É Hora do Remédio. E Agora?

Ana Castro & Cosette Castro

Brasília – Gerenciar o cuidado diário de familiares enfermos, não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de doenças degenerativas, como as demências. Mas com organização é possível melhorar a rotina tanto dos pacientes quanto das pessoas que cuidam.

Entre os cuidados diários está o uso de medicamentos para as demências, sua embalagem, armazenamento e formas de ministrar cada um deles, particularmente em pacientes idosos.

Manter-se informada e ofertar informações claras para as demais cuidadoras, caso você tenha ajuda no cuidado diário,  é o primeiro passo para contribuir com a eficácia do tratamento.

Há medicações específicas para as demências, usadas de acordo com cada caso e o estágio da doença (inicial, intermediário ou avançado). Mas também há outros remédios que precisam ser incorporados na rotina da pessoa enferma, como medicações para pressão alta, para o colesterol ou para diatebes, entre outras.

A edição de hoje é dedicada ao armazenamento, cuidado das medicações e formas de ministrá-las.

O tema, aparentemente simples,  muitas vezes causa confusão entre quem cuida, como as cuidadoras familiares que precisam passar a conhecer sobre a enfermidade e se adaptar rapidamente a nova rotina. Em geral, isso ocorre sem cursos prévios  ou manual de instrução sobre como agir durante a evolução da doença. Por isso, informações claras são fundamentais.

O primeiro passo é preparar a lista de medicamentos, informando a dosagem e os horários que precisam ser tomados. Informe também,  a todas pessoas envolvidas, o momento que cada remédio deve ser administrado: antes, durante ou depois de cada refeição.

Deixe a lista com as medicações em  local de fácil acesso e leitura para todas as pessoas envolvidas.  Pode ser fixada na porta da geladeira, em um mural na cozinha, no quarto ou em  um armário específico para medicamentos.

É importante também deixar uma copia da lista no bloco de notas do seu celular para que possa ser acessada mesmo longe de casa. Essa lista precisa ser atualizada a cada mudança de medicação solicitada pelo medico/a.

Os remédios precisam ser mantidos em local seguro, fora do alcance de crianças, animais e do próprio paciente.

Caso você compre mais de uma caixa de cada medicamento, para ter estoque, essas medicações extras também precisam ser guardadas em um local protegido do sol, com circulação de ar, evitando umidade e contaminação. Lembre de deixar no local uma copia da receita para evitar dúvidas quando tiver de usar.

Evite tirar os remédios das caixas originais, caso você seja a única responsável pela medicação.

Caso haja mais pessoas envolvidas, como cuidadoras profissionais ou outros familiares, mantenha as medicações em caixinhas organizadoras, com informações específicas  sobre cada uma delas. Por exemplo: se devem ser utilizadas pela manhã ou tarde, assim como o horário. Uma boa ideia é usar cores diferentes, de acordo com o turno do remédio.

Na hora de ministrar a medicação, mantenha as mãos bem lavadas e secas e coloque  os comprimidos num potinho. Evite pegá-la com a mão.

Outro ponto importante é o momento de dar as medicações em pacientes com demências. Ana Castro nos conta um pouco da experiência com as cuidadoras de sua mãe, a Normita.

“Para garantir que minha mãe tomasse os remédios, as técnicas de enfermagem misturavam com iogurte, doces,  com antecedência e deixavam na geladeira. Mesmo sendo técnicas, algumas tinham dificuldade de  entender que os medicamentos têm propriedades químicas que podem ser afetadas pela umidade, mistura com outros ingredientes e que  sofrem contaminação quando a colher vai e volta da boca. A melhor solução foi fazer potinhos de gelatina em copo pequeno de café descartável e misturar cada comprimido em uma pequena porção já na colher. Assim tinha certeza de que havia tomado o remédio”.

Outros pontos merecem ser observados quanto ao uso da medicação:

1. Ofereça um remédio por vez, mostrando à pessoa  enferma o que ela irá ingerir. No caso de pacientes que cospem remédios ou se recusam a tomá-los, uma sugestão é triturar a medicação e misturar com alimentos, como a Ana Castro sugeriu acima, ou com sucos.

2.Use copos transparentes com água. Facilita que a pessoa enferma veja o conteúdo, seja estimulada a pegar o copo e também o comprimido colocado na sua mão.

3.Confirme se o familiar realmente engoliu o remédio.

4.Caso a pessoa enferma diga que não precisa medicação, não desista. Conte uma historia, lembre de coisas boas, e mantenha o remédio a vista. Depois de um tempo, volte a oferecer. Caso não funcione, triture a medicação em meio a outros alimentos.

Manter a rotina diária é importante para os pacientes. Dá sensação de segurança e garante que as medicações sejam tomadas nos horários certos.