Coluna Eixo Capital, por Carlos Alexandre de Souza
A cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal passou por um prova de fogo nesta semana. Após as manifestações no Sete de Setembro ocorrerem sem maiores incidentes, o comando se manterá firme à frente da corporação. A PM foi pressionada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e pelo Ministério Público Militar. O primeiro queria garantir a presença de Jair Bolsonaro em segurança na Esplanada dos Ministérios; o segundo, que os policiais não fossem de forma alguma coniventes com a manifestação. Então, a tropa não podia ser truculenta nem flexível demais.
Alto risco
Se atendesse totalmente os bolsonaristas, a corporação seria acusada de atuar politicamente. Mas, se impedisse com cassetete e tiro a invasão de manifestantes e caminhões na noite de segunda-feira, a instituição teria o presidente como inimigo, que, provavelmente, exigiria do governador Ibaneis Rocha a demissão do comando-geral.
Melhor tática
Ibaneis mantém uma relação cautelosa com Bolsonaro, pois precisa receber do Ministério da Saúde doses de vacina para concluir a imunização da população de capital federal. Então, a cúpula da PM estava numa posição vulnerável politicamente. Para sair da saia justa, agiu de maneira a evitar danos maiores em uma situação com potencial explosivo. A liberação da Esplanada para os manifestantes, na noite de segunda-feira, foi uma decisão de risco calculado.
Alívio na corporação
A ordem do comando da PM para tropa era preservar a Praças dos Poderes, principalmente o prédio do STF, sem que nenhum tiro fosse dado. Missão cumprida. Na tarde de ontem, o clima na corporação era de alívio e celebração por não ter ocorrido caso grave algum na manifestações pró e contra Bolsonaro, sem dar motivos para o MP apontar qualquer relaxamento operacional.
De volta à vida real
A Comissão Temporária da Covid-19 promove hoje uma audiência pública, com participação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Um dos pontos debatidos é o Plano Nacional de Imunização. Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde elogiou a campanha de vacinação no Brasil. Mais de 60% da população brasileira já recebeu ao menos a primeira dose de imunização.
Riqueza nacional
Na próxima sexta-feira, uma audiência pública na Câmara dos Deputados debate a situação do patrimônio cultural imaterial brasileiro. A pedido das deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ), o encontro pretende discutir a crise dos bens culturais do país, notadamente das culturas negra e indígena. Outro tema abordado será a extinção do Conselho Nacional de Política Cultural. O Brasil tem cinco manifestações culturais reconhecidas pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade: samba de roda do Recôncavo Baiano, arte Kusiwa e Wajãpi, frevo, círio de Nazaré e Roda de Capoieira.
Joias do DF
Na semana passada, a Câmara Legislativa também realizou audiência pública para debater o patrimônio material e imaterial do DF. Recuperação de áreas históricas fora do Plano Piloto, estímulo à economia criativa para geração de empregos, valorização da diversidade cultural brasiliense foram alguns dos temas debatidos. Um dos pontos importantes na defesa da cultura local é a criação da Fundação de Patrimônio Cultural do DF, prevista na lei complementar 933.
Paz nas ruas
A atuação da Polícia Militar brasiliense também agradou na Câmara Legislativa. “Parabéns às forças de segurança do DF pelo alto nível de competência e trabalho neste 7/9! Nossos agentes garantiram a liberdade de manifestação e asseguraram que tudo ocorresse de forma pacífica, segura e ordeira para todos”, escreveu a distrital Júlia Lucy (Novo).
Só turbulências
A senadora Leila Barros (Cidadania-DF) criticou os atos comandados pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo ela, o chefe do Executivo deveria se dedicar a questões mais urgentes. “Lamentavelmente, o presidente da República tem abdicado de procurar soluções para os problemas do país e ele próprio passou a ser um gerador de problemas e turbulências. Hoje, em pronunciamentos públicos em Brasília e em São Paulo, ele voltou a se comportar de forma antidemocrática e incendiária”, disse.