Helena Mader
Nove candidatos à Presidência da República terão palanque no Distrito Federal graças às coligações formadas para a disputa ao Palácio do Buriti. Os principais concorrentes ao Palácio do Planalto contarão com espaço na capital federal para pedir votos e divulgar propostas. Há casos de postulantes à Presidência que terão mais de um palanque e de aspirantes ao governo local que pedirão voto para mais de um político na corrida presidencial. Outros preferiram ficar neutros, o que abre a possibilidade para negociações nas próximas semanas.
É o caso da chapa encabeçada pela ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros). A candidatura da ex-parlamentar ao GDF reuniu sete partidos. Além da legenda de Eliana, a coligação conta com o apoio de PTB, PMN, PMB, PTC, Patriota e PHS. Entre as siglas, só o Patriota tem candidato à Presidência da República — o deputado federal Cabo Daciolo (RJ). O concorrente a vice-governador do grupo, Alírio Neto (PTB), explica que se optou pela neutralidade. “Estamos livres nesse sentido, podemos receber qualquer candidato à Presidência. Isso ainda será analisado”, argumentou o ex-presidente da Câmara Legislativa. Alírio garante que ainda não escolheu um dos postulantes ao Planalto, o que também contribuiu para a decisão. “Não tenho candidato ainda. Só consigo fazer política quando acredito na causa e, até agora, ninguém ainda me encantou”, garante.
O grupo de Eliana, entretanto, tentou atrair o PDT no DF oferecendo palanque a Ciro Gomes. Essa era uma das propostas nas negociações pelo apoio dos pedetistas, além da possibilidade de eleger um deputado federal. Mas, depois de semanas de mistério, o PDT anunciou, na última segunda-feira, que apoiará a reeleição de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Grato pelo apoio, o governador participou da oficialização da chapa de Ciro e elogiou o ex-ministro da Fazenda. Rollemberg, no entanto, integra uma coligação formada, ainda, pelo PV e pela Rede, que dão suporte à candidata Marina Silva (Rede). Ele participou da convenção da sigla e cumprimentou a ex-ministra do Meio Ambiente. Segundo o governador, o palanque dele será duplo. “O Ciro é um gestor experiente, que representa muitos valores para a política brasileira. Mas é importante registrar que, em uma chapa múltipla, onde temos um candidato a vice-governador do PV (Eduardo Brandão) e um senador da Rede (Chico Leite), é normal e natural que a candidata encontre abrigo quando vier fazer campanha em Brasília”, disse Rollemberg, em menção a Marina Silva.
O deputado federal Rogério Rosso (PSD), candidato ao governo em uma coligação que reúne PPS, PRB, Podemos, Solidariedade e PSC, anunciou apoio à candidatura de Alvaro Dias, do Podemos, à Presidência da República. Havia uma expectativa de que o parlamentar caminhasse ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB), mas ele surpreendeu e optou pelo ex-senador.
Durante o anúncio, o parlamentar explicou que a opção ocorreu por afinidades em questões de programa de governo e pela garantia de que, caso eleito, o presidenciável do Podemos trará recursos para o DF nas áreas da saúde, educação e segurança pública. “Alvaro Dias comprometeu-se a enterrar a reforma da Previdência e a fazer a reforma tributária para o país voltar a ser competitivo”, justificou Rosso, no anúncio do apoio ao candidato do Podemos. Na ocasião, o deputado do PSD negou que a opção por Alvaro Dias tenha relação com a decisão de Alckmin de apoiar a candidatura de Alberto Fraga (DEM) ao Palácio do Buriti.
Alberto Fraga, líder da bancada da bala que se declarava eleitor de Jair Bolsonaro (PSL), mudou de rumos e, na semana passada, garantiu que seguirá as orientações partidárias e fará campanha para o candidato tucano ao Palácio do Planalto. O acerto entre Fraga e Geraldo Alckmin foi selado na convenção nacional do DEM. Nacionalmente, os dois partidos estarão juntos.
Jair Bolsonaro terá ao menos um palanque no Distrito Federal: o general Paulo Chagas (PRP) fará campanha ao governo local com o apelo de ser defensor do deputado federal do PSL. Nacionalmente, os dois partidos não estão unidos, mas Chagas garante que isso não será empecilho. “O PRP de Brasília é 100% Bolsonaro. Estamos com liberdade total para apoiá-lo”, diz o representante do PRP.
O candidato do MDB, Ibaneis Rocha, lidera a lista de concorrentes com mais inserções na propaganda eleitoral gratuita na tevê e no rádio graças à coligação formada por Avante, PP, PPL e PSL. Apesar de o partido dele ter candidato à Presidência — o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles —, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF) não decidiu se dará palanque ao correligionário. “Vamos fazer uma reunião com todos os presidentes de partidos para tratar desse assunto. Temos outras legendas com candidatos ao Planalto, como o PPL, de João Goulart Filho”, explicou Ibaneis. Além disso, o advogado explica que tem diferenças ideológicas com Meirelles. “Temos pontos de divergências, especialmente pela minha história de vida, como o tratamento aos servidores públicos”, acrescentou o concorrente do MDB.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá dois palanques na capital federal. Apesar de estar preso desde abril, após ser condenado em segunda instância na Operação Lava Jato, Lula terá espaço na cidade. O candidato do PT ao Palácio do Buriti, Júlio Miragaya, conta que a campanha será um palanque de desagravo ao ex-presidente. “Vamos fazer o registro da candidatura de Lula no dia 15, e a nossa expectativa é de que ele seja solto”, comenta. Para Miragaya, o fato de o correligionário estar preso não atrapalha a campanha. “Lula é a pessoa mais conhecida de todo o Brasil”, justifica.
O PCO também dará palanque para Lula. O partido tem candidato próprio ao Palácio do Buriti, Renan Rosa. Mas, nacionalmente, a sigla apoia o PT. “A nossa campanha e de todo o PCO, nacionalmente, é pela liberdade do Lula. Os comícios e reuniões que fizermos em Brasília serão nesse sentido”, afirma Gilson Vasconcelos Dobbin, candidato a vice-governador da chapa do PCO no DF.
Outros dois partidos de esquerda terão candidatos próprios à Presidência, com palanques no Distrito Federal. O PSol, da candidata ao GDF Fátima de Sousa, lançou Guilherme Boulos para a disputa ao Palácio do Planalto. O PSTU registrou a candidatura de Antônio Guillen ao Buriti, que servirá como palanque para a representante nacional da sigla, Vera Lúcia.
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