Nem Toda Demência É Alzheimer

Publicado em cuidado

Cosette Castro & Rosa Carla de Oliveira

Brasília – Hoje trazemos um novo relato no Projeto Filhas da Mãe Contam Historias. Em 2024 o Projeto se encontra na 4a edição.

A historia sobre a D. Carlinda, 83 anos, chega um dia depois do dia internacional da  mulher negra latino-americana e caribenha. E também do dia nacional de Tereza de Benguela, liderança quilombola dos idos de 1700 que defendeu pessoas negras e indígenas da escravidão.

Nesta sexta-feira a convidada é a advogada Rosa Carla Monteiro de Oliveira. Ela é co-cuidadora da mãe que tem demência, ao lado da irmã, a engenheira Renata Monteiro.

Rosa Carla Monteiro de Oliveira – “Há três anos minha irmã e eu fomos atravessadas pelo primeiro Diagnóstico de Alzheimer da mamãe. Contudo, após reanálise de inúmeros médicos e exames, foi constatado erro de diagnóstico. O resultado final indicou Demência Vascular.

Este ano, no dia 25 de março, mamãe teve um episódio de broncoaspiração e foi internada na UTI.

Ela foi intubada pelo agravado quadro de pneumonia e sepsia. A sepsia ocorre quando substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea para combater uma infecção desencadeiam uma inflamação em todo o corpo.

Desacreditada inicialmente pelos médicos, ela acordou no domingo de Páscoa e me perguntou: ‘Onde é que você estava?’. Eu, ainda incrédula, respondi: ‘Esperando você acordar, mãe’.

Dias depois mamãe, que estava usando sonda para se alimentar, disse ao Dr. Pedro na visita matinal dos médicos: ‘Dr. Pedro! Dr. Pedro!’ (aos gritos). ‘Quando vou comer comida, comida?’

Fiquei envergonhada com os gritos dela e com os olhares críticos dos demais e disse: ‘Xiii, Mãe, fala baixo, o Dr. está atendendo. Ele já vem aqui’. De pronto minha mãe respondeu: ‘Xi o quê! Eu sou primeira, eu sou velhinha! Dr. Pedro!’ (ainda aos gritos) . ‘Volta Dr. Pedro!’

De longe, o Dr. Pedro comentou: ‘É! Alzheimer a avó não tem mesmo’. Todos na UTI cairam na gargalhada.

Quase um mês depois mamãe voltou pra casa. Esta ultima internação gerou um declínio na qualidade de vida dela, inclusive nas habilidades motoras.

Da nossa parte, além do susto com mamãe, tivemos desgaste com o plano de saúde na eterna luta para garantir nossos direitos. Entre eles, o atendimento residencial de fonodióloga e fisioterapeuta.

Mas a professora de história aposentada segue resiliente, nos reeducando também durante os desafios da doença. Seja sobre os limites dela seja nos nossos”.

A família Monteiro é carioca da gema. Há dois anos D. Carlinda participa e alegra os carnavais do Bloco Filhas da Mãe.

PS: Ainda da tempo de se inscrever para participar online da 1a Conferência Livre Nacional de Pessoas Cuidadoras de Pessoas Idosas que vai acontecer dia 03 de agosto. A inscrição é gratuita Aqui

PS 2: No domingo, dia 28, o grupo Caminhantes do Coletivo Filhas da Mãe vai andar no Eixão Norte, em Brasília. Encontro no Buraco do Tatu às 8h30. Saída às 9h. Entre no grupo de WhatsApp Aqui

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