Por Uma Cultura do Envelhecimento

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Ana Castro, Cosette Castro & Convidado

Brasília – Uma das áreas de atuação do Coletivo Filhas da Mãe é o envelhecimento populacional. Isso não ocorre por acaso.

Vivemos em um país onde 37,8 milhões são pessoas com 60 anos ou mais, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Destes, 18,5% ainda trabalham e 75% contribuem para a renda familiar.

No Brasil há ainda 55 milhões de brasileiras e brasileiros com 50 anos ou mais. Os dois grupos chegam a 92,8 milhões de pessoas. Ou seja, precisamos urgente de políticas públicas voltadas para o envelhecimento saudável e participativo.

Pensando nisso, convidamos o professor da Pós-Graduação em Geriatria e Gerontologia do Hospital Albert Einstein, Williams Fiori. Ele reflete sobre longevidade desde 2003 e sobre cultura do envelhecimento.

Williams Fiori –  “A cultura gerontológica, também conhecida como a cultura do envelhecimento, é o estudo das questões relacionadas ao envelhecimento e às pessoas idosas. Ela abrange aspectos sociais, psicológicos, econômicos e biológicos do envelhecimento e busca compreender como as pessoas envelhecem e como a sociedade lida com a questão.

A cultura do envelhecimento inclui a promoção do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas idosas. E também  a criação de políticas públicas e programas de apoio. Ela é fundamental para garantir que a sociedade esteja preparada para enfrentar os desafios e impactos do envelhecimento.

A cultura gerontológica é cada vez mais importante na sociedade atual. Os impactos e desafios de entender essa nova dinâmica de mundo são inúmeros, incluindo questões sociais e econômicas.

O mundo já não é mais dos jovens. No Brasil, a cada 28 segundos, uma pessoa faz 60 anos e temos 55 milhões de pessoas acima de 50 anos. Isso mostra a importância de entender a cultura do envelhecimento na sociedade, nas famílias e entre nossos amigos.

O envelhecimento da população traz desafios para a saúde, previdência e assistência social. É fundamental garantir o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas idosas. Além disso, é importante que haja políticas públicas e programas de apoio para os idosos, incluindo acesso à saúde e a previdência.

É preciso uma mudança na forma como a sociedade enxerga as pessoas idosas. Elas são uma fonte de conhecimento e experiência e devem ser valorizados e respeitados. É importante incluir socialmente e dar  oportunidades de trabalho para pessoas com 60 anos ou mais para que possam continuar a contribuir para a sociedade.

Preconceito Contra Pessoas Idosas

Infelizmente, o etarismo,  conhecido como preconceito etário, é um problema comum na sociedade atual. O etarismo é a discriminação baseada na idade e pode afetar tanto pessoas idosas quanto os jovens. O etarismo pode ser visto em vários aspectos da sociedade, desde o emprego e a previdência, até a assistência social e a saúde. Isso pode levar a desvalorização e desrespeito às pessoas idosas, limitando suas oportunidades de inclusão social e trabalho.

O etarismo não é citado como parte da diversidade nas minorias, mas é uma forma de discriminação que afeta a todas as idades. É importante que seja reconhecido e que sejam implementadas medidas para combater o preconceito por idade no Brasil. Isso inclui a conscientização sobre o problema, a criação de políticas públicas e programas de apoio e a valorização das pessoas  idosas como uma fonte de conhecimento e experiência.

Ao entender a cultura do envelhecimento e se engajar nos temas relacionados ao envelhecimento, podemos trabalhar para construir uma sociedade mais inclusiva e justa para todas as idades. A luta contra o etarismo é uma forma de garantir que as pessoas  idosas sejam valorizadas e respeitadas. E que tenham as mesmas oportunidades de inclusão social e trabalho que as demais minorias.

10 Pontos de Aprendizagem Para a Sociedade e Governos

1. Aprender sobre os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento. Ou seja, entender como as pessoas envelhecem e como a sociedade lidam com o envelhecimento.

2.Valorizar e respeitar as pessoas idosas como uma fonte de conhecimento e experiência.

3 Incentivar a inclusão social e oferecer oportunidades de trabalho para pessoas com 60 ou mais para que possam continuar a contribuir para a sociedade.

4.Promover o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas idosas, incluindo acesso à saúde, previdência e assistência social.

5.Criar políticas públicas e programas de apoio para pessoas 60+.

6.Aumentar a conscientização sobre os desafios e impactos do envelhecimento da população.

7.Estabelecer programas de educação e treinamento para profissionais da saúde e outros profissionais que lidam com pessoas idosas.

8. Estimular a pesquisa científica sobre o envelhecimento e seus impactos.

9.Fomentar a participação das pessoas 60+ na sociedade e sua representação em instâncias decisórias.

10.Promover a diversidade e a inclusão entre pessoas idosas, reconhecendo que eles têm necessidades e desafios diferentes.”

Nós, do Coletivo Filhas da Mãe, acreditamos que é urgente implementar uma cultura do cuidado intergeracional no Brasil que inclua a cultura para o envelhecimento.

Cosette Castro

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