Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Existem relações delicadas na vida de uma cuidadora familiar.
A primeira delas é com o próprio familiar enfermo, independente de gênero, idade ou grau de parentesco.
Pode ser uma relação delicada porque o doente era uma pessoa muito amorosa e querida. Ou exatamente o contrário.
A pessoa enferma pode ter sido uma pessoa difícil, violenta ou pouco afetiva durante o decorrer da vida.
Outra relação delicada e as vezes difícil para cuidadoras familiares pode ser os membros da família. Alguns negam a doença ou se negam a dividir custos.
Há casos em que essas questões precisam ser discutidas judicialmente causando uma dor extra no coração de quem cuida.
Há um outro tipo de relação que pode causar estresse em cuidadoras familiares. E ocorre pela linha tênue que se estabelece entre dois lados: cuidadoras familiares e cuidadoras profissionais.
Nem sempre é fácil contratar uma pessoa para cuidar do ente querido enquanto estamos fora.
As vezes esperamos que a pessoa contratada tenha o mesmo nível de cuidado e envolvimento que nós.
Lembre-se que isso é algo impossível de alcançar, mesmo que a contratada seja outro familiar ou mesmo próxima da família.
Ao contratar, algumas pessoas confundem a função de cuidadora com a de empregada doméstica. E esperam que, além do cuidado do familiar, a profissional também limpe a casa e faça comida.
Esse equívoco pode gerar falsas expectativas e até cobranças por parte de cuidadoras familiares.
Muitas vezes isso ocorre por falta de informação. Ou talvez porque a profissão ainda não está regulamentada e esteja sob o guarda-chuva do sindicato das empregadas domésticas.
A melhor forma de estabelecer uma relação de confiança com cuidadoras profissionais é falando e deixando tudo claro desde o início.
Faça uma boa seleção, com referências de outras famílias, que incluam aspectos positivos e fragilidades da profissional.
Outro ponto importante é deixar claro desde o começo as funções que espera de uma cuidadora, respeitando os direitos da profissional.
Lembre que a pessoa está lá para cuidar da pessoa doente e não para cuidar da casa.
Limpeza de casa e preparo de refeições não estão incluídas nas funções da cuidadora. No máximo, fará o preparo de pequenos lanches para a pessoa enferma. Mas você pode pedir, que ela colabore com a higiene coletiva e deixe a louça limpa depois do lanche.
Entre os direitos da cuidadora profissional está a oferta de vale-alimentação ( ou alimento) e vale-transporte.
Sugerimos sempre regularizar a contratação para evitar consequências legais. E, claro, tenha um contrato combinando o que espera da pessoa e a sua contrapartida.
As cuidadoras profissionais estão lá para ajudar e cuidar. Elas estarão responsáveis por nosso familiar durante algumas horas do dia. Uma parceria que será construída no dia a dia.
Sugerimos levar em conta que a cuidadora profissional já cuidou de outras pessoas e possui uma experiência de vida diferente da sua.
Escute e converse sempre com a profissional. Escute o que tem a dizer.
Se você decidir contratar a sua diarista ou a empregada doméstica que está na casa há algum tempo, o seu familiar, terá a vantagem de uma relação afetiva prévia, mas é possível que haja pouca experiência com demências, entre elas o Alzheimer.
No caminho do cuidado pago, você vai encontrar profissionais que deixam a desejar. Vai encontrar profissionais que trabalham em vários lugares por causa dos baixos salários e vivem cansadas.
Também pode encontrar profissionais atentas, mas nem sempre afetivas. Mas se conseguir estabelecer relações respeitosas, pode conseguir boas profissionais. O que vai ser ótimo para a pessoa enferma.