Entre o Cuidado Familiar e o Profissional

Publicado em Cuidadoras Familiares

Cosette Castro & Etel Monteiro

Brasília – Um dia depois da posse das novas representantes do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, abrimos espaço para o terceiro relato do Projeto Filhas da Mãe Contam Histórias.

Hoje é o dia de Etel Monteiro. Desde 2023 as prioridades da professora mudaram. Isso ocorreu após o Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico da sua mãe. Depois do AVC, ela passou a dividir os diferentes papéis que já desempenhava – filha, mãe, professora, cuidadora da casa com atividades domésticas – com mais uma atividade: cuidadora da mãe.

Nesta sexta-feira Etel compartilha conosco os desafios de contratar uma cuidadora profissional.

Etel Monteiro – “Quando vivemos a velhice de nossos pais, temos momentos incríveis em família. Até surgir a preocupação com um certo declínio deles em acompanhar as atividades familiares.

Juntos precisamos lidar com a mudança de realidade. Muitos pais idosos perdem a capacidade de realizar atividades sozinhos. Aí surge o alerta: é preciso cuidar mais de perto de quem já cuidou de nós!

Mas se tornar cuidadora familiar não é fácil. É preciso ter suporte para passar pelo processo de troca de papeis: deixar de ser filha para se tornar cuidadora. Eu encontrei esse apoio na Comunidade Filhas da Mãe.

Recebi o acolhimento de quem tem experiência própria. Isso me reconfortou. Mostrou que é possível reestruturar a vida incluindo os cuidados da minha mãe.

Mas tem sido inquietante a busca por profissionais do cuidado.

As atividades básicas de medicar no horário, manter uma rotina de lazer e socialização não são o maior problema. Entretanto, é difícil introduzir uma pessoa estranha no lar sem gerar incômodos e constrangimentos para os dois lados.

A cuidadora ideal precisa ver minha mãe.

Ver como uma senhora que gosta de conversar, de ouvir, gosta de suas rosas do deserto e orquídeas, gosta de ler a bíblia, de ver vídeos, de mandar bom dia no grupo da família, de tirar uma foto do rosto dela cada dia e postar. Precisa ser uma pessoa presente.

Como encontrar uma cuidadora profissional que me faça sentir segura?

Recorri ao Coletivo Filhas da Mãe exatamente para receber dicas de como proceder em uma entrevista. E saber o que não poderia deixar de observar.

Também para saber o que precisaria descrever sobre o serviço a ser prestado. Isso incluia a estratégia sobre como deixar minha mãe à vontade com uma pessoa estranha no espaço tão íntimo do lar.

Preciosas palavras foram ditas pelas companheiras do Coletivo, inclusive de ter a atenção de acolher a profissional e perceber as diferentes personalidades.

As melhores perguntas permitiram a candidata a cuidadora expressar como procederia em situações reais e hipotéticas que poderiam ocorrer durante seu turno. Isso possibilitou observar as respostas e a capacidade resolutiva.

Também é importante que a cuidadora faça relatos sobre seu turno. É preciso saber o que ocorre durante o serviço, especialmente as dificuldades.

Ressalto a importância de não omitir nada, para que se tenha a possibilidade de intervir no ajuste de diferentes necessidades e estratégias. Entre elas os remédios, a variação de humor, o não querer banhar-se, a irritação e possíveis episódios de agressividade.

A contratação de uma profissional é delicada e complexa.

Não se trata simplesmente de acertar valores, fixar horários, protocolos de atendimento e uma escala de trabalho. Embora um contrato deva ter esses itens acordados de forma clara.

Toda aprendizagem adquirida no dia a dia do cuidado serve para que a ajuda da cuidadora profissional seja a providência de melhores dias para mamãe. E oro para que assim seja!”

PS: Neste domingo, dia 21, o grupo Caminhantes estará participando do Projeto UM DIA NO PARQUE junto com o Grupo Caminhadas de Brasília e outros parceiros. Desta vez estaremos no Parque do Guará. A atividade é gratuita. Link para inscrição AQUI. Venha caminhar com a gente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*