Ana Castro e Cosette Castro
Brasília – A mana (de coração) Cosette Castro teve cuidados exemplares desde o início da pandemia. Seguiu tudo o que a ciência manda. Do sapato à higienização das compras. Banho e troca de roupa a cada saída. Foi das primeiras a adotar a máscara N95, quando poucos usavam. Se isolou em casa. A vida e trabalho passaram a ser on line.
Entre 2020 e 2021, precisou acompanhar a mãe com demência no hospital por mais de 20 dias. E depois, velório e cremação. E, no fim do ano, mais uma cerimônia no Sul do país. Passou imune.
Na primeira semana de fevereiro de 2022, testou positivo para o Covid-19. Abrimos espaço no blog para que ela compartilhe sua experiência.
Cosette Castro – “Depois de três doses da vacina, usando máscara e álcool gel, eu realmente pensava que era uma supermulher e que a Covid-19 não me atingiria. Mero engano.
Tudo começou alguns dias antes, com as mensagens e telefonemas de amigos e parentes. Nunca, em dois anos, a pandemia havia chegado tão perto.
Em quase todas as famílias que conheço, alguém foi contaminado com a ômicron. Primeiro uma pessoa, depois toda a família. Embora menos letal, a ômicron tem efeito dominó, fragilizando a saúde de todos. Não só pelos efeitos da doença, mas também pelas consequências das medicações em busca da cura.
Entre dezembro e janeiro viajei ao Sul e ao Norte do país, sempre com máscara N95 e álcool gel na mão. Como se o álcool fosse um santo protetor.
“Nunca coloque tanta fé assim em coisas”, diria minha avó. “Nunca confie tanto na saúde e no autocuidado alheio”, diria meu pai. “Apenas em si mesma”. Conselhos que literalmente ignorei.
Tanto no Sul quanto no Norte do Brasil encontrei aeroportos lotados. Uma festa de férias, como se não houvesse pandemia. Nem amanhã. O mais assustador foi o aeroporto de Brasília. Lotadíssimo em todas as idas e vindas.
Há uma semana, voltando de Belém, senti calafrios no avião. A noite, já em Brasília, dor na garganta e mais calafrios.
“É só a mudança de clima e o ar do avião”, pensei, sem querer acreditar que podia ser algo mais. Sem febre, mas o nariz congestionou. Tive dores no corpo e fadiga.
Tomei coragem pra sair e fazer o teste de Covid-19. De máscara N95 e álcool gel. A fila de mais de 50 pessoas no posto de saúde me assustou.
Se estivesse contaminada, poderia contaminar os outros. Caso contrário, poderia ser contaminada.
Segui para a Rua das Farmácias tentando encontrar uma drogaria que fizesse o teste. A primeira só tinha agendamento para outra semana. A segunda não tinha mais testes. Na terceira não atenderam o telefone. E a quarta, do outro lado do bairro, poderia fazer o teste em 2 dias.
Enquanto isso, fiz consulta on line e passei a tomar as medicações indicadas. Sendo hipertensa e com histórico de doença vascular, todo cuidado é pouco.
Cuidado com a pressão. Cuidado com a oxigenação. Cuidado com os batimentos cardíacos.
Estou no sexto dia de contágio. Cinco de combate à doença. Canso rápido, até pra escrever, a voz mudou e ainda tenho nariz congestionado.
Mas o que mais dói é o isolamento. Não poder tocar. Falar só de máscara. De longe. Ficar apenas no quarto.
Nesses momentos, a noção de impermanência se faz presente, com força. E confirma como o mundo pode virar de ponta cabeça em poucos segundos.
Mas isso, isso também vai passar. Graças a ciência, a vacina e ao SUS, pois poderia ser bem mais grave”.
PS: Aproveitamos para compartilhar a música “Isso Também Vai Passar” (link aqui), lançada em 2021.
4 thoughts on “Quem Diria, Covid-19, Eu?”
Vai passar Cosette! Melhoras ❤
Gratidão, Laura. Bjo
Confie, vai passar, querida Cosette! Não conseguimos entender tantas coisas que acontecem conosco!
Sim, Mariane. Vai Passar! Bjo