Conheça Mais o Relatório Nacional Sobre Demência

Publicado em Demência

Cosette Castro & Juliana Lira

Brasília – Nesta edição voltamos a dar mais detalhes sobre o Relatório Nacional Sobre  Demências (ReNaDe) 2024. Desta vez, a partir do olhar da professora  em Fonoaudiologia da UnB, Juliana Lira, que é colaboradora do Coletivo Filhas da Mãe.

Juliana Lira – “No final de setembro tive  a oportunidade de participar do lançamento do Relatório Nacional sobre Demência – ReNaDe (Link  Aqui). Estiveram presentes pesquisadores renomados da área da saúde e organizações da sociedade civil que defendem a causa da pessoa idosa. Havia também gestores do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), além de profissionais do SUS que atuam diretamente com a população.

O relatório, tema das últimas publicações  deste Blog, é um documento abrangente que analisa a situação da demência no Brasil. Também propõe diretrizes para enfrentar esse importante e crescente desafio na área da saúde. 

Vários dados preocupantes foram apresentados no ReNaDe. Entre eles,  o número de pessoas com demência no Brasil. Era 2,46 milhões em 2019 e deverá aumentar para 8,74 milhões  de casos em 2059. Além disso, existe a estimativa de que o número de pessoas com demência ainda não diagnosticadas no país seja de 80%. Principalmente em locais que não estão nas regiões Sudeste e Sul.

Entre as recomendações feitas,  incluem criar estratégias para aumentar a taxa do diagnóstico de demência bem como diminuir seus riscos. Em âmbito mundial,   pesquisa feita em julho de 2024 (Link Aqui) com dados de 166 países e territórios aponta que 45% dos casos de demência  podem ser evitados. No caso brasileiro, esse percentual chega a 48%.

Eles são atribuíveis a 14 fatores de riscos, a saber: poucos anos de estudo, perda visual e auditiva não tratadas, obesidade, isolamento social, diabetes, pressão alta, sedentarismo, colesterol alto, depressão, fumo e ingestão de bebidas alcoólicas, poluição do ar e traumas na cabeça.

No Brasil, o  Sistema Único de Saúde (SUS) mostra-se de extrema importância para efetivar as recomendações, especialmente no nível da atenção primária.

O famoso postinho de saúde ou unidade básica (UBS)  onde é feito o cuidado inicial em todo o curso da vida, com abordagem multi/interprofissional e foco na promoção da saúde, pode permitir o rastreio e atuar para reduzir os fatores de risco.

Em relação ao diagnóstico de demência, foi apresentado um fluxograma bem prático com o intuito de apoiar os profissionais da atenção primária na identificação inicial.

No começo, levantam-se as queixas de memória e/ou outras funções cognitivas, com o uso de três questões que estão na Caderneta da Pessoa Idosa. Caso a queixa seja positiva, deverá ser feito por profissional habilitado(a) um rastreio cognitivo inicial. Por fim, há a avaliação médica, que investiga se a causa deste prejuízo cognitivo é demência ou não.

Se houver amplo treinamento e uso adequado deste protocolo de maneira capilarizada, o diagnóstico de demência poderá ser efetivamente realizado no país.

A propósito, o treinamento dos profissionais de saúde é um dos enfoques do ReNaDe, para além da técnica procedimental de cada ocupação. É fundamental que a capacitação englobe os cuidados centrados na pessoa, considerando as diferenças regionais, étnicas e socioeconômicas, conforme recomenda o Relatório.

Ainda são necessárias muitas pesquisas e ações para que haja um Plano Nacional em Demência que seja efetivo. Mas o lançamento do ReNaDe 2024 traz esperanças”.

PS: O Coletivo Filhas da Mãe apoia a criação e implementação urgente do Plano Nacional de Demências com orçamento que inclua, além da necessária formação dos  profissionais da saúde , campanhas permanentes para que a população compreenda o  que são as  demências, quais os fatores de risco e como diferenciar envelhecimento natural de sintomas de demência.

PS1: Durante o evento na OPAS, foram coletadas sugestões em vídeo das pessoas presentes a partir da proposta da campanha mundial de conscientização sobre demências 2024, “É Hora de Agir”. As sugestões podem ser assistidas no Instagram (@blocofilhasdamae) e no Facebook (coletivofilhasdamãe).

 

 

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