O Dia em que o Eixão Norte Foi Silenciado

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Cosette Castro e Juliana Seidl

Brasília – Hoje o Blog foi dividido em duas partes. A primeira é dedicada ao Eixão Norte, em referência ao domingo em que o Eixão Norte ficou em silêncio forçado.

Na segunda parte do Blog abrimos espaço para a psicóloga e pesquisadora Juliana Seidl apresentar a pesquisa que vai desenvolver sobre Diversidade e Inclusão Etária nas Organizações.

Vamos a questão do Eixão Norte.

Quando acordamos no domingo, 01/09, em Brasília imaginávamos um dia perfeito. Apesar dos 131 dias sem chuva e umidade bem abaixo dos 50% indicados como saudáveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Durante a manhã, lançamos a campanha Setembro Roxo 2024, mês mundial de conscientização sobre demências, entre elas o Alzheimer, no Parque Olhos D´Água, na Asa Norte, logo após a caminhada de domingo.

Distribuímos folhetos informativos e conversamos com as mais de 250 pessoas que aproveitavam o dia de sol. E também tivemos espaço para informar sobre o Setembro Roxo em meio à Roda de Choro do Coletivo Café com Chorinho.

Qual a nossa surpresa ao saber que o Eixão do Jazz, o Choro no Eixo e a Roda de Samba no Eixão do Lazer, ali pertinho, foram cerceados em seu direito de ocupar a cidade oferecendo gratuitamente arte e cultura para a população?

Eles foram forçados  por um aparato policial  que envolveu mais de 15 viaturas e carros guincho a guardar tudo e ir embora. Uma fiscalização que não se vê na área da saúde nem nos puxadinhos que se proliferam. Nem nas barbáries cometidas pela construção civil.

Nas barracas de alimentos e bebidas, a produção do dia foi perdida para  trabalhadores que vivem na informalidade.

Também foram obrigados a desmontar tendas e sair do Eixão artesãos, grupos de percussão que ensaiavam no local e até, pasmem! Grupos de autocuidado.

Pela primeira vez, desde a pandemia, o Eixão ficou em silencio.

O que tem sido uma alegre e diversificada ocupação do espaço público se transformou em um domingo triste para a população de Brasília que vai para o Eixão  praticar exercícios, escutar música, fazer piqueniques e encontrar amigos  e familiares.

É uma população que movimenta o comercio informal daqueles que não têm orçamento para ter um bar ou restaurante no Plano Piloto.

A população e os movimentos sociais não ficaram calados. Já anunciaram a realização de uma caminhada em defesa do Eixão no próximo domingo pela manhã. Um dia depois do feriado de 07 de setembro. O Coletivo Filhas da Mãe estará presente.

Diversidade e Inclusão

Juliana Seidl – “Tsunami grisalho é como o demógrafo José Eustáquio  Diniz Alves (2019) denominou o rápido envelhecimento populacional brasileiro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023),  o Brasil tem mais de 55 milhões de pessoas com 50 anos de idade ou mais, o que representa 26% da população.

A previsão é de que esse grupo populacional chegue a 90 milhões em 2045 (Instituto Locomotiva, 2022). Como consequência das reformas da Previdência – como a última, aprovada em 2019 – já está sendo exigido que as pessoas longevas trabalhem por mais tempo.

Na iniciativa privada, a representatividade de funcionários com 50  anos ou mais varia de 1 a 5% (Great Place to Work, 2023). Entre as 15 empresas que receberam o selo “Melhores Empresas Para Trabalhar 50+” em 2022 no Brasil, 19% tinha até 25 anos; 32% do quadro funcional tinha entre 26 e 34 anos; 30%, entre 35 e 44; 12%, entre 45 e 54; e somente 7% acima de 55 anos (GPTW, 2023).

Pensar na promoção da diversidade etária nas organizações exige verificar se todas as gerações se encontram devidamente representadas.

Já para  estimular a promoção da inclusão, é necessário revisitar as políticas e práticas de gestão de pessoas e averiguar se elas são inclusivas. E se possibilitam o crescimento, reconhecimento e desenvolvimento de um conjunto de trabalhadores com diferentes idades: dos 14 anos (menor aprendiz) até os 75 anos de idade (ou mais).

Para  compreender como as organizações brasileiras estão se preparando para o envelhecimento populacional e para a convivência entre diferentes gerações no ambiente de trabalho, eu e a pesquisadora Luciana Mourão (Instituto Universo) estamos conduzindo uma pesquisa nacional sobre Diversidade e Inclusão Etária no Brasil.

A pesquisa faz parte de  um projeto internacional sob coordenação dos pesquisadores Jürgen Deller e Julia Finsel (Leuphana Universität Lüneburg).

Podem participar da pesquisa pessoas com 18 anos ou mais que trabalhem para uma organização, seja ela pública, privada ou do terceiro setor. O tempo de duração da pesquisa é de 18 minutos.  Para participar, acesse aqui: https://abrir.link/pesquisalongeva .”

PS: Nesta segunda pela manhã estivemos  ao vivo no programa Participação Popular, da TV Câmara, com apresentação de Jaciene Alves. Tema: Quem Cuida de Quem Cuida. Link aqui.

Cosette Castro

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