Demorou, Mas Está Chegando

Publicado em Envelhecimento

Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – Na vida nem tudo sai como planejamos. Pode ser um projeto que não dá certo. Uma partida de futebol. Ou mesmo o dia do lançamento de um livro.

Não controlamos tudo, ainda mais o que está fora do alcance de nossas mãos. Independente de todo planejamento, de toda organização. Principalmente se envolve outras pessoas ou empresas.

Isso ocorre diariamente na vida das cuidadoras familiares.

Um trabalho extra pedido pelo chefe obriga a reorganizar toda rotina dentro de casa. Ou dormir menos para entregar no prazo. Uma cuidadora particular que mora longe e o ônibus atrasa ou quebra, exige a reorganização imediata de todo o dia.

Isso também ocorre no período de Natal com os Correios. As encomendas demoram mais de 10 dias para chegar dentro da mesma cidade e mais de 20 dias para outros estados. Na tentativa de burlar o tempo e os atrasos, o uso de Sedex oferece preços abusivos. Nem todas pessoas conseguem pagar. Sem contar as filas.

Os exemplos são múltiplos. Os engarrafamentos cotidianos, as lojas superlotadas nesta época de festas. O pagamento que não entrou ou o aviso de demissão em pleno dezembro.

A ideia do (pseudo) controle de todas as variáveis que envolvem o dia a dia nasce do medo excessivo (em geral inconsciente) de que as coisas não deem certo. E podem não dar certo.

Nos confirmam a Maria, o Jorge e a Francisca.

Semana passada o ônibus de Maria quebrou a caminho do trabalho e ela precisou andar a pé por mais de 3 quilômetros até a rodoviária. Era sábado e não apareceu nenhum outro ônibus. Maria, que é cuidadora particular, tem sobrepeso e é difícil para ela se deslocar a pé. Mas ela foi.

O Jorge recebeu aviso que seria demitido na semana passada, a poucos dias do Natal. Antes mesmo de comprar as lembrancinhas pra família. Está buscando outro emprego urgentemente aos 52 anos.

A Francisca espera há 2 meses para receber o salário no projeto que participa. Ela não conseguiu pagar o cartão de crédito. O mesmo cartão que garantia o pagamento dos remédios de sua mãe nos momentos de aperto. A rede de amigas fez uma vaquinha informal para ajudar Francisca.

Vivemos em um mundo rodeado de outras pessoas, com necessidades e problemas individuais. Essas pessoas lidam com máquinas, aparelhos, equipes. Ou fazem o planejamento de suas empresas. As dificuldades de cada um podem acarretar consequências na vida dos outros. Da nossa parte, precisamos nos adaptar para não cair na raiva e ficar preso no sofrimento por algo que não saiu como desejamos.

No caso do Coletivo Filhas da Mãe, tínhamos planejado e anunciado o lançamento em Brasília do livro “Filhas da Mãe Com Muito Orgulho, apesar da pandemia e das demências”, para o dia 20 de dezembro. Mas a gráfica em São Paulo atrasou todos os prazos. E tivemos de transferir a data para 22 de dezembro, quinta-feira, a partir das 18h, na Livraria e cafeteria Sebinho.

Anote na agenda e venha participar conosco do lançamento que faz parte das comemorações de 3 anos do Coletivo. O livro, de 246 páginas,  é resultado de 1 ano de reflexões e trata da seleção de textos que foram publicados no Blog do Correio Braziliense sobre cuidado e autocuidado, demências, políticas públicas e envelhecimento.

Tecendo Redes

No Coletivo Filhas da Mãe seguimos tecendo redes.

Semana passada participamos do 1o. Fórum Brasil-China de Saúde organizado pela empresa chinesa Puyi Global  e pelo Hospital Sírio Libanês, em versão presencial, em São Paulo, e on line.

A proposta do encontro foi formar a Rede Brasil – China em Saúde em diferentes áreas com intercâmbio de experiências e projetos entre os dois países. Pretende ainda pensar as perspectivas dos dois países nos próximos anos, levando em conta  que a China é o maior parceiro comercial e de investimentos do Brasil.

Brasil e China também são dois dos três países que envelhecem mais rapidamente no mundo.

Lá serão 300 milhões de aposentados em 2025. O governo chinês vem procurando treinar as competências digitais de seus cidadãos mais velhos, inclusive nas zonas rurais. Além de propor universidades para pessoas idosas em todas as cidades, entre outros projetos.

Temos muito a avançar,  apesar dos estudos  nessa área no Brasil. Temos pressa em  pesquisas, cursos e intercâmbio de experiências sobre envelhecimento que contribuam para sua visibilidade e ampliem a qualidade de vida das pessoas 60+. Questão de sobrevivência.

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