Operação Panoptes: Polícia Civil prende nova “Máfia dos Concursos”

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ANA MARIA CAMPOS

A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) deflagra nesta manhã (21/08) a Operação Panoptes que apura esquemas de fraudes em concursos públicos do Distrito Federal ocorridas pelo menos nos últimos cinco anos. A suspeita é de que uma nova máfia esteja atuando na capital do país, recebendo dinheiro para garantir vagas em órgãos públicos e prejudicando quem se dedica para conquistar com mérito próprio um emprego estável.

Os policiais civis cumprem quatro mandados de prisão preventiva de suspeitos de integrarem a organização criminosa, que organizavam a fraude e aliciavam candidatos. Os presos são:  Helio Garcia Ortiz,  Bruno de Castro Garcia Ortiz,  Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias. Líder da Máfia dos Concursos descoberta há 11 anos, Ortiz voltou a atuar. Ele e o filho, Bruno Ortiz, foram presos em 2005 na Operação Galileu.

A Justiça também autorizou a execução de 16 mandados de condução coercitiva para depoimentos de pessoas que teriam comprado vaga em concursos e 12 de busca e apreensão em endereços de investigados. Os mandados foram expedidos pela Vara Criminal de Águas Claras. A Deco iniciou as investigações a partir de denúncias de irregularidades no concurso para o Corpo de Bombeiros do DF há três meses. Duas pessoas que tentavam fraudar a prova foram identificadas. Assim, a investigação desvendou modalidades adotadas para driblar a concorrência cada vez elevada para a seleção de interessados em ingressar no serviço público.

A equipe da Deco encontrou quatro tipos de trapaças recorrentes: a utilização de ponto eletrônico para receber o gabarito; o uso de aparelhos celulares deixados em alguma parte do local da prova, geralmente no banheiro, para a obtenção das respostas; o emprego de identidade falsa para que uma pessoa se passe pelo candidato; e a quarta, considerada mais grave, consiste na participação de integrantes das próprias bancas examinadoras nas fraudes.

Mitologia

Panoptes, o nome da operação, é uma referência ao monstro gigante da mitologia grega que tinha cem olhos. “A ideia é que seriam necessários cem olhos para conseguir enxergar e fiscalizar todos esses concursos que estão sendo fraudados porque são muitos”, explica o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente.

Quando aliciava os candidatos, a quadrilha nem exigia que o concorrente tivesse nível superior. Se o interessado quisesse uma vaga em concurso e não tivesse graduação, a organização criminosa providenciava também um diploma. Entre os suspeitos, Johann Gutemberg é proprietário de uma faculdade, o Instituto Nacional de Ensino Especial, que estaria envolvido nas duas fases da fraude. A instituição, que funciona em Taguatinga, também será alvo de busca e apreensão.

Um dos investigados era porteiro do prédio onde funciona o escritório dos cabeças da organização criminosa. Ele foi cooptado para ajudar a aliciar candidatos que quisessem comprar vagas no funcionalismo público. Depois de fazer isso durante um bom tempo, ele recebeu como recompensa a aprovação em concurso da Secretaria de Educação.

Parte do esquema funciona hoje no mesmo modus operandi da chamada “Máfia dos Concursos”, descoberta em 2005 também pela Deco na Operação Galileu. Para participar da Operação Panoptes, o comando da Polícia Civil escalou  10 escrivães, 25 delegados e 150 agentes, incluindo operações especiais e helicóptero.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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Ana Maria Campos
Tags: concurso público Deco fraude Máfia dos Concursos Operação Panoptes polícia Polícia Civil do DF

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