Alexandre Silva no Programa Terceiras Intenções

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Cosette Castro

Brasília – Pensar e propor uma Sociedade do Cuidado não é algo fácil no Brasil. Principalmente quando vivemos em uma Sociedade da Violência que atenta constantemente contra os direitos humanos da população.

Essa violência ocorre em diferentes âmbitos da vida social e em diferentes gerações.

Pensando nisso, o programa Terceiras Intenções vai entrevistar na terça-feira, 25.06, o Secretário Nacional dos Direitos das Pessoas Idosas, Alexandre Silva. O programa apresentado pelo jornalista Mônica Carvalho acontece ao vivo através do Canal do You Tube Filhas da Mãe Coletivo (link AQUI), das 19 às 20h.

No mês do meio ambiente por exemplo, para além das caminhadas de domingo nos parques da cidade, seguimos realizando a campanha Junho Violeta pelo terceiro ano consecutivo.

O objetivo do projeto é contribuir para dar visibilidade sobre a violência contra as pessoas idosas que não para de crescer no país, como mostram os dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos em 2024 (link AQUI). Uma violência em sua maioria contra mulheres e pessoas negras.

A violência, inclusive sexual, que se manifesta contra mulheres com 60 anos ou mais é, em geral, impetrada por familiares. Em especial filhos e netos, os mesmos que, por lei, deveriam respeitar e proteger seus familiares idosos.

A violência contra mulheres idosas está relacionada diretamente à violência contra mulheres no Brasil que começa na infância. Um tema que segue sendo varrido para debaixo do tapete nos lares brasileiros, particularmente os mais conservadores.

Para os abusadores, ninguém vai acreditar que mulheres idosas sofram violência sexual. Até porque para muitas pessoas, mulheres deixam de “ser mulheres” após os 60 anos para serem pessoas velhas, em um nítido exemplo de preconceito etário.

Apesar das denúncias e campanhas dos diferentes grupos de mulheres e das redes de proteção entre mulheres espalhadas pelo país, poucas famílias brasileiras falam claramente sobre a violência intrafamiliar, entre elas a sexual.

Muitas famílias são contra a educação de gênero nas escolas públicas. Paradoxalmente, já que não falam em casa, a educação nas escolas permitiria que as meninas conhecessem seu corpo, seus direitos desde cedo e denunciassem pedófilos e abusadores quebrando um ciclo de violência que começa na infância.

No que diz respeito aos dados sobre a violência contra as mulheres, somente o Distrito Federal registra por ano 574 casos de medidas protetivas por ano, em geral contra ex-namorados, companheiros ou ex-maridos. Para as mulheres idosas é mais difícil denunciar seus próprios familiares.

As violências são múltiplas e, para além da família com seus silêncios e segredos, incluem o Congresso Nacional.

Aliás, são os movimentos sociais que tornam público o preconceito contra mulheres existente em um Congresso composto majoritamente por homens brancos que defendem uma pauta conservadora e religiosa. Na Câmara dos Deputados, há 421 deputados homens e 92 mulheres. E, em sendo maioria, os homens se consideram no direito de punir as mulheres. Elas que, na hora de votar, representam 53% da população.

O exemplo mais recente foi o  Projeto de Lei (PL) 1904/2024 que foi votado para ter regime de urgência e aprovado em 23 segundos com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira. O PL protege pedófilos e estrupadores e penaliza as vítimas, crianças, adolescentes e mulheres. É tão escandaloso que a população saiu às ruas e assinou abaixo-assinados pedindo o arquivamento do PL.

No Distrito Federal, além da violência contra as meninas, mulheres e mulheres 60+, temos a violência contra a área tombada de Brasília, uma cidade com nome feminino, que é patrimônio da humanidade. O PPCUB, como comentado no Blog de 21.06 (ler AQUI), é uma bomba contra a cidade e contra a qualidade de vida da população, particularmente das pessoas que cresceram junto com a Capital Federal e das próximas gerações.

Enquanto isso, no Coletivo Filhas da Mãe seguimos abrindo espaço para preservar a saúde física e emocional de quem cuida seus familiares, sem deixar de apoiar causas que defendam os direitos humanos e a qualidade de vida da população.

As ações de autocuidado e cuidado coletivo, por exemplo, através das caminhadas semanais, envolvem o estímulo à convivência comunitária, o contato com a natureza e respeito ao meio ambiente, a prática esportiva, a alimentação saudável e oficinas que promovam o bem-estar e o encontro intergeracional.

Ainda assim, temos um longo caminho a percorrer para contribuir na construção de uma Sociedade do Cuidado. Entre os projetos estruturais para a Sociedade do Cuidado que apoiamos está a PEC 14/2024, da deputada federal Flavia Morais, que inclui  o Cuidado na Constituição Federal. Ou seja, constitucionaliza o cuidado.

Cosette Castro

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