Cinco Anos São Mais Que Cinco Dias

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Cosette Castro

Brasília – O Coletivo Filhas da Mãe  vai começar dezembro completando cinco anos de existência.

Quando olhamos para os lados, pois não andamos sós,  e para trás, vemos um legado de muita abundância. E não apenas faltas e despedidas.

Vemos histórias construídas (e reconstruídas)  conjuntamente,  famílias que acompanhamos e nos acompanharam ao longo de cinco anos. Amizades novas e amizades que se foram, mas que, seguramente, não esqueceram a experiência no Coletivo Filhas da Mãe.

Temos muita vida a comemorar. Muitos projetos em conjunto, em parceria. E muitas despedidas, pois a vida também é constituída da finitude.

Aceitar o fim de um ente querido não é fácil. Mas este  é um processo que todas as pessoas que cuidam familiares e participam do Coletivo Filhas da Mãe vão, aos poucos,  aprendendo a lidar, sabendo que não estão sozinhas.

Em cinco anos construímos  uma trajetória que abrange experiências locais, regionais e nacionais. E também campanhas internacionais, como a campanha de vídeo nos celulares realizada em plena pandemia. Ali declaramos em bom tom que “Velhice não é Doença”. (Conheça outros projetos no Canal do YouTube FILHAS DA MÃE COLETIVO).

Enquanto a maioria dos grupos do país tinha foco na doença, em especial no Alzheimer, há cinco anos passamos a chamar a atenção para a importância de fala e escrever  no coletivo: demências. Existem quase 100 tipos de síndromes neurodegenerativas progressivas e sem cura, onde o Alzheimer representa cerca de 70% dos casos, em sua maioria atingindo mulheres.

Consideramos importante informar sobre os cuidados necessários em cada fase das demências e fazemos isso diariamente no grupo de WhatsApp. Entretanto o  Coletivo Filhas da Mãe partiu  de uma pergunta de origem: Quem Cuida de Quem Cuida?

Desde o começo nossos projetos incluíram o autocuidado e o cuidado coletivo. Isso não ocorreu por acaso. Focamos no Cuidado de Quem Cuida um ou mais familiares para (tentar) evitar o adoecimento físico e emocional de novas gerações de mulheres cuidadoras. Apostamos na promoção da saúde, no encontro e na força potencial dos afetos.

No Coletivo Filhas da Mãe há cinco anos subvertemos a língua portuguesa ao falar e escrever no feminino. A mesma língua portuguesa que foi escrita por homens que proibiam as mulheres de estudar,  trabalhar e de ter vida social. Ou de ter conta no banco até os anos 60.

Apesar do estranhamento de muitos homens e algumas mulheres, seguimos  usando o feminino para chamar atenção sobre a situação de milhões de mulheres no Brasil que cuidam gratuitamente familiares. Algumas desde os 10, 14 anos e seguem cuidando depois dos 60. Ao falar no feminino  também reverenciamos nossas ancestrais silenciadas (e inclusive ameaçadas)  por tantas gerações.

Diariamente atuamos para tirar as mulheres cuidadoras sem remuneração da invisibilidade, do lugar da naturalização do cuidado como algo da “natureza do feminino”. Cuidado é Trabalho.

É um trabalho gratuito que rende muita economia para o Estado. Ao não reconhecer oficialmente como trabalho, o Estado não paga direitos sociais nem inclui o cuidado familiar nos anos para aposentadoria de milhões de mulheres. Por isso precisamos urgentemente da Política Nacional de Cuidados, de um Plano de Cuidados e da aprovação da PEC 14 que incluí o cuidado como um direito constitucional.

Em cinco anos, não atuamos sós.

Caminhamos nos parques, brincamos, andamos em cortejo e pulamos carnaval. Escrevemos no Blog, escrevemos artigos acadêmicos e livros. Desenvolvemos e participamos de pesquisas. Criamos leis e participamos de políticas públicas.

Nesse período realizamos projetos para sair da Sociedade da Violência em que vivemos para criar uma Sociedade do Cuidado. Nessa trajetória, realizamos parcerias com grupos de todo o país.

Com grupos de pessoas idosas, pois somos um país em processo de envelhecimento. Com jovens mães cuidadoras, muitas que se tornam cuidadoras sanduiches. Com coletivos da saúde mental, com movimentos que apoiam pessoas com deficiência, com feministas,  com pesquisadoras e pesquisadores, com universidades. E com mulheres empreendedoras que tentam construir outro futuro. E seguimos abertas para novas e solidárias  parcerias.

Programação 05 Anos

Domingo, 01/12, 8h30 – Caminhada no Parque Ecológico da Asa Sul com plantio de mudas. Local: 614 Sul. Apoio ao Projeto Tempo de Plantar 2024. Inscrição aqui

Terça-feira, 03/12,17h – Apoio ao lançamento do livro “Conversando com Mamãe”, de Luiz Phillipe Torelly, na livraria Sebinho (CLN 406, Asa Norte), sobre demência.

Quinta-feira, 05/12, 19h – Roda de Conversa Presencial, Especial de Aniversário, com Manoela Dias. Local: Centro Longeviver (Quadra 601 Sul, ed. Providência, 2o. Andar, Asa Sul). Inscrição gratuita aqui

Domingo, 08/12, 8h – Trilha Urbana Fotográfica – Os Caminhos de Athos Bulcão na Asa Sul, com comentários de Vitor Borisow e coordenação fotográfica VerônicaGurgel. Local: SESI LAB. Inscrição gratuita aqui. Parceria: Grupo Caminhadas de Brasília.

Quinta-feira, 12/12, 10h – Oficina Explorando o Mundo Digital e o Celular, com a professora Fabiana Simões. Local: Centro Longeviver (Quadra 601 Sul, ed. Providência, 2o. Andar, Asa Sul). Incrição gratuita aqui.

Domingo, 15/12, 8h30 – II Caminhada de Apoio ao Fim da Violência Contra as Mulheres. Local: Parque das Garças, final do Lago Norte. Inscrições aqui. Parceria: Grupo Caminhadas de Brasília. Inscrição gratuita aqui.

Cosette Castro

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