A Arte de Falar e Ouvir as Pessoas Idosas

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Ana Castro, Cosette Castro & Convidada

Brasília – Deixar a falta de tempo de lado para prestar atenção nas necessidades dos outros, particularmente as pessoas mais velhas, é algo que nem todas as pessoas têm paciência de fazer.

Nesta edição, convidamos a fonoaudióloga Manoela Dias, que também é diretora da ABRAz-DF, para oferecer algumas ideias para melhorar a comunicação com as pessoas idosas.

Manoela Dias – “Com a idade, ganhamos vivência mas, nessa caminhada, o envelhecimento e a senilidade também podem caminhar juntos.  Precisamos melhorar a a empatia, o respeito e a paciência com as pessoas mais velhas, observando suas dificuldades.

Com o avançar da idade, a audição, por exemplo,  pode começar a falhar. Principalmente em lugares ruidosos de ambiente aberto ou fechado, mas com acústica ruim.

A  visão também pode estar mais comprometida dificultando a leitura de textos com letras pequenas ou em telas diminutas, como os celulares. Isso pode prejudicar a compreensão de mensagens no WhatsApp, por exemplo.

Já a locomoção das pessoas idosas muitas vezes fica impedida pela falta de acessibilidade das cidades, dos prédios e residências, que foram pensados para o deslocamento de carros ou de pessoas mais  jovens.

Há ainda informações mal distribuídas ou falhas nas orientações ilustradas. Isso sem contar as informações cada vez mais tecnológicas, cuja linguagem nem sempre é compreendida pelas pessoas mais velhas. Por isso, torna-se necessário melhorar as formas de comunicação, tornando essa comunicação mais eficaz.

Contribuem para isso alguns cuidados a serem praticados no dia a dia, conforme sugerido abaixo:

1.Pronuncie bem as palavras, pausadamente, é uma das principais formas de ser compreendida. Procure não falar rápido, evite usar um tom de voz mais alto ou gritar. E, principalmente, tente articular bem as vogais, pois elas dão o colorido para a fala. Faça isso, sem pressa, caprichando em uma abertura bucal maior, para evitar a fala “travada ou abafada”.

2. Mantenha o contato visual com a pessoa idosa, pois, ao virar o rosto durante uma conversa, o som se dispersa em outra direção.

3. Tenha a paciência para ouvir, estabelecendo um diálogo real. E, se for necessário, repita ou explique melhor, de forma diferente. Aja com delicadeza para não magoar a pessoa idosa.

Esses são cuidados necessários à boa comunicação que deveriam ser desenvolvidos e naturalizados, independente da idade, por toda população.

Também é importante ser levado em consideração pelos profissionais que atendem nos serviços de telemarketing, bancários, postos de atendimento, instituições de saúde, restaurantes, farmácias e todo tipo de lojas. E na própria família, que ganharia com o relacionamento intergeracional.

A intergeracionalidade permite uma rica troca de saberes. Com ela, crianças, jovens, adultos e idosos aprendem uns com os outros. Tal convívio é enriquecedor, necessário e muito contribui para o crescimento pessoal e profissional de todas as faixas etárias.

É preciso fazer valer o direito do idoso à informação plena, por meio da comunicação verbal, quando esta for a forma de comunicação adotada”.

Nós, do Coletivo Filhas da Mãe, acreditamos no diálogo e na importância da conviência intergeracional, seja na família ou em outras esferas sociais. Para melhorar a comunicação com as pessoas idosas, sugerimos cursos de formação para familiares e profissionais, sejam jovens ou adultos.

A ideia é que compreendam os limites de seus familiares e vizinhos em processo de envelhecimento, assim como das pessoas idosas com senilidade. Que adotem formas mais amorosas e gentis de convivência com pessoas com dificuldades auditivas, visuais e de locomoção.  E com  aquelas pessoas com dificuldade de compreensão de linguagem ou  perda de memória, que caracterizam as perdas cognitivas.

Cosette Castro

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