Combate à Violência, Amor e Vulnerabilidade Social

Publicado em Cuidado e Autocuidado, Sem categoria

Cosette Castro & Regina Almeida

Brasília – O texto de hoje se divide em duas partes. Começa pelo  combate à violência contra as mulheres. E depois apresenta o texto da psicóloga Regina Almeida sobre Amor e Vulnerabilidade Social.

Em um país violento para as mulheres, ontem, o Presidente Lula deu mais um passo para proteger as brasileiras de todas as idades.

Lula assinou a Lei 14.994/24, que amplia para até 40 anos a pena para o crime de feminicídio. A Lei também incluiu o feminicídio no Código Penal.

Entre outros itens, a Lei 14.994/24  determina que, em caso de descumprimento de medida protetiva, a pena para o homem infrator passa a ser de dois a cinco anos de reclusão com multa.

A assinatura da Lei faz parte da Mobilização Nacional pelo Feminicídio Zero lançada em 2024 pelo governo federal. Isso não ocorre por acaso. Somente no Distrito Federal ocorreram 15 feminicídios em 2024. E no Brasil ocorreram 1.463 feminicidios em 2023. Conheça a nova lei aqui.

Amor e Vulnerabilidade Social

Paralelo a participação em campanhas  e ações estruturais de combate à  violência contra as mulheres, é preciso construir uma Sociedade do Cuidado.

Acreditamos que participar em atividades comunitárias  contribuem para o cuidado coletivo. É um ato amoroso em relação aos demais, inclusive àquelas pessoas que não conhecemos.

A convidada desta edição é a psicóloga Regina Almeida, presidente do Instituto Tocar e da Rede Consciência (DF). Há dois anos, as duas instituições realizam parceria com o Coletivo Filhas da Mãe na área do cuidado.

Os projetos  incentivam atividades intergeracionais gratuitas  para pessoas que cuidam familiares com demência, em sua maioria mulheres. Entre as atividades estão  meditação, automassagem, exercícios respiratórios e yoga na cadeira.

Regina Almeida – “O amor, em sua essência, manifesta-se de formas sutis e poderosas.

Uma de minhas atuações está no cuidado com o ambiente ao nosso redor, tanto o interno quanto o externo.

Mesmo em situações de vulnerabilidade social, onde as condições materiais são limitadas e muitas vezes desafiadoras, o amor pode se expressar na maneira como tratamos o espaço em que vivemos. E, principalmente, em como nos relacionamos com os outros e conosco mesmo.

O ambiente interno refere-se ao nosso mundo emocional, mental e espiritual, independente da religião que a pessoa pratique.

Cuidar desse espaço é um ato de amor próprio, uma forma de nutrir a esperança, a resiliência e a dignidade, especialmente em momentos difíceis. Esse autocuidado se reflete nas pequenas ações. Entre elas, praticar a gratidão, manter o respeito consigo e com os outros. Ou ainda buscar maneiras de cultivar a paz interna, mesmo em meio ao caos externo.

Por mais que o contexto seja desafiador, a escolha de olhar para dentro e cultivar um espaço de serenidade e autocompaixão é uma expressão de amor que transcende as circunstâncias. Não é fácil, mas também não é impossível.

O ambiente externo, por sua vez, é um reflexo desse autocuidado interior. Quando uma pessoa cuida do espaço físico ao seu redor – seja um quarto simples, uma casa modesta ou o “seu” canto na rua – está manifestando o desejo de dignidade, de ordem e de beleza, mesmo em meio à escassez.

Um ambiente cuidado reflete a valorização da vida e o desejo de criar um espaço onde a vida e o amor possa florescer para si mesmo ou para os outros.

Pequenos gestos, como manter uma área limpa, plantar uma flor ou organizar um ambiente, podem parecer insignificantes para que vive com equilíbrio financeiro e familiar. Mas são poderosas formas de resistência e de afirmação de que, mesmo na vulnerabilidade, há beleza, valor e significado na vida.

A vulnerabilidade social muitas vezes retira das pessoas a sensação de controle e de escolha. No entanto, o cuidado com o ambiente interno e externo é uma forma de afirmar que, apesar das adversidades, é possível escolher amar, cuidar e transformar, mesmo em pequenas coisas. O amor torna-se uma força transformadora que mantém a dignidade da pessoa e  inspira a comunidade ao redor.

O amor no cuidado do ambiente é uma forma profunda de resistir à desumanização. Também afirma que todos merecem viver em um espaço digno, tanto externa quanto internamente. Esse cuidado não só nutre o ser individual, mas também cria um ciclo de cuidado coletivo, comunitário, promovendo a esperança e a transformação, mesmo em meio às circunstâncias mais difíceis.

Quero aproveitar esta reflexão para contar uma experiência que vivenciei com meu filho Raion no final de setembro. Encontramos a casa (foto) construída em uma situação de vulnerabilidade, de vivência na rua. Apesar dos desafios, está limpa, florida e ainda tem tapete e uma cortina de renda. Tem amor, vida e alegria. É inspiradora.

Esse exemplo mostra que, mesmo diante da seca, a primavera vai florescer, interna e externamente.

Desejo que, apesar dos desafios diários de quem cuida um ou mais familiares, tenhamos novos olhos para ver a nós mesmas e ao nosso redor.

Tudo pode começar com um pequeno e transformador desejo de ‘bom dia’ no elevador ou na rua.”

 

 

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