Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Para muitas cuidadoras que passaram (ou ainda passam) anos acompanhando um familiar com demência, o futuro pode ser assustador.
Há a passagem do tempo e a desatualização sobre a antiga profissão, muitas vezes deixada de lado para se dedicar ao cuidado familiar.
Muitas passaram por processos de empobrecimento e endividamento e precisam enfrentar outra vez o mercado.
Pensando nesses desafios, convidamos a administradora de empresas com mestrado em Psicologia Social, Cláudia Lessa. Ela é consultora especializada na Orientação Profissional e Planejamento de Vida e Carreira para jovens, adultos e aposentados.
Claudia Lessa – “Muito esperada e desejada, a aposentadoria assusta quando chega. A maioria das pessoas acredita que o tempo passou rápido demais. Muitos não estão prontos para pendurar as chuteiras.
Durante anos passamos ocupados em construir patrimônio, formar carreira e educar filhos, movidos pela crença que o trabalho enobrece e dignifica. Muitos mergulham nas profundezas da sua profissão, ancorados por compromissos de empregabilidade e meritocracia. E nem percebem a passagem do tempo.
Uma passagem temporal que vale a pena ser observada com mais detalhes. De zero a 20 anos estamos em processo de crescimento. Dos 20 aos 50 anos estamos voltados para as conquistas profissionais.
Embora comece aos 40, 40 e poucos anos, com algumas dificuldades, é somente depois dos 50 que começamos a perceber mais claramente as mudanças. Reduzem as ofertas e oportunidades profissionais.
Ainda assim, temos um bom tempo de vida pela frente e ele poderá ser bem aproveitado garantindo qualidade de vida e novos projetos, pagos ou gratuitos. Isso se for bem planejado.
Algumas profissões e carreiras são datadas, tem tempo de duração. Mesmo assim, procuramos estender o tempo como se nossa vontade comandasse o mundo exterior. Mas isso nem sempre acontece.
Acompanhamos homens e mulheres maduras que, depois de ocuparem diversas profissões, encontram liberdade na aposentadoria. Eles descobriram novos papéis, retomando sonhos e inovando em outros campos de atuação. É o caso de um professor que, ao se aposentar, aprendeu a tocar acordeom e juntou-se a uma banda animando festas no bairro.
Após observar o potencial do mercado, o professor organizou o grupo e se tornou empreendedor. Ele vendia pacotes de animação para festas e anúncios de lojas, gerando ganhos para si e para os demais músicos, também amadores.
Uma secretaria executiva se aposentou e, em visita a um casal de amigos, foi recebida com um jantar maravilhoso. Surpresa, perguntou onde haviam encomendado a comida. Ela descobriu que os amigos haviam preparado com requinte cada prato.
Ela comentou aos amigos que só cozinhava coisas rápidas para não gastar tempo. A amiga contou que havia descoberto o tempo do prazer, com novas receitas e buscando ingredientes. Além de preparar a comida tranquilamente, tinha a possibilidade de ir aos mercados de mãos dadas com o marido.
A ex-secretária executiva passou a pensar o que faria nos próximos anos.
Desacelerar é uma dificuldade para os novos aposentados, assim como descobrir a nova dimensão do tempo. Nosso calendário foi forjado para atender as necessidades da sociedade industrial. Os horários de trabalho foram feitos para que as pessoas adaptassem seu ritmo biológico às exigências profissionais. Nos condicionamos para atender a vontade do mercado.
Mas ao chegar um novo momento da vida vale a pena olhar para si, para o presente. Vale a pena começar a pensar sobre como você deseja viver os próximos anos.
Planejar a aposentadoria exige a observação dos seguintes pontos:
1. Aprenda a desacelerar – conheça o seu biorritmo e agrade seu corpo
2. Lembre que seu tempo é agora. Se atualize nos usos e costumes, na linguagem, músicas, danças. Atualize também o corte de cabelo e o vestuário
3. Mantenha a saúde em todas as dimensões: física, mental e psíquica. Busque grupos com boas orientações, como por exemplo: diabéticos, hipertensos, terapias, ginásticas, etc.
4. Aprenda a usar e aplicar seus recursos financeiros com independência
5. Dê oportunidade aos filhos, netos e agregados para ganharem seu próprio dinheiro. Quando você morrer, poderá ajudá-los com a herança, caso possua bens
6. Participe de atividades remuneradas ou não, como pequenos negócios, como conselheiro em organizações ou Ongs, ou participando de serviços voluntários
7. Adquira novos conhecimentos. Faça cursos online ou presenciais sobre assuntos do seu interesse
8. Mantenha-se atualizado com leituras, visita a museus e exposições
9. Participe de grupos sociais e excursões. Visite amigos e parentes, faça picnics com amigos, netos e/ou crianças da vizinhança. Viaje com quem você gosta. Fuja de pessoas negativas e encrenqueiras
10. Conheça e utilize tecnologias digitais, buscando orientação de especialistas. Filhos e netos nem sempre tem tempo ou paciência para ensinar.
Ser aposentada (o) não é um demérito. É um orgulho chegar a esta fase e ter o direito de se aposentar. Isso requer preparação. Com novos projetos, é possível viver com alegria o maior presente que temos: a vida”.
PS: Claudia Lessa é uma mulher idosa, aposentada, que se reinventou e continua exercendo com vigor as consultorias para jovens, adultos e aposentados.
4 thoughts on “Aposentadoria, E Agora?”
Gostei muito do texto
Olá Leide. Que bom! Precisamos aprender a pensar na aposentadoria desde cedo e apostar na qualidade de vida. Bjo
Olha eu ali inteira em todas as linhas !
Que bom Maria Luísa! Um abraço,