Cosette Castro
Brasília – Há cinco anos, no mês de dezembro, o Coletivo Filhas da Mãe foi criado a partir da pergunta: Quem Cuida de Quem Cuida? Naquele momento, a pauta do cuidado, em especial o não remunerado, ainda não tinha visibilidade.
Nessa trajetória, os momentos mais gratificantes têm sido os aprendizados, as novas pessoas que chegam e os parceiros e grupos que vamos conhecendo em um movimento constante de solidariedade e acolhimento. Sem esquecer as políticas públicas para construir uma Sociedade do Cuidado.
Um mundo se abre a cada encontro. Novas escutas se tornam possíveis. Novas ideias surgem no mundo presencial e no mundo virtual. Escutamos, por exemplo, o receio de algumas mulheres em participar de projetos, pois “não sabem”, “não têm experiência”. Ainda assim, convidamos pessoas de diferentes idades para “sair do lugar do não sei para fazer a experiência”.
Nunca participou das oficinas de leitura e escrita criativa oferecidas durante 2023 e 2024? É um bom momento para começar. É a possibilidade de dar um primeiro passo para escrever sobre si mesma. Nunca caminhou em grupo? Esperamos você no domingo, 15/12, no Parque das Garças, localizado no Lago Norte, em Brasília.
Domingo tem a última Caminhada de 2024
Nestes cinco anos, convidamos as mulheres cuidadoras a contarem suas experiências de diferentes maneiras. Através de vídeos, áudios e no Blog o Coletivo no Correio Braziliense. Desde 2020 elas vêm escrevendo suas historias. Ainda assim, um dos comentários que mais escutamos é: “eu não sei escrever”.
Nós acreditamos que contamos histórias todos os dias. Que todas nós sabemos escrever. Só não sabemos que sabemos. Às vezes é melhor contar a história no gravador do celular como se tivesse conversando com uma amiga. E só depois passar pro papel. Até tomar corpo e forma. Tom e cor.
É lindo ver quando uma mulher se enche de coragem, respira fundo e escreve sem cair nas garras do monstro do perfeccionismo que vive dentro de nós. Aquele que compara tudo que fazemos com o que outras pessoas fazem (ou escrevem).
É gratificante quando vemos a alegria de alguém que produziu algo que nunca tinha feito (estandartes, flores de papel ou customização de camisetas).
É encorajador quando as pessoas saem de casa para assistir uma Oficina sobre os Usos e Desafios do Celular (2024), aceitando que, apesar de ter uma tecnologia digital à mão, muitas vezes não sabem utilizar seus recursos. É exemplar quando pessoas de diferentes idades criam coragem e participam do Bloco de Carnaval do Coletivo Filhas da Mãe.
Sabemos que estamos no caminho certo quando uma pessoa que não pratica exercícios, decide caminhar em grupo conosco. Seja nas caminhadas dos domingos pela manhã nos parques de Brasília. Seja na Caminhada da Memória, durante o Setembro Roxo (2022, 2023 e 2024).
Cada vez que uma mulher toma coragem e compartilha o cuidado familiar com outra pessoa, que delega responsabilidade e sai de casa para praticar autocuidado e o cuidado coletivo, ela está gerando energia para mobilizar outras mulheres. Mesmo que não se dê conta disso.
Cada vez que um homem se corresponsabiliza pelo cuidado, participa e sai às ruas ao lado das mulheres, ele diz basta à Sociedade da Violência.
PS: Chegou a camiseta comemorativa aos 05 anos do Coletivo. Contribua com nossos projetos comprando uma ou mais camisetas. Acesse Aqui
PS 2: Este domingo,15/12, às 8h30, realizaremos a II Caminhada pelo Fim da Violência Contra as Mulheres no Parque das Garças. Informações e inscrição gratuita aqui
PS 3: Natália Duarte e Osiris Reis representam o Coletivo Filhas da Mãe, ao lado da delegação eleita para a 4a. CNGTES. Parabéns a todos participantes!