Ana Castro, Cosette Castro & Convidado
Brasília – Para saudar o Ano Novo que inicia repleto de esperança, convidamos um parceiro muito especial: Vicente Faleiros. Ele é professor emérito da UnB e coordena o Fórum da Sociedade Civil em Defesa da Pessoa Idosa/DF.
Em parceria com o Fórum, o Coletivo Filhas da Mãe têm realizado projetos em defesa dos direitos e da prevenção da saúde de pessoas idosas saudáveis e com demências, em defesa das cuidadoras familiares e profissionais e em defesa de todas as gerações, com estímulo a projetos intergeracionais. Desejamos que em 2023, sigamos de mãos dadas, ofertando mais qualidade de vida à população, em especial a mais fragilizada.
Esta é a segunda vez que Vicente Faleiros nos brinda com um texto para o Blog. O primeiro texto pode ser lido aqui e também no livro que publicamos recentemente, “Filhas da Mãe com Muito Orgulho, Apesar da Pandemia e das Demências”.
Vicente Faleiros – “Simbolicamente o ano mais velho é chamado de ano novo na expectativa de que seja “próspero e feliz”, como repetimos em nossas mensagens.
Marcelo Rubens Paiva denominou de “Feliz Ano Velho” um romance em que trata do acidente que o deixou tetraplégico. Na passagem do tempo, o velho é o que passou, mas no ciclo anual de translação da terra o velho parece novo.
Em nossa cultura, a passagem de ano é marcada de forma linear, sucessiva, com um dígito a mais. Comemoramos o 31 de dezembro com festas simbólicas de fim de um período e começo de outro que visualizamos no calendário. Esperamos que o futuro ano seja melhor que o passado, embora a estrutura em que vivemos continue a manter nosso lugar de existência e nossas condições.
Em 2022 termina o período de governo Bolsonaro (2019-2022) que se demarcou como um arcabouço de morte e de destruição, deixando terra arrasada e inúmeros mortos, inclusive meio milhão de idosos, com o descaso com a saúde e a necropolítica na pandemia de Covid 19. Ele destruiu políticas públicas e negou recursos para educação, saúde, segurança, moradia, creches, combate à violência, dentre outras áreas. A desigualdade social se acentuou, inclusive com 33 milhões de pessoas passando fome. A expectativa de vida diminuiu em quatro anos nesse período em razão das mortes ocorridas.
O período governamental que se inicia em 2023 advém da derrota democrática de Bolsonaro nas eleições de outubro, por parte de Lula da Silva à frente de um governo composto por um amplo arco de 15 partidos. Sua proposta traz esperanças de um ano mais velho com nova política em relação à anterior, que assegure direitos à vida, ao SUS, à Farmácia Popular, o acesso à escola e à merenda.
Com feijão, arroz e mistura no prato três vezes por dia. Com políticas públicas funcionando com eficiência e recursos. Com trabalho digno e bem remunerado. Com impostos (Reforma Tributária) equacionados para trazer financiamento e investimentos que reduzam a brutal desigualdade socioeconômica existente em nosso país.
As pessoas idosas esperam, não somente agregar mais anos à vida, mas também mais vida aos anos. Com 37 milhões de habitantes com 60 anos e mais o Brasil representa o quinto país do mundo com maior número de pessoas idosas. Vamos ser governados por um com 77 anos por e um Vice com 70 anos. A idade avançada não impede o protagonismo, a capacidade de decisão, de liderança e de contribuição das pessoas para a cultura e a vida social e econômica.
Para assegurar essa capacidade longeva é necessário a conjugação de muitas dimensões ao longo da vida, dentre as
quais a de poder contar com políticas públicas desde a infância com destaque para saúde, educação, cultura, condições de trabalho, de moradia, de saneamento, de ambiente respirável.
O comportamento também conta muito para a longevidade, por isso as promessas de atividade física, alimentação balanceada, restrição ao álcool e ao tabaco precisam ser cumpridas. A vida social, a democracia, a alegria de viver, as
interações gratificantes são condição de vida boa e longa. Nossa genética também entra nessa história.
Que, em 2023, as políticas públicas e a democracia se fortaleçam e se efetivem para sustentar as dimensões sociais, comportamentais e de nossa genética para uma vida boa e longa.
Que tenhamos um feliz ano mais velho!”
Nós, do Coletivo Filhas da Mãe, também desejamos um feliz ano mais velhas, com mais vida em nossos anos! Sem medo de ser feliz.
PS: Acabamos de lançar o livro “Filhas da Mãe Com Muito Orgulho, Apesar da Pandemia e das Demências”. Você pode comprar seu exemplar no site da Portal Edições (link aqui ) e em Brasília na livraria e cafeteria Sebinho (406 Norte).
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