Ana Viriato
A aliança entre a regional do PDT e o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) chegou ao fim. Após uma reunião de cerca de duas horas, a sigla anunciou, na noite desta terça-feira (10/10), que coloca à disposição do chefe do Palácio do Buriti os cargos preenchidos por indicações políticas e a adoção de uma postura independente.
A tendência é que, frente a ofensiva, o comandante do Executivo local exonere os comissionados apontados pelos pedetistas.
Segundo o presidente regional do partido, Georges Michel, a decisão deve-se à dificuldade de diálogo com Rollemberg, além de falhas na gestão.
O movimento evidencia as pretensões do partido quanto ao próximo pleito. A sigla trabalha para emplacar um candidato próprio ao Palácio do Buriti. Os nomes do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e do ex-secretário de saúde Jofran Frejat (PR), caso ele se filie ao PDT, são cotados para a disputa.
Participaram da reunião da Executiva Regional do PDT, nesta terça-feira, o presidente da sigla no DF, Georges Michel; o vice-presidente, Fábio Barcelos; os distritais Joe Valle e Reginaldo Veras; o secretário de Trabalho e Empreendedorismo, Thiago Jarjour; e outros 25 nomes da legenda.
Relações estremecidas
A coalizão entre as regionais do PSB e do PDT está estremecida desde meados de 2016. À época, o governador escolheu apoiar a candidatura de Agaciel Maia (PR) à presidência da Câmara Legislativa, em vez da de Joe Valle. Por critérios de desempate, o pedetista venceu a disputa à contragosto de Rollemberg.
Um episódio recente colocou ainda mais lenha na fogueira. Rodrigo Rollemberg exonerou dezenas de comissionados de Reginaldo Veras, após o distrital anunciar posição contrária à reforma da Previdência, aposta do Executivo local para tirar os caixas do DF do vermelho.
Desde então as duas siglas tem trocado farpas. Enquanto integrantes do PDT classificam o ato como “velha política”, Rodrigo Rollemberg pontua que o movimento se justifica, uma vez que “não dá para ser aliado pela metade”.
Rompimentos em massa
Um dos maiores desafios do governador para tentar a reeleição em 2018 será reformular a base aliada. Ao longo de quase três anos de gestão, Rodrigo Rollemberg teve de lidar com rupturas de muitos políticos que outrora o apoiaram devido à coalizão com PDT, PSD e Solidariedade.
Eleitos pelo PDT, Celina Leão e Cristovam Buarque desembarcaram da legenda para se filiarem ao PPS em fevereiro de 2015. À época, a distrital adotou um posicionamento de oposição contra Rodrigo Rollemberg. O senador, por sua vez, levou mais tempo e anunciou o rompimento apenas em fevereiro de 2016. De acordo com os dois, o comandante do Palácio do Buriti erra ao ouvir pouco.
Outra perda é a do senador Reguffe (sem partido). Cotado para a disputa ao Palácio do Buriti em 2014, ele desistiu da candidatura e decidiu apoiar Rodrigo Rollemberg à época. Entretanto, com o passar dos anos, a relação dos dois se deteriorou. O senador adotou uma posição independente aos desejos do ex-partido PDT e deixou a legenda, integrante da coligação que elegeu o chefe do Executivo local. Além disso, segundo Reguffe, o governador não cumpriu compromissos de campanha, como reduzir impostos, isentar de tributos uma cesta de medicamentos essenciais e reduzir em 60% os cargos comissionados.
O PSD, do vice-governador Renato Santana e do deputado federal Rogério Rosso, também ensaia o desembarque da base aliada. O partido espera voar solo em 2018.
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