Cosette Castro
Brasília – O mês de julho representa mais do que férias no meio do ano.
O mês começou lembrando que democracia, direitos humanos e fraternidade são valores a serem defendidos todos os dias.
Em uma mesma semana, a Inglaterra comemorou a volta dos trabalhistas ao poder. Isso ocorreu depois de 14 anos de políticas de redução dos serviços públicos ofertados à população, da saída da União Europeia (2020) e, mais recentemente, de aumento dos níveis de desemprego e até da inflação.
No domingo, a boa notícia veio da França quando os partidos de progressistas se uniram para barrar o país do avanço da extrema direita. A França mostrou que é preciso união de forças para lidar com a volta ao obscurantismo, com o preconceito e com a exclusão de quem é diferente.
Os franceses, que não têm obrigatoriedade de voto, conseguiram uma participação popular de 67%, a mais alta registrada durante um segundo turno em mais de 40 anos. A população entendeu o risco de voltar ao fascismo e à primazia apenas das pessoas brancas, proposto publicamente pelo partido de extrema direita de Marie Le Pen.
E o que isso tem a ver conosco? Com brasileiras e brasileiros? E com pessoas que possuem familiares, vizinhos e/ou amigos com demências, entre elas o Alzheimer?
Apesar dos nossos problemas individuais e familiares cotidianos serem aparentemente tão diferenciados, é preciso olhar também para o que ocorre em outros países e nos continentes vizinhos, como a Europa. Afinal, vivemos com internet e em uma economia globalizada. Tudo está relacionado, principalmente o futuro.
A mesma onda extremista que negou a ciência e as vacinas estimula o medo, o preconceito, o racismo, a xenofobia (hostilidade a estrangeiros), os nacionalismos, a homofobia e nega a crise climática. Não aceita pessoas diferentes, entre elas pessoas com deficiencias ou demências. E nem está interessada em pessoas com 60 anos ou mais, consideradas um “peso para a sociedade”.
Como se fosse pouco, a extrema direita divulga notícias falsas (fake news) pela internet em diferentes áreas, como a saúde, a educação e a segurança, incentivando mais medos e negacionismos. É um tipo de guerra, agora no mundo digital, que precisamos aprender a nos defender. E isso ocorre buscando e comparando informações.
Aqui no Brasil, logo teremos eleições municipais. E é preciso muito atenção no que queremos para o futuro. No nosso futuro e de nossas filhas, filhos, netas e netos, pois disso vai depender a melhora (ou não) na qualidade de vida de todas as gerações.
Um primeiro passo é observar quais projetos os candidatos já eleitos estão apoiando ou aprovando. E também é um bom momento para abrir espaço para candidatas mulheres que possuam um olhar e propostas voltadas para o cuidado coletivo.
Da nossa parte, enquanto as eleições não chegam, seguimos trabalhando no Coletivo Filhas da Mãe.
Desde 2023 participamos de reuniões nacionais e construímos propostas para a construção da Política Nacional de Cuidados (Ler Aqui) baseadas em evidências científicas e no bem-estar coletivo.
Nesse sentido, somos parceiras na realização da 1a. Conferência Livre Nacional de Pessoas Cuidadoras de Pessoas Idosas que vai acontecer no formato online dia 03 de agosto. A conferência vai discutir e aprovar propostas para a Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (4o. CNGTES)
A 1a. Conferência Livre tem inscrições gratuitas AQUI e vai aprovar propostas melhorar a qualidade de vida das pessoas que cuidam sem remuneração e também pessoas que cuidam profissionalmente, majoritariamente mulheres nos dois casos. Contamos com a sua participação.
PS: Em julho começamos o projeto Filhas da Mãe Contam Histórias, um espaço para pessoas que cuidam sem remuneração enviarem relatos que serão publicados no nosso Blog. É possível enviar historias reais em três categorias: engraçadas, tristes ou desafiadoras. Escolha um tema, escreva até 450 palavras como se estivesse conversando com alguém da família ou uma amiga e envie para o e-mail coletivofilhasdamae@gmail.com. Esperamos vocês.
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