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Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – Até pouco tempo atrás, o dia de votar era considerado a festa da democracia e do debate de ideias. Em 2022, foi marcado pelo medo e pelo silêncio.

Houve pouca gente nas ruas com adesivos, camisetas ou bandeiras. Ainda assim, mais de 156 milhões de brasileiras e brasileiros tiveram a oportunidade de ir às urnas.

Houve um aumento de 14.993 seções, chegando a 496.856 locais de votação em todo o país. Quase 500 mil seções.

Uma lástima que as mais de 700 mil pessoas, majoritariamente adultas, que morreram de Covid-19 por falta de vacina, oxigênio ou atendimento não puderam participar deste momento cívico.

Muitos dos novos potenciais eleitores, mais de 156 milhões, eram jovens e também pessoas acima de 70 anos.

Em 2018, os jovens de 16 e 17 anos somavam 1,4 milhão de votantes. No domingo, havia 2.116.781 de eleitoras e eleitores nessa faixa etária. Um crescimento de mais de 51%.

Também foi registrado aumento entre as eleitoras e eleitores com mais de 70 anos. Idade cujo voto não é mais obrigatório.

Em 2018, eleitores acima de 70 anos somavam pouco mais de 12 milhões. Em quatro anos saltou para 14,8 milhões, o que equivale a um crescimento de quase 24%. Os números refletem o envelhecimento populacional do país.

As eleições de 2022 apontam para um Senado mais conservador, com pautas voltadas para costumes, questões religiosas, armamento da população e para o agronegócio. São majoritariamente apoiadores do bolsonarismo e do que ele defende.

Em tal contexto, envelhecimento, longevidade e direitos da pessoa idosa são temas com baixo índice de adesão.

Não por acaso, os conselhos de idosos e da saúde foram fechados durante a gestão do atual presidente. Decisão que contou com apoio de políticos conservadores que acabam de ser eleitos.

Temas ligados às demências, então, possuem uma janela de interesse ainda menor. Particularmente porque se trata de pacientes com doenças sem cura e que perdem a memória.

Embora mais de 156 milhões de pessoas estivessem aptas a votar no domingo, 32,7 milhões se abstiveram.

Quase 30% da população não compareceram às urnas Além de terem sido contabilizados 1% de votos em branco e 3% de votos nulos.

Ou seja, quase 40 milhões de pessoas.  Se tivessem participado, talvez levassem  a outro cenário eleitoral.

A partir desta semana, começa uma nova etapa da corrida presidencial.

Da nossa parte, reforçamos a importância de garantir a  ampliação das políticas públicas de saúde, o SUS, assim como o apoio à pesquisa e à ciência. E garantir a aprovação de uma política nacional de cuidado integrativa.

Consideramos ainda que o aumento do orçamento da saúde pública e da educação são pontos fundamentais para a melhoria da vida da população. E para um envelhecimento com qualidade de vida. Bem distante do panorama atual.

Cosette Castro

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