É Preciso Ter Coragem

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Cosette Castro

Brasília – O fim de semana começou na Capital Federal com a abertura do mais antigo festival de cinema do país: o Festival de Cinema de Brasília em sua 57a. edição. O Festival, que se espalha por todo o Distrito Federal, oferece programação para todas as idades até o sábado, 07/12. (Leia aqui).

Embora não façam parte da programação do Festival, dois filmes brasileiros sobre demências vão chegar ao público. O primeiro, esta semana, pela Globo Play. Trata-se do documentário sobre a vida do jornalista Maurício Kubrusly  que vai ao ar na quarta-feira, dia 04/12. Ele, que foi um dos mais conhecidos profissionais da Rede Globo, hoje tem Demência Frontotemporal (DFT), um tipo de demência com diferentes variantes.  Saiba mais aqui.

E, em janeiro, chega às telas de cinema o filme ” Kasa Branca”, dirigido pelo cineasta Luciano Vidigal. A obra conta a vida de Dé, um jovem negro que vive na periferia e que recebe a notícia que a avó tem Alzheimer e está morrendo. O diferencial do filme é que Dé decide que ele e a avó vão desfrutar a vida enquanto for possível. Saiba mais aqui.

Esta semana também é dia de lançamento em Brasília de livro  com crônicas sobre o esquecimento e a perda da memória. Na terça-feira, dia 02/12, o arquiteto e escritor Luiz Phiplipe Torelly vai lançar “Conversando com Mamãe”, na livraria Sebinho, na CLN 406, às 17h. Fui convidada para escrever a apresentação do livro e, para estimular a curiosidade sobre a obra, segue abaixo alguns trechos do texto “É Preciso Ter Coragem”.

“É preciso ter coragem para escrever um livro sobre demência, principalmente quando a personagem principal é a própria mãe. Mas coragem não falta a Luiz Philippe Torelly, arquiteto e urbanista, autor de três livros e várias outras obras coletivas.

Na coletânea de crônicas publicadas no Facebook entre os anos 2018 e 2021/22 conhecemos Dona Glorinha, a matriarca da família, que teve demência e faleceu aos 94 anos. Descrita como um misto de Úrsula, personagem de Gabriel García Marquez em Cem Anos de Solidão, e Bibiana, personagem de Érico Veríssimo na trilogia O Tempo e O Vento, D. Glorinha vai descortinando, através do filho, as histórias da família.

(…) Nas 19 crônicas, o autor lembra que, no início, ele e os irmãos ficaram perdidos, perplexos, pois imaginavam que as mães são eternas. Essa fantasia que só existe no campo do desejo, daria às mães um poder inexistente.  Mas as mães, mesmo aquelas fortes, que são o esteio da família, como Dona Glorinha, são finitas e podem adoecer. E mais, podem ter demência e, no decorrer da doença, podem esquecer do nome dos familiares, inclusive dos filhos.

(…) Entre as memórias do passado, resgatadas antes que o fio da história se perdesse, e os relatos apresentados no livro, temos a tentativa do autor de seguir conversando. Já não mais com a mãe, mas sobre ela com leitores e leitoras, mantendo viva a tradição dos relatos familiares. E que melhor forma de declarar o amor à mãe e de tentar mantê-la viva? O autor utiliza os próprios relatos e oferece a possibilidade de que eles se multipliquem através da leitura e dos comentários de leitores e leitoras.”

Em dezembro o Coletivo Filhas da Mãe completa 05 anos de atividades em defesa de quem cuida e pela construção de uma Sociedade do Cuidado. Para comemorar,  durante o mês serão oferecidas atividades abertas e gratuitas à população.

PS 1: A agenda especial inclui Roda de Conversa  Presencial sobre Cuidado e Autocuidado na quinta-feira, dia 05/12, coordenada por Manoela Dias. Local: Espaço Longeviver (Quadra 601 Sul, ed. Providência das 19 às 20h30, em Brasília. Inscrição gratuita aqui

PS 2: No domingo, dia 08/12, será realizada a Caminhada urbana inédita  sobre os Caminhos de Athos Bulcão na Região Central e  na Asa Sul, com comentários de Vitor Borisow e coordenação fotográfica de Verônica Gurgel, do Grupo Caminhadas de Brasília. Ponto de Encontro: SESI LAB (na parte de baixo, voltado para a Biblioteca Nacional), às 8h.  Inscrição gratuita aqui.

Mais uma vez o Coletivo  Filhas da Mãe realiza projetos de promoção da saúde física e mental, com a certeza de que as atividades físicas,  a arte, a cultura e a memória, inclusive a da cidade, precisam ser estimuladas todos os dias.

Cosette Castro

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