Quatro das obras mais caras da história do Distrito Federal estão citadas nas delações de executivos das Odebrecht. Além do Estádio Nacional Mané Garrincha e do novo Centro Administrativo do Distrito Federal, a construção do Setor Habitacional Jardins Mangueiral e do sistema de transporte do BRT Sul também aparecem nos relatos dos empresários. Juntos, os empreendimentos representam um investimento total de R$ 4,5 bilhões. Os depoimentos prestados no âmbito da delação premiada de executivos da empreiteira foram tornados públicos na última quarta-feira, pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin.
Quase todos projetos mencionados supera a cifra de R$ 1 bilhão. Um deles é a construção do Setor Habitacional Jardins Mangueiral. O empreendimento foi a primeira parceria público-privada habitacional do Brasil. Localizado entre São Sebastião e o Jardim Botânico, o setor destinado a 30 mil habitantes foi licitado em novembro de 2008. As empresas ganhadoras da concorrência pública foram a Odebrecht Realizações Imobiliárias e o Consórcio Vida Nova – grupo formado pela Silco Engenharia, Cidade Jardins Incorporação, Vilela e Carvalho, Soltec, Emplavi e Geológica Consultoria Ambiental.
Em declarações prestadas a procuradores da Força Tarefa da Operação Lava-Jato, o executivo Paul Elie Altit detalhou o pagamento de propina a agentes públicos do GDF. Esses pagamentos estavam associados ao projeto habitacional Jardins Mangueiral. A parceria público-privada teve investimentos de 914 milhões. Segundo o delator, o ex-governador José Roberto Arruda teria cobrado R$ 8 milhões dos empresários para viabilizar o empreendimento.
Paul Elie contou aos investigadores que o empresário Adalberto Valadão, da Soltec, era o intermediário das tratativas. Não há menções a encontros diretos entre Arruda e representantes da Odebrecht. “Esses pagamentos solicitados por Arruda tiveram como contrapartida específica o bom desenvolvimento do projeto, sem qualquer entrave”, contou Paul. Ele entregou aos procuradores comprovantes de pagamento nos valores R$ 318 mil e R$ 180 mil.
O ex-deputado federal e ex-secretário de Habitação Geraldo Magela também é citado. Segundo Paul Altit, Magela teria solicitado recursos para a sua campanha ao Senado, no fim de 2013. O delator garante que o ex-secretário foi beneficiado com R$ 1,4 milhão – parte repassada por Adalberto Valadão e parte com recursos não contabilizados, em espécie. Nessa licitação do Jardins Mangueiral, só houve uma concorrente além do consórcio vencedor: a empresa Via Engenharia. Para Paul Altit, existe a possibilidade de que a empresa tenha entrado no certame de forma combinada, para simular disputa pela parceria público-privada.
O advogado do ex-governador José Roberto Arruda, Paulo Emílio Catta Preta, nega qualquer solicitação de vantagem indevida. “Isso não aconteceu, em absoluto”, afirma. Paulo Emílio diz que a versão de Paul Altit é “inconsistente”. “Ele declara que a licitação ocorreu e posteriormente, já com contrato assinado com consórcio, houve uma reunião das consorciadas com essa pessoa (Adalberto), que teria falado em nome do governador Arruda. O próprio delator afirma também que a mesma pessoa seria intermediária de Geraldo Magela. Tudo é muito sem nexo, há inconsistência nas narrativas”, garante.
O ex-secretário Geraldo Magela disse que teve acesso ao vídeo, mas não ao inteiro teor da investigação. “De qualquer forma, aquelas declarações não correspondem à realidade e meus advogados vão tomar providências”, explicou. O empresário Adalberto Valadão não foi localizado.
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