Precisamos Construir Pontes

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Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – Em um país onde 57 mil crianças foram registradas apenas pelas mães em 2022, além de outras 5 milhões em anos anteriores, é urgente promover a cultura do cuidado em todos os âmbitos, contra o silêncio e o abandono que começam na infância e se estendem até a velhice.

Não por acaso realizamos o ato inter-religioso no sábado, 13 de agosto, na Catedral Anglicana, em Brasília, que cedeu o espaço para a realização do diálogo entre representantes religiosos  e agnósticos. Um diálogo que se tornou possível pelo apoio da Rede Nacional pela Diversidade Religiosa e Laicidade (Renadir) e pela URI, sigla em inglês da Iniciativa das Religiões Reunidas.

Apesar de  ser um Coletivo laico, reconhecemos a espiritualidade como um espaço de reflexão sobre a vida e sobre o sagrado. Um espaço para dialogar  sobre a invisibilidade e a sobrecarga física e emocional das cuidadoras familiares, sobre o preconceito de idade e violência contra pessoas idosas.

Independente de religião ou de ser agnóstico, a cultura do cuidado inclui o respeito e o  acolhimento ao processo de envelhecimento da população, estimulada a manter-se eternamente jovem, em constante negação sobre o próprio corpo e  envelhecimento.

Estiveram presentes representantes dos Católicos, Evangélicos de diferentes matizes, Espíritas, Muçulmanos, Fé Baha’i, Religiões de Matriz Africana, Santo Daime,  Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e agnósticos. O ato inter-religioso, gravado pela URI, pode ser assistido clicando aqui.

Foto: Luiz Alves

Programa Terceiras Intenções: “Quando Não É Só Tristeza”

Negar o próprio corpo, não aceitar os cabelos brancos, pés de galinha, rugas e o aumento das velinhas a cada aniversário, pode gerar angústia, ansiedade. Em alguns casos, somado a outros fatores físicos e emocionais, pode causar mais sofrimento até chegar ao diagnóstico de um quadro depressivo.

No Brasil,  o Covid-19, a crise econômica, o desemprego, a ampliação da intolerância,  da violência em todos os setores e a falta diálogo também são fatores que contribuíram  para o aumento em 41% dos casos de depressão.

O percentual foi apontado na pesquisa divulgada em 2022 pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com Covitel e Vital Strategies, a partir da comparação com os dados sobre diagnósticos de depressão no período pré-pandemia.

A doença, com características multifatoriais, atinge 11% da população, sendo mais frequente, entre as mulheres, segundo pesquisa publicada em 2021 pelo Ministério da Saúde.

Levando em conta a situação de  contínua sobrecarga emocional das cuidadoras familiares, convidamos a psiquiatra Marina Caparelli para participar do programa Terceiras Intenções desta terça-feira, 16 de agosto, que vai ao ar no Canal do You Tube do Coletivo Filhas da Mãe, às 19h. Marque na agenda o Link para terça-feira.

As duas atividades, apesar de aparentemente opostas, fazem parte de um conjunto de ações do Coletivo Filhas da Mãe para estimular o autocuidado e o cuidado coletivo, incluindo um tema cercado de preconceitos, medo e solidão, como é o caso do sofrimento emocional e dos estados depressivos.

Seguimos tecendo, construindo pontes.

Cosette Castro

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