Convenção do MDB/DF
Convenção do MDB/DF Crédito: Ana Viriato Convenção do MDB/DF

Sem Ibaneis Rocha, Rafael Prudente assume comando do MDB-DF

Publicado em CB.Poder
ANA VIRIATO

Após 20 anos sob o comando do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, o MDB-DF tem um novo dirigente. O presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente, assumiu, nesta quinta-feira (06/06), o controle da legenda pelo próximo biênio — o mandato é válido até 31 de maio de 2019. A nora do cacique emedebista, Ericka Filippelli, ficou com a vice-presidência.

 

O governador Ibaneis Rocha (MDB), que costurou a candidatura de Prudente, não compareceu à cerimônia, realizada no Auditório da Câmara Legislativa. Conforme a assessoria de imprensa do chefe do Palácio do Buriti, no horário do evento, ele prestigiava a Festa do Divino, em Planaltina.

 

Em um discurso de 19 minutos, Filippelli afirmou que estão superadas as rusgas que antecederam a eleição do novo comando da sigla, causadas por um pedido de dissolução do antigo Diretório, apresentado por Prudente e Ibaneis. “Esse documento, que me deixou em um momento magoado, ficou para trás. Temos de entender que isso é uma página virada”, disse.

 

Ao fim do pronunciamento, Filippelli garantiu que permanecerá filiado à legenda. “Estarei à disposição para o que for necessário. 2022 está aí. Talvez o partido precise de mim. Talvez eu precise do partido. Estarei firme e leal”, assegurou. O ex-vice-governador ainda frisou que a sigla precisa de unidade. “O fato de haver renovação e sucessão não pode representar uma quebra de continuidade na história do MDB, que é um dos partidos mais importantes do DF”, emendou.

 

Recém-eleito, Rafael Prudente, que integra os quadros do partido desde 2013, alegou que lutará “por um MDB em sintonia com as ruas, seus anseios, desejos e sonhos”. “Essa é a função da política: transformar em realidade as aspirações coletivas. Muito foi feito, mas a obra está longe do final”, completou.

 

O novo presidente do MDB-DF adiantou uma série de iniciativas para encorpar o partido. “Iniciaremos nesse mês o cronograma de uma grande campanha de filiação. Fortaleceremos os movimentos populares. Entraremos nas universidades e vamos criar um segmento que trate das necessidades das pessoas com deficiência. Melhoraremos a transparência. Tudo isso para chegarmos em 2022 fortalecidos”, pontuou.

 

Para a próxima corrida eleitoral, Prudente estabeleceu a meta de reeleger Ibaneis Rocha, caso o governador deseje, além de emplacar um senador, dois deputados federais e cinco distritais.

 

Participaram do evento, que marcou o fim de uma era no MDB, caciques da agremiação, parlamentares e integrantes do alto escalão da capital. Entre eles, o ex-presidente José Sarney; o ex-senador Romero Jucá; o senador Valdir Raupp; e o vice-governador do DF, Paco Britto (Avante).

 

Acordo

O primeiro passo incisivo pela quebra da hegemonia de Filippelli no comando do MDB-DF ocorreu em abril. À época, Ibaneis e Prudente protocolaram um pedido de dissolução do diretório regional do partido. No documento, os dois ainda pleitearam a cancelamento da convenção regional da legenda, marcada para maio, quando o ex-vice-governador poderia ser reconduzido à presidência.

 

O governador e o distrital argumentaram que o partido havia se apequenado e precisava de renovação. O dirigente nacional da legenda, Romero Jucá, acatou o segundo pedido, suspendendo o evento. “Destaco que se trata de decisão meramente acautelatória e que tem como objetivo zelar pela sobrevivência do partido e, principalmente, buscar por um consenso interno, evitando, inclusive, se for o caso, o processamento do pedido de dissolução do MDB/DF”, argumentou.

 

Após a sinalização, Ibaneis e Filippelli firmaram acordo. O acerto previa a eleição de Prudente como dirigente do partido e a condução da nora do ex-vice-governador, Ericka Filippelli, à vice-presidência.

 

Desgaste

À frente do MDB por quase duas décadas, Filippelli teve o nome envolvido em escândalos de corrupção nos últimos anos. Em 23 de maio de 2017, o ex-vice-governador foi preso temporariamente no âmbito da Operação Panatenaico.

 

As investigações apontaram um esquema de distribuição das principais obras da capital entre as maiores empreiteiras do Brasil, em troca de propina. Entre os acertos, estavam o Estádio Nacional Mané Garrincha e o BRT Sul. À época da Operação, Filippelli, que ocupava o cargo de assessor especial da Presidência da República, foi exonerado. Ele nega as acusações.

 

No mês passado, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar candidaturas laranjas no MDB-DF. A suspeita é de que o partido tenha lançado mulheres à corrida eleitoral apenas para desviar recursos públicos de campanha para outros candidatos da sigla. Nos meses que antecederam o pleito, era Filippelli quem presidia a agremiação.

 

Presidência Nacional

Em outubro, é a vez de os emedebistas elegerem o comando do Diretório Nacional. O governador Ibaneis Rocha está no páreo, com apoio de caciques do partido, como os ex-presidentes José Sarney e Michel Temer.

 

Caso consiga viabilizar a própria candidatura, Ibaneis deve tentar alçar voos mais altos em 2022. O chefe do Palácio do Buriti fala abertamente sobre o desejo de conquistar a Presidência da República.