A Política Nacional de Cuidados e o Índice de Felicidade Interna

Publicado em Política Nacional de Cuidado

Cosette Castro

Brasília – Esta semana o tema dos cuidados como política pública voltou à pauta em dois Seminários realizados na Capital Federal.

O primeiro  seminário aconteceu na quarta-feira, 19, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Assista aqui. E o segundo ocorreu nesta sexta-feira no Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Link aqui.  Apesar de todas desigualdades sociais existentes no Brasil e da sobrecarga física e emocional  das mulheres  que cuidam, há boas notícias.

A Política Nacional de Cuidados, aprovada em dezembro, vai se chamar “Brasil que Cuida” e terá como slogan “Cuidar é o Trabalho que Sustenta o Mundo” (Lei 15609/24 aqui).  A partir do lançamento do Plano de Ação, ainda sem data, para implementar esta política pública, haverá estímulo à corresponsabilidade do cuidado em todas as esferas.

Entre as ações está a inclusão da corresponsabilidade do cuidado doméstico e de pessoas entre os homens. Essa corresponsabilidade inclui também bairros e comunidades, o mercado e o Estado. Com isso, sairá do âmbito privado (família) para o público. E possui olhar interdependente. Isto é, vai promover políticas públicas tanto para quem necessita de cuidados como para quem cuida sem remuneração.

Além de apresentar diagnóstico sobre a realidade da população prioritaria,  crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, pessoas idosas e  cuidadoras remuneradas e não remuneradas, os dois seminários apontaram alguns projetos em andamento no MDS. Entre eles estão o Data Cuidados e o Observatório de Cuidados.

Para a população de diferentes idades existem importantes propostas de caráter gratuito.

Entre elas a criação de centros dias e de Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas (ILPIs),   extensão da cobertura de creches, a criação de lavanderias coletivas, restaurantes populares, cozinhas solidárias e formação de pessoas que cuidam sem remuneração.

Na segunda-feira, 24, por exemplo, será lançado no Rio de Janeiro o projeto piloto Cuidatório,  voltado para mães estudantes universitárias para que possam seguir estudando.

Com essas notícias, meu índice de felicidade cresceu. E isso aconteceu um dia depois em que foi comemorado o dia internacional da felicidade (20/03).

O país alcançou o 36o. lugar entre os 147 países onde a população se sente mais feliz para viver. Os dados são do índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) implementado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012. Foi nessa época que os países membros, entre eles o Brasil, definiram a felicidade como um direito humano.

O ranking da felicidade (leia aqui) mediu os níveis de bem-estar de 147 países. Em 2025 o estudo apontou o crescimento da sensação de bem-estar e melhora da qualidade de vida das brasileiras e brasileiros.

O Brasil saltou da posição 44 para a 36 se tornando o segundo país sul-americano onde as pessoas se sentem mais felizes. O país perde apenas para o vizinho Uruguai no 28o. lugar. Entre os latino-americanos, México e Costa Rica aparecem entre os 10 países onde a população possui mais sensação de bem-estar.

A ideia de medir a percepção da felicidade subjetiva e também como política pública surgiu há 52 anos no Butão. Até então a felicidade e o bem-estar não eram levados em consideração na tomada de decisões de políticas públicas. Desde 2013, a pesquisa passou a ser realizada anualmente.

O relatório se baseia na avaliação que as pessoas fazem da própria felicidade e em dados econômicos e sociais. Ou seja, pensa a economia da felicidade em contraposição à valorização da riqueza, do rendimento e do lucro. O estudo da felicidade inclui outras ciências, como a Sociologia e a Psicologia.

O ranking é realizado em parceria com o instituto de pesquisa Gallup e a universidade de Oxford, no Reino Unido. São avaliados seis fatores para medir os níveis de felicidade da população: 1. Produto Interno Bruto (PIB) per capita, 2. expectativa de vida saudável, 3.apoio social, 4.sentimento de liberdade, 5.de generosidade e 6.percepção de corrupção.

Em 2024, o relatório incluiu avaliação sobre envelhecimento populacional e sobre demências. E, em 2025, analisou o impacto da convivência social  e do compartilhamento na felicidade. Segundo o estudo, fazer as refeições com uma ou mais pessoas melhora a percepção de qualidade de vida.

Os países nórdicos, capitaneados há oito anos consecutivos pela Finlândia, estão entre os primeiros colocados. Os especialistas apontam pelo menos três fatores importantes para a população da Filândia se sentir feliz: 1. o país possui uma forte política de bem-estar social, 2. possuem bom padrão de vida em relação a empregos, nível salarial e direitos sociais e 3. apresentam equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

A implementação do Plano de Ação da Política Nacional de Cuidados, que envolve diferentes setores da sociedade e vem sendo construído interministerialmente, com certeza vai contribuir para que o Índice de Felicidade Interna da população brasileira cresça ainda mais.

PS: Domingo, dia 23, o Projeto Caminhantes está de volta. Vamos caminhar no Bosque do Museu de Arte de Brasília (MAB) a partir das 8h30. Mais informações Aqui.

 

2 thoughts on “A Política Nacional de Cuidados e o Índice de Felicidade Interna

  1. Perfeito. Grande avanco!! Ainda temos muito a caminhar. Destaco a Previdência que, focada na doença esquece ou omite que o contexto social performatico visando apenas producao impacta fortemente em que tem limitações. vamos enfrente.

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