Reitora da UnDF: “Queremos mudar a realidade de jovens que, sem condições, não trabalham nem estudam”

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Da coluna Eixo Capital/Ana Maria Campos

À Queima Roupa

Simone Benck, Reitora pro tempore da Universidade do Distrito Federal (UnDF) Jorge Amaury

“A oferta de educação superior pela universidade distrital privilegiará as localidades do DF e do Entorno de menor acesso à educação superior pública, bem como o aproveitamento de espaços físicos subutilizados pela administração pública”


O governador Ibaneis Rocha sancionou o projeto que cria a UnDF Jorge Amaury. Qual é o propósito de o DF ter uma universidade pública?

A função social da universidade agrega, entre outros princípios, o de sua imprescindibilidade para a promoção de uma sociedade autônoma, que desenvolva a essência de um povo protagonista, promova a consciência social, a criação cultural e científica, a formação profissional e acadêmica, tecnológica por meio da indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão. E isso compete às universidades, e não a outro tipo de instituição. É espaço de transcendência das particularidades, de problematização dos universais, do que orbita no universo. Duas das principais premissas da oferta de educação superior pela UnDF consistem na inserção regional da instituição, mediante atuação multicampi e multiespacial, e no aproveitamento das infraestruturas já instituídas – e ociosas – do Estado. Com isso, a oferta de educação superior pela universidade distrital privilegiará as localidades do DF e do Entorno de menor acesso à educação superior pública, bem como o aproveitamento de espaços físicos subutilizados pela administração pública. Vale destacar que as Escolas Superiores, que compõem o sistema de educação superior pública distrital junto à UnDF, atuam em consonância com tais premissas, operando em diversas localidades do DF: a Escola Superior da Polícia Civil, encontra-se situada no Riacho Fundo II, na edificação destinada à antiga Academia da Polícia Civil; a Escola Superior de Gestão, situada no Setor de Garagens Oficiais Norte – SGON, funciona nas instalações da Escola de Governo do DF; e a Escola Superior de Ciências da Saúde conta com câmpus na Asa Norte e Samambaia.

Como vai funcionar? Terá cotas?

O acesso aos cursos ofertados pela UnDF deverá ser feito por meio de processo seletivo próprio ou por meio de adesão da instituição ao Sistema de Seleção Unificada – Sisu, do Ministério de Educação. A fim de contemplar as diretrizes institucionais de atendimento prioritário a localidades do Distrito Federal e entorno com menor acesso à educação superior pública, bem como de modo a garantir que a oferta pública desse nível de ensino enseje redução de desigualdades no DF, a UnDF pretende atender a toda a legislação de reserva de vagas. Com vistas à garantia da democratização do acesso ao ensino superior público,  ambas as cotas – sociais e raciais – são destacadas como garantias explícitas.

Quais serão os primeiros cursos?

A Lei Complementar nº 987/2021 define em seu Art. 7° que a UnDF poderá atuar em todos os campos do conhecimento, cujas áreas de excelência interessem aos seus programas e projetos, enfatizando Ciências Humanas, Cidadania e Meio Ambiente; Gestão Governamental de Políticas Públicas e de Serviços; Educação e Magistério; Letras, Artes e Línguas Estrangeiras Modernas; Ciências da Natureza e Matemática; Educação Física e Esportes; Segurança Pública e Defesa Social; Engenharias e Áreas Tecnológicas de Setores Produtivos; Arquitetura e Urbanismo; Ciências da Saúde.

Quando teremos as primeiras turmas?

Quanto à oferta de educação superior pela UnDF, a criação e organização dos cursos superiores decorrem do exercício da autonomia didático-científica da universidade, cabendo aos colegiados de ensino e pesquisa o protagonismo nas decisões, por força constitucional. Para subsidiar esses e outros processos decisórios inerentes à implementação da UnDF, a extinta Fundação Universidade Aberta do Distrito Federal – FUNAB vem promovendo uma série de estudos, a fim de garantir que a ampliação da oferta de educação superior pública distrital seja orientada por evidências científicas que informem a demanda regional existente por cursos, assim como os impactos sociais, econômicos, produtivos e educacionais pretendidos com a instalação da universidade.

Ibaneis reservou R$ 200 milhões para os próximos anos. Esses recursos serão suficientes?

O total de recursos a ser investido nesse rol de ações irá variar de acordo com as necessidades de custeio, investimento e de pessoal decorrentes da ampliação de oferta de cursos e vagas.

É mister destacar que no DF, dos 715 mil jovens de 15 a 19 anos, 17,3% estão fora do mercado de trabalho em qualquer modalidade, inclusive emprego informal; estes também não frequentam nenhum tipo de curso como pré-vestibular ou curso profissionalizante. Essa realidade precisa ser transformada e o governador Ibaneis declarou que esta reserva de recurso, a ser disponibilizada ao longo da implementação da UnDF,  trata-se de um investimento decisivo para a qualificação da juventude e dos quadros profissionais do DF.

Como a UnDF vai compor o quadro de servidores e professores?

O Governador Ibaneis, no arrojo e coragem para implantação da UnDF enquanto proposição de efetiva Política de Estado, encaminhou à Câmara Legislativa o projeto de lei referente à criação da carreira de Magistério Superior do Distrito Federal. Após a efetiva autorização pelo Legislativo, o Governo do Distrito Federal promoverá concurso público para preenchimento desses cargos. Trata-se de um princípio constitucional.

A universidade terá interação com outras instituições de ensino e academias do DF?

A UnDF é inerentemente orgânica. Ela decidirá no âmbito de seus coletivos e em conjunto com a sua comunidade acadêmica sobre seu pulsante futuro. Sua lei de criação é muito assertiva em relação às premissas da Universidade do DF e espero, à frente da Reitoria, disponibilizar toda nossa energia e vitalidade na constituição de parcerias honrosas. Um projeto desta envergadura não se constrói isoladamente, sem o contorno de inúmeras iniciativas e de construção coletiva. Até quando a gente pensa que foi escolhida, uma paixão latente nos conduziu. Estou convicta de que a Universidade do Distrito Federal será espaço afortunado à orientação de seus estudantes na realização de seus sonhos e condução de seus projetos.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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