Cosette Castro
Brasília – Historicamente, entre as classes média e alta brasileira, janeiro é um mês de férias. E férias, até pouco tempo, era sinônimo de viagem, pequenas ou longas.
Com origem no latim feriae, a palavra férias significa dia de descanso ou dedicado a festas.
Mas foi-se o tempo em que as pessoas, servidores públicos, profissionais liberais ou funcionários de empresas privadas, podiam começar o ano viajando em janeiro.
Seja porque agora boa parte são empreendedores, “senhores do seu próprio negócio”. Se não trabalharem, não têm dinheiro. Ou porque são trabalhadores informais. Isto é, faça chuva ou faça sol, dependem do que produzem.
Há também aquelas pessoas que trabalham no campo, em pequenas áreas rurais, com a família participando. Elas não conseguem viajar. E torcem para que não ocorram chuvas ou secas que destruam a lavoura.
E há pessoas que, mesmo com direito a alguns dias de férias, não conseguem viajar. Seja pelo baixo orçamento, seja porque são cuidadoras familiares e não têm com quem deixar o parente. Tampouco têm como pagar uma profissional para cuidar do ente querido.
Para quem cuida um familiar, a ideia de festas, feriados e férias tem outra dimensão. Nem sempre é festiva, com participação familiar. Nem sempre o cuidado é compartilhado e colaborativo.
Enquanto algumas pessoas têm a possibilidade de passear, dormir, comer em outros lugares e realizar novas experiências, quem cuida um ou mais familiares segue realizando uma pesada rotina de atividades diárias. Em geral são multitarefas e trabalham sem remuneração.
Frente a essa realidade, que é o cotidiano da maior parte da população de baixa renda no país, como relaxar, descansar e se divertir?
Em tempos de cuidados domésticos, de cuidados pessoas de diferentes idades, cuidados de plantas e animais cujas atividades são diárias, é preciso usar a imaginação. E descobrir maneiras de tirar férias, mesmo permanecendo em casa.
Ainda que seja um dia na semana. Um turno durante alguns dias. Ou algumas horas a cada dia.
Nos domingos e feriados das principais cidades do país, por exemplo, uma avenida importante é fechada para que as pessoas possam se encontrar, possam caminhar e praticar diferentes exercícios físicos.
Quem sabe, nesse ou em outro dia, seja possível aproveitar para fazer um piquenique com pessoas amigas, aquelas que foram sendo deixadas de lado desde que começaram os cuidados familiares. Essa atividade pode ser realizada também em um parque, no Jardim Botânico ou em um Zoológico desfrutando a natureza.
Em muitas cidades é possível alugar bicicletas individuais, bicicletas para casais e para famílias passearem. Há bicicletas para todos os tipos de pessoas, mesmo que você não esteja acostumada a fazer exercícios. 15 minutos é um bom começo.
Em cidades do litoral, é possível levar a pessoa idosa e demais familiares na praia e, quem sabe, fazer um lanche ou piquenique lá mesmo. Mesmo que a volta seja em um ônibus ou em um carro adaptado para esses desafios.
Mas para muitas pessoas anda faltando algo mais que tempo ou dinheiro para férias. O cansaço acumulado às vezes é tão grande que pode faltar ânimo para tirar momentos para si.
Pode faltar presença, aquele espaço de autocuidado que deveria ser reservado para cuidar atentamente de si. Às vezes não sobra energia, principalmente quando estamos vivendo em função de uma outra pessoa.
Há pessoas que, entre os gastos de cuidados com medicamentos, sondas, alimentação, contratação de cuidadoras e outros profissionais da saúde, ficam sem orçamento para sair de férias e viajar. Mas elas precisam descansar, sob o risco de adoecer física e emocionalmente.
Férias podem ser tiradas dentro de casa. Desde que seja possível períodos de descanso diários.
Pode ser um espaço para dormir até um pouco mais tarde durante uma semana. Ou fazer caminhadas aleatórias sem marcar hora no relógio nem pensar em metas a serem atingidas.
Pode ser uma sessão de cinema em casa ao lado de amigas e amigos (ou parentes) com um balde de pipoca a ser desfrutado sem culpa. Inclusive com direito a pausas para ir no banheiro ou para fazer um comentário.
Ou um almoço coletivo onde cada pessoa leva algo de comer ou beber. E onde cada pessoa é responsável por lavar o que sujou.
O descanso pode vir em forma de um banho relaxante mais demorado antes de dormir. Ou em forma de um escalda pés com ervas cheirosas.
Estar de férias é mais do que um lugar a ser mostrado em fotos ou vídeos no Instagram, X, Facebook, Threads ou Tik Tok. É um espaço de descanso e comemoração pela (sua) vida, com direito a não fazer nada ou pensar em compromissos futuros nas próximas horas.
PS: No domingo Fernanda Torres ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Globo de Ouro de 2025 pelo filme “Ainda Estou Aqui”. Em novembro foi publicado aqui um texto sobre o filme.
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