Em meio à articulação política para barrar a denúncia por corrupção passiva na Câmara dos Deputados, o governo Temer empenhou mais de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares e liquidou R$ 1,6 bilhão em restos a pagar. A bancada do Distrito Federal, com oito deputados, foi contemplada com R$ 51,5 milhões. Mas o Palácio do Planalto não discriminou adversários. Até os deputados Érika Kokay (PT/DF) e Augusto Carvalho (SD/DF), que votaram pelo prosseguimento do processo contra Temer, tiveram emendas autorizadas.
No caso da petista, foram R$ 4,2 milhões. Augusto conseguiu a liberação de R$ 6 milhões. Os maiores beneficiários, no entanto, foram o deputado Izalci Lucas (PSDB/DF), com R$ 10,8 milhões em emendas pagas, e Laerte Bessa (PR/DF), que conseguiu R$ 9,6 milhões. Bessa, aliás, atuou como integrante da tropa de choque de Temer ao entrar em campo na CCJ na última hora em substituição a um colega de partido que pretendia votar a favor do relatório de Sérgio Sveiter (PMDB/RJ) que recomendou o recebimento da denúncia da Procuradoria-geral da República.
Todos foram contemplados
Membros da CCJ, com voto pró-Temer, os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Ronaldo Fonseca (Pros-DF), conseguiram, respectivamente, R$ 6,8 milhões e R$ 4,2 milhões em liberação de emendas. A Presidência da República autorizou a execução de R$ 4,9 milhões em emendas de Rôney Nemer (PP/DF) e R$ 4,6 milhões de Alberto Fraga (DEM-DF). A maioria contempla ações pagas com recursos do Fundo de Saúde.
Votos contraditórios
Na bancada do DF, apenas o deputado Augusto Carvalho (SD) votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e do prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer. Alberto Fraga (DEM), Laerte Bessa (PR), Izalci Lucas (PSDB), Ronaldo Fonseca (Pros) e Rogério Rosso (PSD) condenaram a petista, mas salvaram Temer. Roney Nemer (PP) votou pelo impeachment e seu voto no processo de Temer não será conhecido, já que ele está de licença médica. Érika Kokay (PT), por sua vez, defendeu Dilma e condenou Temer.