasil. Um processo que envolve diferentes velhices, inclusive a LGBTQIAP+. Todas elas merecem visibilidade, respeito, cuidado e proteção social.
Segundo o IBGE (2024), há 35 milhões de pessoas idosas no país e a virada geracional já começou, embora pouca gente ainda se dê conta. Há mais pessoas idosas (15,6%) do que adolescentes e jovens no país (14,8%). E os números tendem a crescer.
As projeções do IBGE apontam que, em 2030, haverá mais gente com 60 anos ou mais, 41,5 milhões de pessoas, do que crianças e adolescentes entre 05 e 14 anos, com 39,2 milhões. Além disso, com a longevidade, a média de vida em locais com qualidade de vida, será de mais 30 anos. É preciso que o envelhecimento com dignidade e qualidade de vida seja uma realidade em todo o país.
Pensando no envelhecimento populacional e na falta de equidade de gênero existente no país, o governo federal vai realizar em 2025 a 6ª. Conferencia Nacional dos Direitos das Pessoas Idosas, assim como a 5a. Conferência Nacional de Políticas Públicas para Mulheres e a 4a. Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+.
Movimentos sociais como o Coletivo Filhas da Mãe, ao lado de parceiros e parceiras em todo o país, estarão presentes nas Conferências, seja em polos focais no Distrito Federal, seja na construção da Conferência Livre da Mulher Idosa que vai acontecer no dia 09 de agosto. Uma Sociedade do Cuidado se constrói com políticas públicas e participação social.

