Cosette Castro
Brasília – No mês em que comemora 05 anos de atividades, o Coletivo Filhas da Mãe entra no ritmo de comemoração com atividades presenciais e online.
No domingo, dia 08, dentro do Projeto Caminhantes, realizamos mais uma trilha urbana em Brasília: “Os Caminhos de Athos Bulcão na Asa Sul.” O roteiro, inédito, dá continuidade, as duas edições anteriores em homenagem ao artista plástico e à memória da cidade, realizadas na Asa Norte. (Veja as fotos aqui)
Não caminhamos ao acaso. Além de estar presente todos os domingos em parques da Capital Federal, apostamos em projetos que relacionam meio ambiente, caminhadas e arte como espaço de promoção da saúde física e mental de quem cuida.
No próximo domingo, dia 15/12, será realizada a última trilha de 2024, ano em que realizamos 47 caminhadas. É a II Caminhada em Apoio ao Fim da Violência Contra as Mulheres. Mais uma vez estaremos no Parque das Garças, no Lago Norte, às 8h30, em parceria com o Grupo Caminhadas de Brasília. Entrar no grupo aqui.
Nestes cinco anos, criamos o primeiro bloco de carnaval no país a ocupar às ruas falando e cantando sobre quem cuida de quem cuida, sobre memória e sobre demências. Inclusive trazendo às ruas pessoas de diferentes idades que nunca tinham pulado carnaval.
A ideia, quando criamos o Coletivo Filhas da Mãe, foi chamar a atenção da população sobre as mulheres, invisibilizadas no trabalho gratuito do cuidado. E tratar sobre temas difíceis de lidar, principalmente quando se trata de perder diariamente, aos poucos, um familiar, que vai deixando de reconhecer filhas e filhos.
Diante de um tema tão pesado, só a leveza e a alegria que o carnaval representa poderia fazer a diferença e alcançar diferentes públicos. Nunca sozinhas, sempre em parceria. Desta vez com o mais antigo bloco da saúde mental de Brasília, o Rivotrio. Em 2023 criamos o coletivo dos Blocos de Carnaval da Saúde Mental do Distrito Federal.
Antes do carnaval há muito trabalho invisível e voluntário que começa ainda em dezembro. Entre eles, os preparativos para oficinas de samba no pé, estandartes, customização de camisetas e tiaras, além dos eventos de Esquenta Carnaval. São espaços para promover o encontro e o vínculo entre as pessoas que cuidam. E para conversar e dar risada, embora inicialmente sejam risos contidos pelas dificuldades cotidianas do cuidado gratuito de pessoas doentes.
Nossa pergunta de origem ainda é: Quem Cuida de Quem Cuida? Nem sempre as famílias estão presentes e há uma sensação de solidão que permeia as cuidadoras familiares de todo o país, independente de quem cuidem e da idade do familiar. Muitas são cuidadoras sanduiches, cuidando de filhos, netos e pais ao mesmo tempo.
Para acolher as cuidadoras sem remuneração criamos um grupo no Whats App que funciona todos os dias, das 7 às 22h. Algo em torno de 23.630 horas de troca de informações, dicas e afeto em cinco anos, sem computar este mês de dezembro.
Em geral, pessoas que cuidam esquecem de si mesmas para cuidar gratuitamente de um ou mais familiares. E muitas vezes, adoecem física e emocionalmente, além de empobrecer, se endividar e ficar esgotadas. Por isso, grupos de acolhimento e rodas de conversa, virtuais e presenciais, são tão importantes.
Os projetos do Coletivo Filhas da Mãe são voltados para estimular o autocuidado e o cuidado coletivo e para sair da Sociedade da Violência em que vivemos, principalmente contra as mulheres. O objetivo é construir uma Sociedade do Cuidado.
Para isso, precisamos de Leis, como a recém aprovada Política Nacional de Cuidados, de Planos para aplicação da Lei, estratégias, orçamento e campanhas informativas em diferentes áreas, como saúde, educação e assistência social. Também é preciso informação e saber lidar bem com as tecnologias digitais.
Pensando nisso, o Coletivo Filhas da Mãe vai realizar na quinta-feira, dia 12, Oficina presencial gratuita sobre os usos do celular com a professora Fabiana Simões, em Brasília. É um bom momento para tirar dúvidas e aprender mais. Inscrições aqui
PS: Terça-feira, 10/12, é o dia internacional dos Direitos Humanos, cuja Declaração Universal foi criada há 76 anos. Em 2023, o Coletivo Filhas da Mãe recebeu o Prêmio Marielle Franco de Defesa dos Direitos Humanos/CLDF.
PS 2: A partir desta semana estaremos vendendo camiseta comemorativa de cinco anos. Apoie o Coletivo Filhas da Mãe. Link para compra aqui.