É Violência, Sim!

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Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – No mês da campanha de conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa, queremos contar 10  histórias curtas para você.

1. O marido de Maria de Lurdes, de 76 anos,  não deixava as filhas nem as amigas a visitarem. Ela vivia isolada. Foi preciso as filhas entrarem com ação na justiça para descobrir o que ocorria dentro da casa.
(Violência física, psicológica e financeira)

2. Antonio, 72 anos, que tem semidependência e anda “esquecendo as coisas”. Circula pela vizinhança com roupas sujas e velhas e cabelos sem cortar. Apesar de morar com a filha que recebe sua pensão. (Negligência)

3. Joana, 68 anos,  mora a uma quadra do filho, mas fica sem remédios frequentemente. O filho, responsável pelas compras, esquece de ir visitá-la. Não verifica se faltam medicamentos ou se a mãe toma os remédios corretamente. Joana tem vergonha de repetir  todo mês que precisa das medicações. (Negligência)

4.  Marluce adora a mãe, professora aposentada, que tem 81 anos e foi morar com ela. Gosta tanto que só fala com a mãe no diminutivo, a trata como se fosse  uma criança. Imagina que ela virou “sua filha”.
(Violência psicológica e moral)

5. Conceição, 73 anos, não consegue contar pra ninguém as ameaças, gritos, tapas e empurrões que recebe do filho. Anda todos os dias de casaco para que ninguém veja seus braços. Se não morar com ele, como vai sobreviver com a pensão de um salário mínimo, aquela que o filho administra?
(Violência física, psicológica e financeira)

6. João, 81 anos, foi atropelado. Bateu com a cabeça, quebrou pernas e braços e passou quase um mês em coma. Há mais de dois meses espera que a família o busque no hospital. (Abandono)

7. Esmeralda, 63 anos, trabalha, cuida de duas filhas, uma delas com deficiência, e da mãe com demência. Busca centro dia gratuito para deixar a mãe enquanto trabalha. Mas eles não existem na sua cidade. (Violência estrutural)

8. Paulo, 79 anos, tem Alzheimer e mora com a filha mais velha. Há dois anos a filha luta na justiça pela isenção do Imposto de  Renda garantido pela Lei 7.713/88, no item alienação mental. E para receber de volta o IR que o pai declarava, mesmo com diagnóstico de demência. (Violência estrutural)

9. Simone, 66 anos, cuida da mãe há 12 anos. Nesse tempo, também adoeceu. Está na fila de espera de uma vaga gratuita em Instituição de Longa Permanência para Pessoas Idosas ( ILPI) para sua mãe. Uma fila de mais de 450 pessoas só no Distrito Federal. (Violência estrutural)

10. Antonia, 61 anos, cuida da mãe que está cega e de uma tia com demência. Há 03 meses precisa fazer uma cirurgia no pé e não tem dinheiro para pagar cuidadora para mãe e tia.  No Brasil não existe serviço de cuidado social/comunitário, de apoio à cuidadora familiar. (Violência estrutural)

Sobre a Violência Contra Pessoas Idosas

Existem diferentes tipos de violência. Entre elas,  o preconceito por idade (idadismo, ageismo ou etarismo),  o abandono, a negligência,  a violência física, psicológica moral, sexual e financeira.

Essas violências são cometidas por familiares, por instituições responsáveis pela pessoa idosa. E também pelo Estado, conhecida como violência estrutural.

Segundo o  Estatuto do Idoso, que em 2023 completa 20 anos de existência,  é obrigação do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa dignidade, liberdade e  respeito à integridade física, psíquica e moral. E ainda colocá-la a salvo da negligência, da discriminação, da crueldade ou da opressão. Nem sempre o Estatuto é  cumprido.

E você conhece ou já ouviu histórias similares?

Elas são apenas alguns dos exemplos das violências cotidianas contra pessoas idosas que se repetem, muitas vezes impunemente, em todo o país.

Em caso de violência, disque 100. O atendimento é gratuito  para todo país e funciona 24h.

No Distrito Federal você pode buscar seguintes serviços:

1.DECRIN, uma delegacia especializada no combate às discriminações.Fone: (61) 3207-5244
Endereço: Complexo da PCDF, Bloco D, Ed. Sede do DPE, Brasília/DF

2.Uma das 35 delegacias no DF mais próxima da sua casa

3. Disque-denúncia: 197, opção 0
WhatsApp: (61) 98626-1197

4. Registro on-line na Delegacia Eletrônica: delegaciaeletronica.pcdf.df.gov.br

Cosette Castro

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