Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Cinco dias depois do dia internacional da pessoa idosa, participamos na quinta-feira em Brasília do I Seminário sobre Longevidade, desafios e experiências em intergeracionalidade.
O evento, organizado pelo SESC-DF e pela UnB, reúne especialistas, estudantes de graduação e de pós-graduação, jovens e pessoas idosas de diferentes locais para refletir sobre as desafios de envelhecer e da longevidade no Brasil.
E, para além do envelhecimento, também contribui para as reflexões sobre intergeracionalidade, algo pouco conhecido e praticado no Brasil.
A convivência entre diferentes gerações pode contribuir para a melhora cognitiva e para o humor de pessoas idosas. E oferece a possibilidade de reduzir o etarismo, o preconceito por idade. A troca de experiências entre pessoas 60 anos ou mais com crianças, adolescentes, jovens e adultos permite o fortalecimento de laços afetivos.
Outro ponto positivo é o intercâmbio de experiências, cultura e diferentes pontos de vista sobre o mundo.
Essas possíveis novas dinâmicas sociais, envoltas em afeto, podem contribuir também para a construção de uma sociedade mais respeitosa, tolerante e diversa.
Você já imaginou, por exemplo, um condomínio onde morassem juntos jovens e pessoas idosas dialogando e construindo outros tipos de laços sociais? Onde todos aprendessem uns com os outros, com respeito e alegria?
A experiência de moradias intergeracionais ainda não existe no Brasil.
Vivemos em um país que recém começa a construir espaços residenciais para as pessoas idosas. Como se fossem pequenos guetos, onde os jovens aparecem apenas como profissionais da saúde ou como familiares que vivem longe sem uma relação de troca mais duradoura.
Em países como Espanha, Canadá e Inglaterra a experiência de moradias intergeracionais vem se multiplicando. Mas este não é o tema do Blog de hoje.
Hoje gostaríamos de contar que esperamos com interesse o guia da intergeracionalidade, anunciado pela pesquisadora Natalia Horta, da PUC-MG. O guia deverá ser lançado até o final do ano e promete contribuir para pensar ações intergeracionais desde a infância. Uma proposta que envolve inclusive todos os Estatutos: da criança, do adolescente e também da pessoa idosa.
Em se tratando de experiência intergeracional, foi emocionante escutar a redação de um aluno de segundo grau sobre longevidade. No encontro, ele estava sentado ao lado do outro palestrante da manhã, Vicente Faleiros, professor emérito da UnB.
Na redação premiada, João Gabriel Lacerda lembrou Paulo Freire, o patrono da educação brasileira. Contou sobre a importância da educação para reduzir o preconceito de idade. E ainda lembrou a responsabilidade social das empresas na tarefa de reduzir o etarismo.
Do alto dos seus 81 anos, Faleiros refletiu sobre os desafios da convivência intergeracional, muitas vezes marcada por conflitos e interesses diferenciados. Mas acima de tudo, o pesquisador recordou a filosofia africana ubuntu.
O conceito de ubuntu – “eu sou porque nós somos” – vem das tribos africanas e articula o respeito básico aos outros. Está relacionado à ética da coletividade e a noção de humanidade para todas as pessoas, independente da idade.
Como lembrou Faleiros, “a possibilidade de convivência intergeracional só é possível através do afeto.”
Nós do Coletivo Filhas da Mãe acreditamos na construção de pontes e redes baseadas no afeto. Pontes que nos unam a partir do que temos em comum: sonhos, projetos, solidariedade, respeito à diversidade e ao envelhecimento ativo e cidadão.
Sem perder a esperança e sem medo de ser feliz, independente da idade.
Em tempo: Nesta sexta-feira, às 13h, estaremos realizando uma ação solidária de prevenção e também de apoio às mulheres com câncer. A ação relativa ao Outubro Rosa vai ocorrer no 2o. Andar do Centro Longeviver, localizado no Ed. Previdência da 601 Sul, em Brasília. Você é nossa convidada