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Precisamos de renovação, unidade e amplitude, diz presidente do PSB-DF

Publicado em Eixo Capital, GDF

À Queima-Roupa com Rodrigo Dias, presidente do PSB-DF

Por Ana Maria Campos

Qual a sua avaliação sobre o resultado do primeiro turno das eleições municipais em relação ao desempenho do PSB?

Uma vitória expressiva para o nosso partido. O PSB se consolidou como o maior partido de esquerda nas eleições municipais, elegendo 312 prefeitos e tivemos mais de 3,5 milhões de votos. Comparado à última eleição municipal, crescemos e estamos renovando a esquerda com novas e promissoras lideranças, como o prefeito João Campos, que alcançou uma votação recorde em Recife, e Tábata Amaral, que obteve um resultado expressivo em São Paulo.

E das esquerdas em geral?

Mais uma vez, o vencedor das eleições municipais foi o Centrão, impulsionado pelo orçamento secreto e pela captura do orçamento público. Da esquerda, PSB e PT registraram crescimento, o que indica uma recuperação parcial de espaço do campo político progressista. O que vemos, contudo, é um claro estreitamento do cenário partidário: o Centrão se reconfigura e as candidaturas de esquerda eleitas também se concentrando em um número menor de legendas.

Houve uma vitória dos partidos de centro. O eleitor está mais conservador?

As eleições municipais no Brasil historicamente não refletem o cenário das eleições nacionais. O municipalismo brasileiro é tradicionalmente dominado pelo centro, onde ocorre apenas uma troca de atores. Anteriormente, o MDB predominava, mas agora vemos partidos como o PSD ganhando mais espaço. Há uma clara desconexão entre o voto municipal e o nacional. Dito isso, não foram os partidos conservadores de caráter ideológico que ampliaram sua presença.

Qual é o recado das urnas para 2026?

O recado para o campo progressista é claro: precisamos de renovação — na comunicação, nos quadros e na ação política — além de buscar sempre unidade e amplitude. Eduardo Paes e João Campos são bons exemplos disso. A esquerda precisa se reinventar, pois a sociedade mudou e precisamos acompanhar essa transformação. Em muitas pautas, nos tornamos conservadores. Hoje, são muitas vezes os coaches e as lideranças religiosas conservadoras que, enquanto acolhem, alimentam o sonho da prosperidade.

O PSB vai lançar candidato ao GDF?

Temos candidato ao governo: Ricardo Cappelli, que tem se mostrado um quadro preparado e com capacidade de diálogo com diversos setores. Acredito que essa é a mensagem que o PSB/DF quer levar ao nosso campo: a necessidade de renovação, de unidade e amplitude. Como diz o presidente Lula, é essencial saber unir os divergentes para enfrentar os antagônicos.

Muito se fala em possível candidatura do Ricardo Cappelli ou do Valdir Oliveira. São esses nomes?

Vejo que o PSB/DF tem excelentes quadros como a nossa deputada distrital Dayse Amarílio, nosso ex-governador Rodrigo Rollemberg, o próprio Valdir Oliveira — a quem respeito como uma importante liderança —, e novas lideranças que se candidataram a distrital e federal, e essa construção envolverá todas essas figuras. Contudo, o nome que hoje apresentamos para a construção de uma candidatura majoritária é o de Ricardo Cappelli.

Leandro Grass concorreu em 2022 e por pouco não esteve no segundo turno. Ele não seria o candidato natural ao Palácio do Buriti?

Tenho grande respeito por Leandro Grass; mantemos diálogos sempre fraternos e construtivos, e considero legítima a apresentação de seu nome como candidato a uma posição majoritária, sendo ele um quadro político importante para a nossa cidade. O momento, porém, exige que unamos todos esses atores e, por meio de muito diálogo, busquemos construir a unidade do nosso campo. A formação de uma frente ampla tem sido constantemente debatida entre os partidos progressistas do DF. Criamos um Fórum conjunto e realizamos reuniões periódicas para avançar nessa construção.

E o futuro de João Campos, reeleito com expressiva votação? Acredita que ele vai concorrer ao governo de Pernambuco nas próximas eleições?

João Campos é um quadro brilhante e uma grande esperança da política brasileira. O caminho natural é ser governador de Pernambuco e o sonho do PSB é que ele seja presidente da República.